A evolução dos cortes chavosos

cortes chavosos

Há dois anos, a VICE colou numa ruazinha estreita em Guaianazes, zona leste de São Paulo, onde o Vinicius Rodrigues, 23, apresentou com maestria a arte de seus cortes chavosos. Em 2015, fazia apenas alguns meses que o babeiro havia dados os primeiros passos na profissão. “Acho que melhorei bastante, naquela época eu tava engatinhando”, relembra.

Mandando aquele corte. Foto: Larissa Zaidan/VICE

De lá pra cá, a Bom de Corte ficou conhecida por uma galera de outros bairros (“Uns caras de Perdizes já me chamaram para cortar o cabelo deles”). O Vini expandiu a ideia de fazer trampo voluntário com a molecada que não tem grana pra aparar o cabelo, fez um corte chavoso no cabelo do Mano Brown e jogou altos videogames com ele e teve até gringo famoso do ramo mandando mensagem querendo conhecer seu trabalho.

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Vinicius Rodrigues, dono da Bom de Corte. Foto: Larissa Zaidan/VICE

No dia 21 de abril, a barbearia ganhou casinha nova. No mesmo bairro, uma rua pro lado, mas num espaço maior. Rolou festa de inauguração e, sim, nós fomos convidados. Não era nem 10h quando pipocou no meu celular mensagem do Vinicius com as fotos da nova Bom de Corte já lotada de gente.

Fila de espera do salão. Foto: Larissa Zaidan/VICE

Subindo uma escada escura em formato de caracol, dei de cara com um pico de um cômodo só todo pintado de laranja e preto. O chão combinava com as capas, todas xadrez preto e branco. Tudo aprontado pra fiel clientela da barbearia. Na TV, passava o clipe do MC Kevinho, “Explosão” (diria que no volume máximo), que depois foi substituído por uma playlist do Racionais MC’s.

Ele esperou quatro horas pra ser atendido!! Foto: Larissa Zaidan/VICE

Bolo de cenoura com cobertura de chocolate, refri, cerveja, whisky e energético. Assim fui recebida logo cedo pra conhecer o novo cantinho que abrigará os cortes mais amados pela molecada do bairro. “Eu tô virado faz uns dois dias por conta da organização da inauguração, nem comi nada até agora”, me confidencia Vinicius. Dava pra entender o motivo, já que a extensa fila de gente pra cortar o cabelo com ele quase já nem cabia mais no salão. Um dos meninos, inclusive, contou que fazia cerca de quatro horas que ele estava esperando pra customizar seu cabelo. Mesmo assim, ele não parecia se importar muito, a fila era parte integrante do rolê.

O corte ficou lindão. Foto: Larissa Zaidan/VICE

Umas 16h, o salão já não era suficiente pra quantidade de clientes que chegavam. Lembrei que o Vini havia dito há uns dias que depois de um certo horário, a molecada ia se reunir pra, além de cortar o cabelo, curtir um som e estender pro resto da noite.

Narguilé até umas horas. Foto: Larissa Zaidan/VICE

Tinha até carro de som. Foto: Larissa Zaidan/VICE

Logo, a rua foi tomada também pela galera, que sacou seus narguilés, abriu o porta-mala de um carro de som e se muniu de seus gorós preferidos: whisky e energético. “Quer tomar umas com a gente?”, me perguntou um dos meninos. Eu não podia naquele dia, mas a sensação de que o fluxo estava só começando me deu a impressão de que a Bom de Corte continuará trilhando um caminho bem massa nas preciosas mãos do Vinicius.

Mais fotos de Larissa Zaidan no seu Instagram.

Molecada reunida. Foto: Larissa Zaidan/VICE

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