A perigosa vida dos trabalhadores da construção civil nos prédios do Camboja

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE US .

A indústria da construção civil no Camboja passa por uma explosão, mas a vida dos trabalhadores é perigosa. Sem equipamentos de segurança, regulamentações ou relatórios de incidentes, os pedreiros são tratados como maquinário substituível. Todo mês há uma nova história sobre alguém que despencou rumo à morte. E como inspeções do governo não são exatamente rotina, o setor acaba regulando a si próprio.

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Entrei em contato com os trabalhadores da construção civil do Camboja pela primeira vez em Phnom Penh, enquanto trabalhava para um jornal local em 2014. Venho fotografando os pedreiros desde então, enquanto os prédios continuam a subir. Conheci famílias inteiras que moram em canteiros de obras, confinadas a barracos apertados construídos com madeira dispensada. Conheci gente trabalhando a 11 andares do chão sem cinturão de segurança, sem capacete e usando apenas chinelos. Eles arriscam a vida todo dia para sustentar a família ou pagar dívidas.

O grupo norte-americano de direitos trabalhistas Solidarity Center estima que a mão de obra do setor de construção civil no Camboja conta com 300 mil pessoas, com um salário médio de cerca de $7 [cerca de R$ 21] por dia para trabalhadores sem experiência. O grupo teme que seja preciso um grande acidente para apressar as mudanças necessárias. Um acidente assim provavelmente é inevitável com a explosão de construção de prédios no país.

“Até algo realmente feio acontecer, é difícil esperar progresso”, diz o diretor do Solidarity Center William Conklin. “Seria preciso um grande acidente num canteiro de obras, com muitas vidas perdidas, e mesmo assim, não sei se as mudanças se sustentariam. É muito triste ter que dizer isso.”

Tradução do inglês por Marina Schnoor.


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