Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.
Na noite de Passagem de Ano, centenas de homens, mulheres, pessoas transgénero e não-binárias, participaram numa festa de celebração das últimas horas da Man’s Country, uma sauna de Chicago, aberta desde 1973 e um dos pontos de referência da América queer.
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Apropriadamente chamada “Loose Ends“, o evento de encerramento do espaço foi meio funeral, meio renascimento, mas, no seu todo, uma espécie de fúria hedonística. Os convidados dançaram, engataram, beberam, acarinharam, alucinaram, aproveitaram a sauna, claro, e prestaram homenagem ao espaço até às 11 da manhã do dia 1 de Janeiro de 2018. Foi, ao mesmo tempo, um regresso aos tempos áureos do Man’s Country, antes de a Internet tornar muitas saunas obsoletas, e uma espreitadela ao que poderia ter sido se tivessem feito mais eventos como este, em que equilibraram a “imoralidade” com a sociabilidade e construíram um espaço apelativo para outras pessoas que não apenas a geração gay mais velha, para quem em tempos foi uma autêntica meca.
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A Man’s Country mostrava a sua história nas paredes, através de retratos de clientes famosos, homens sem roupa e obras artísticas por todo o lado, lembrando aos visitantes que não estavam numa qualquer sauna sóbria e sem graça. Na cave (também conhecida como “O Poço”), uma sauna enorme – em tempos tida como a maior do Midwest -, com chuveiros e balneário, foi desenhada à imagem das catacumbas parisienses.
No passado, uma parte do Man’s Country foi transformado numa discoteca chamada Bistro Too, onde actuaram artistas como Boy George, Divine, e muitas estrelas disco, afastando o foco central do espaço sobre o sexo numa época dominada pela crise da SIDA. Foi também o espaço anfitrião de um “leather bar” chamado Chicago Eagle, um dos muitos contributos que o seu fundador, Chuck Renslow, deu à comunidade “leather”.
Com a morte de Renslow em 2016 – depois de anos a fio sem que o Man’s Country desse qualquer lucro – o fim parecia inevitável. Os donos colocaram todo o edifício e o seu recheio à venda, desde os elementos arquitecturais, às obras de arte a às bolas de espelhos que durante décadas foram um símbolo das suas pistas de dança.
Antes do grande final, a VICE enviou a fotógrafa Brittany Sowacke para uma última visita ao espaço, de forma a captar o ambiente que o tornou charmoso, essencial e único. O tipo de ambiente que cada vez mais está ausente dos locais LGBTQ antissépticos de hoje em dia.
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