Música

A Diskotopia Produz Future Bass Abaixo de Zero

Nome: Diskotopia
Vibe: Grime provocador, future bass e funk em baixas temperaturas
Fundado em: 2005
Localização: Tóquio
Porque serão famosos: O grime mais grime que já pisou em Tóquio
Últimos lançamentos: Nitriding Portrait, álbum de estreia do A Taut Line (projeto do Matt Lyne, um dos fundadores), BD1982 & A Taut Line, segundo release da dupla de cofundadores do selo (BD1982 é o Brian Durr e mora no Japão)
Em números: 20 releases
Artistas para acompanhar: Rabit, BD1982, A Taut Line.


Donos do selo Diskotopia BD1982 (esquerda) e A Taut Line (direita)

O que são?
Diskotopia é um selo de Tóquio comandado por três artistas que estão à frente do lado mais sombrio, e, porque não, dançante da música eletrônica: o nativo DJ Am Rhein e os dois amigos BD1982 e A Taut Line. Recentemente eles pegaram o grime, que originou-se em Londres uma década atrás, e o lançaram no espaço, com produções que desafiam a gravidade e flertam perigosamente com o caos total.

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Arte do EP do Rabit  Sun Showers, lançado no ano passado pela Diskotopia.

Em outubro o selo lançou o Sun Showers EP, do Rabit, produtor de grime de Houston. Ouvir esse álbum é como fazer um tour pelo Google Maps em um posto abandonado nos confins do espaço, enquanto imagens pixeladas de guerreiros Zulu ou bateristas Taiko invadem a tela. Se isso soa muito intenso, a Things That Fade do Green Linez é uma animada opção do ano passado que revisita o funk dos sintetizadores dos anos 80 de forma esplêndida. Para saber um pouco mais sobre o selo e como anda a cena por lá, batemos um papo com os donos.

THUMP: Expliquem o nome Diskotopia
A Taut Line: Nós surgimos com o nome em 2005, para os eventos que fazíamos em Osaka. Era uma péssima piada com “distopia”, mas acabou funcionando.

BD1982: Matt e Megumi fundaram Diskotopia e criaram o nome, mas eu explicaria como uma maneira de sintetizar a forma sem limites com a qual o selo cuida de suas produções. Claro que existe um som “Diskotopia”, mas é algo quase intangível nesse ponto e sempre foi. Isso definitivamente fica claro em qualquer evento que o selo participa, assim como nas gravações, que vão de boogie funk ao house ao grime e até o  jazz.

Como anda a cena eletrônica em Tóquio?
B: Eu recentemente voltei para os Estados Unidos depois de ficar um tempo no Japão, então tô bem por fora pra falar a verdade.

A: A cena dos clubes em Japão tomou uma porrada recentemente com a repressão policial repentina baseada em uma lei antiga, que diz que não pode existir dança em clubes e bares, a não ser que tenham uma licença apra isso, e, mesmo assim, fazer festa após uma hora da manhã é totalmente proibido. Devido às batidas policiais, muitos clubes foram fechando aos pouco,s principalmente em Osaka, onde a cena foi totalmente destruída por causa disso. Tóquio não é excessão. Apesar disso, ainda existem alguns eventos esparsos que promovem diferentes gêneros aqui ou ali na cidade, e dá pra encontrar uns artistas locais bem legais. Mas a quantidade de grandes clubes que ainda estão abertos vem diminuindo, o que é algo bem sombrio de se ver. Eventos pequenos em locais diferentes e interessantes são definitivamente as coisas mais excitantes acontecendo agora, e eu acho que o futuro (pelo menos o mais próximo) da cena musical em Tóquio vai sobreviver em cima desses eventos.

Qual seu selo favorito, sem ser o de vocês?
B: Werkdiscs tem sido o meu favorito já faz algum tempo. O Actress pode fazer qualquer coisa errada, a meu ver e o último album do Lukid é incrível. O single do Moire que saiu em 2013 também é algo que tenho ouvido bastante, é realmente impressionante.
A: Sim, a Werkdiscs é definitivamente uma favorita minha, amo tudo que eles lançam. É ótimo ver uma gravadora ter tanto controle sobre sua consistência. Também sou um enorme fã da Modern Love por alguns anos já, sempre confiro seus lançamentos.

Mais uma coisa?
B: Obrigado a todo mundo que tem apoiado a Diskotopia desde o primeiro dia. É muito encorajador ter o apoio de colegas respeitados e fãs que apreciam nossa visão do que é música inovadora e de qualidade.

A: É definitivamente difícil comandar uma gravadora hoje em dia devido a enorme quantidade de música que tem surgido (sejam novos lançamentos ou reimpressões) e novas gravadoras aparecem todos os dias. No entanto, estamos conseguindo fazer o que queremos, estamos muito felizes com o apoio crescente que temos recebido nos últimos anos. Somos realmente sortudos também por ter a oportunidade de trabalhar com artistas talentosos e construir laços com eles, em especial o Mau’lin, que tivemos a sorte de trabalhar num segundo album completo juntos.

Matt McDonald faz filmes e é um jornalista de Chicago.– @BASEDGODard