Fotos de lendárias pílulas de ecstasy dos últimos 20 anos

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Todas as fotos por Raymond Van Mil.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE Holanda .

Quando um raver está parado numa pista ensebada, entre uma horda suada e pálida de gente dançando, prestes a morder a metade de uma pílula, provavelmente ele não está pensando na rica história do que está prestes a engolir. Ele só quer sentir o barato o mais rápido possível, o que significa que não tem tempo para ponderar sobre como os aspectos de fabricação de outras gerações de pílulas de ecstasy levaram àquela que ele está prestes a tomar.

Mas quase sempre há uma história para contar sobre cada tipo de pílula de ecstasy. Em muitos casos por exemplo, o logo da pílula alude aos ingredientes ou efeitos pretendidos. Em outros, os comprimidos são parte de um tipo de família de várias gerações da mesma pílula. Algumas ficam no mercado por apenas alguns meses, outras por vários anos.

Tenho um amigo que vem acompanhando a história por trás das pílulas há anos. Ele prefere se manter anônimo por razões óbvias, mas coleciona o ecstasy produzido na Holanda desde 1995. Sua coleção cresceu de maneira bastante orgânica – ele costumava traficar, e, como me disse, "Quando você compra em lote, sempre acaba sobrando algumas". Ele começou a guardar essas sobras, que eventualmente se tornaram uma coleção. Às vezes ele presenteia amigos e conhecidos com algum tipo raro numa ocasião especial – no aniversário, por exemplo.

Recentemente visitei a casa dele para fotografar alguns destaques de sua coleção e aprender suas histórias.

Essas são três gerações de pílulas com a palavra "love", todas produzidas na Holanda. A pílula original – em forma de diamante à esquerda – chegou no mercado em 1993 e por causa de sua qualidade, a demanda imediatamente foi muito maior que a oferta.

Ela continuou um sucesso na cena house, apesar de, segundo o colecionador, as gerações seguintes não terem os mesmos efeitos de puro êxtase nos usuários. Isso porque provavelmente mudaram a receita, mas é difícil saber exatamente o que mudou. Ainda assim, as pílulas em formato de coração continuam o tipo de ecstasy mais popular no país.

O nome dessas em holandês era "druifje", que pode ser traduzido como "uvinhas". Elas entraram no mercado por volta de 1996 e continham cerca de 180 mg de MDMA – uma quantidade enorme na época.

Segundo o Jellinek Institute, um centro holandês especializado em fornecer informações sobre álcool, drogas e vício, o ecstasy geralmente não continha mais de 80 ou 90 mg de MDMA antes de 2009. Naquele ano, o MDMA como ingrediente se tornou bastante escasso, mas quando a oferta alcançou a demanda de novo em 2010, a quantidade de MDMA no ecstasy começou a aumentar exponencialmente. Se isso está correto, essas uvinhas eram uma exceção primordial à regra.

Depois que a primeira pílula Mitsubishi foi lançada por volta de 1997, ela rapidamente se tornou lendária. O logo da Mitsubishi na pílula pode não ter deixado a marca automotiva muito contente, mas os usuários ficaram vidrados. Logo, outros fabricantes começaram a usar a mesma imagem no seu produto também.

O colecionador me disse que nos primeiros dias da Mitsubishi, ele só precisava de um terço da pílula para curtir uma noite inteira. Ele não fazia ideia da potência quando experimentou pela primeira vez, então quando o barato bateu, ele teve que se sentar num pufe por algumas horas antes de voltar para a festa.

Essa pílula, com o logo de um pequeno foguete, apareceu no começo dos anos 90 e encontrou seu público na cultura gabber holandesa. O nome e o logo se referiam à quantidade de speed na pílula, que era muito maior que de outras pílulas na época e serviu de combustível das festas gabber durante os anos 90.

Essa pílula foi produzida pela primeira vez no começo dos anos 2000, e continha cerca de 140 mg de MDMA. Esse espécime em particular foi produto de um grande evento de marketing – o colecionar consegui colocar as mãos nelas em 2003 ou 2004, quando um organizador, conhecido por dar festas techno num barco na Holanda, as distribuiu de graças para todo mundo na porta de seu evento.

Essa pílula chegou ao mercado no começo dos anos 2000, e apesar do logo de pomba continuar o mesmo, cada novo lote vinha em uma nova cor. Ela ficou no mercado por vários anos, segundo o colecionador, e ele disse que teve uma noite ótima tomando só metade de uma.

Por causa do tempo, essas pílulas estão quase se desfazendo e você pode notar na foto que diferentes componentes estão começando a coagular. O colecionador me disse que isso não significa que ele vai jogá-las fora – numa festa nostálgica dos anos 90 alguns anos atrás, ele vendeu um punhado de pílulas que tinha guardadas há 20 anos. Elas podem estar se desfazendo, mas ainda dão barato. Mas fica por conta e risco do usuário, claro.

Essas pílulas, que ganharam esse nome porque o logo, de fato, são dois meios círculos, se juntaram à coleção em 2007. O colecionador mandou testá-las, e descobriu que elas contêm cerca de 100 mg de MDMA.

A pílula com o logo do Starbucks está no mercado desde 2015 na Holanda, mas o logo é usado por produtores do mundo todo. Essa pílula em particular contém cerca de 120 mg de MDMA.

A Flügel, uma pílula com o nome e formato baseados numa vodca popular vendida em estabelecimentos de Euro-trash pelo continente, é relativamente nova no mercado – o colecionar topou com o primeiro lote em 2016.

Ele tomou uma Flügel e meia, numa noite ano passado, e não lembra muito do que aconteceu depois. Quando acordou no dia seguinte, a única prova do que tinha se passado era uma selfie no seu celular com o rapper holandês Lil' Kleine (famoso pelo hit de verão "Drunk em Drugs" de 2015).

A nova adição significativa à coleção do meu amigo é a Donald Trump. Essa aqui chegou ao mercado do Reino Unido via Holanda, e logo rendeu manchetes no Metro, Mail Online e The Sun. O colecionador disse que a Donald Trump vem do mesmo fabricante do "chip de celular", e que contém uma dose enorme de MDMA. Enorme.

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