Este artigo foi originalmente publicado na VICE US.
A Marvel Studios está focada em continuar a fazer história. Depois do sucesso estrondoso de Black Panther e do primeiro filme com uma super-heroína como personagem principal, Captain Marvel, que chegou aos cinemas este mês, há agora rumores de que pode vir a ser quebrada uma outra barreira: um filme com o primeiro super-herói gay assumido, The Eternals, em 2020. De acordo com o That Hashtag Show, uma fonte anónima da Marvel revelou que estão à procura de um actor gay assumido, de qualquer etnia, para interpretar o papel.
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Como parte do esforço da Marvel para criar potenciais franchises, The Eternals vai apresentar-nos um grupo menos conhecido de super-heróis das bandas-desenhadas de Jack Kirby’s, de 1970, que são seres metade-humanos e metade-imortais, criados por entidades divinas conhecidas como Celestials, há cinco milhões de anos. A Marvel está à procura de alguém entre os 30 e os 49 anos, que tenha o look perfeito para o papel, segundo relata o That Hashtag Show, o que significa, basicamente, que o primeiro gay Marvel vai ser um “zaddy” musculado. Visto que nenhum dos personagens originais em The Eternals era gay, está por esclarecer se a ideia será criar um novo ou mudar um já existente, explica o artigo.
Vê: “Onde estão os super-heróis negros?“
Apesar de a Marvel ter uns quantos personagens queer nas suas bandas-desenhadas, como Mystique, dos X-Men, ou America Chavez, de Young Avengers, a sua sexualidade ainda está por aparecer no grande ecrã. Ao que parece, o director da Marvel Studios, Kevin Feige, anda de olho nisto há já algum tempo. No ano passado, disse numa entrevista à The Playlist que estavam a trabalhar para apresentar duas novas histórias queer, uma para uma persongem já existente e outra para uma nova.
Seria um grande passo para o filme introduzir um romance queer, visto que a Marvel já esteve no centro de algumas controvérsias por ter cortado cenas românticas queer. Valkyrie do filme Thor: Ragnarok, de 2017, a personagem interpretada por Tessa Thompson, é bissexual, mas segundo contou a actriz ao The Independent, a única cena que aludia à sua sexualidade foi cortada do filme. Também Black Panther recebeu críticas da comunidade LGBTQ por ter criado uma comunidade negra ficcional sem pessoas queer e por ter cortado uma cena com uma certa vibe de engate queer entre Okoye e Ayo. E não nos podemos esquecer de quando o público ficou desapontado pelo super-herói pansexual de Deadpool, que era suposto ser mais arrojado e direccionado a adultos, não ter nenhuma cena que aludisse à sua sexualidade no primeiro filme e apenas algumas piadas sobre o assunto na sequela.
Para além da história do filme, se The Eternals encontrar um actor assumidamente gay para interpretar o seu primeiro super-herói homossexual, daria força a um debate que tem estado latente na indústria desde que o actor heterossexual Darren Criss foi manchete, em Dezembro, quando anunciou que não interpretaria mais papéis homossexuais por não querer ser “mais um gajo hetero a tirar papéis a um gay”. Ele conseguiu grandes papéis gay depois de interpretar Blaine Anderson em Glee, Blaine. Mas, a sua opinião ainda está longe de ser a norma na indústria, como se viu nos Óscares deste ano, em que a Academia premiou actores heterossexuais pelos seus papéis como homens gay, como foi o caso de Rami Malek pelo seu papel como Freddie Mercury, em Bohemian Rhapsody e Mahershala Ali, que interpretou o pianista homossexual Don Shirley, em Green Book.
Quer a Marvel encontre ou não o actor gay que anda à procura, o seu primeiro super-herói homossexual vai gerar furor. Depois de anos sem personagens queer e depois de cortes suspeitos de cenas queer, o público está ansioso por ver os filmes Marvel a igualarem os livros. Os livros foram mais rápidos no progresso, com a Marvel a introduzir o primeiro super-herói gay em 1992 e a casá-lo em 2012, inspirando-se na lei que legalizou o casamento homossexual em Nova Iorque no ano anterior. “As nossas bandas-desenhadas sempre foram melhores no que toca a responder e representar o desenvolvimento do Mundo real”, salientou o editor-chefe, Axel Alonso, à Rolling Stone na altura. “Eles vivem a vida nos seus próprios termos. O que importa nas nossas banda-desenhadas não é o facto de se ser super-herói; a mensagem é sempre a mesma: tu podes fazer o mesmo”.
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