DLIP Records
Soundtrack to the Bed Town
Soundtrack to the Bed Town
boombap rap
beatmaker
boombap
Representar a cidade com orgulho e aparecer nos vídeos a segurar no saco é fácil, mas nem sempre toda essa atitude se reflecte em música merecedora de escutas repetidas. Felizmente não é de todo esse o caso da DLIP Records, que, ao lançar os dois álbuns dos Dinary Delta Force — Soundtrack to the Bed Town e The 9 —, praticamente assegura o respect de alguém que aprecie verdadeiro hip-hop. Ambos os discos são dotados de uma consistência típica da golden age (percebe-se que esta rapaziada ouviu muito do melhor boombap), além de que os 4 MCs (
Rhyme Boya, Dusty Husky, Cally Walter e Matsuri SP
) que formam os DDF nunca se atropelam nos estilos e oferecem diferentes características ao show lírico. Com uma força e uma regularidade praticamente equivalentes, os Blahrmy são apenas dois (
Sheef the 3rd e Miles Word), mas em nada mais fracos que os seus comparsas (o mais recente EP DMV2 — Tools of the Trade aí está para prová-lo). De novo chamado à fala, DJ Farmy encontra as melhores comparações para descrever os nomes em causa: “Os Dinary Delta Force serão os Black Moon japoneses, enquanto os Blahrmy ficam mais próximos de corresponderem aos nossos Smif-N-Wessun”. Sabes tanto, meu boy.
As comparações ganham balanço na conversa e a partir daqui não é despropositado referir que os beats jazzy, embora incisivos e duros, de Nagmatic provêm de uma escola que só lhe pode ter sido ensinada por Pete Rock, DJ Premier e porque não Lord Finesse. DJ Farmy the Diesel desfaz-se em elogios ao seu congénere: “O Nagmatic tem produzido a maioria das malhas da DLIP Records – é claramente ele a força da natureza que alimenta a label. O seu álbum de estreia, 1on1 – Dlippin’ Da Knockout Stage, inclui um monte de convidados internacionais, entre os quais estão
Smoothe Da Hustler, Blaq Poet, Big Shug, O.C, Edo.g e Torae. A sua vontade era trabalhar com todas estas lendas do hip-hop, também de modo a levar o seu nome um pouco por todo o mundo. Adoro todas as faixas deste álbum, mas acho que Soundtrack to the Bed Town, o disco dos DDF que produziu por inteiro, foi um verdadeiro abanão no hip-hop japonês”.
No final, ainda lhe enviei o link de “Drunfos”, do Halloween, para tentar saber a sua opinião, mas fiquei sem resposta. Não era assim tão necessária, na verdade, porque o intercâmbio já estava consumado a partir do momento em que este precioso pedaço do hip-hop japonês aqui surge para ser usufruído.