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Público impede prisão de artista abordado por PMs em festival artístico no Paraná

Durante o Festival de Dança de Londrina, espectadores fizeram um cordão de isolamento em torno de Maikon K, acusado de ato obsceno.
Imagem: Reprodução/YouTube

Esta matéria foi atualizada no dia 25 de outubro às 11h50.

No dia 14 de outubro, um dia antes do encerramento do 15º Festival de Dança de Londrina, um cordão de isolamento feito pro cerca de 100 espectadores impediu que a Polícia Militar autuasse o artista Maikon K, que apresentou a peça DNA de Dan.

O artista já havia sido preso em março de 2017 por se apresentar nu coberto com um 'gel viscoso' dentro de uma bolha translúcida de sete metros no SESC de Brasília. Em Londrina, a Polícia Militar chegou ao palco do lago Igapó após denúncias de pessoas que estavam no parque.

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"Várias pessoas que estiveram no local se sentiram incomodadas com a presença de uma pessoa que estava nua e fizeram a reclamação", justifica a soldada Andressa da comunicação social do 5º Batalhão de Londrina. Os PMs, então, questionaram quem seria o responsável pela performance quando o público se mobilizou colocando-se à frente de Maikon evitando a detenção do artista.

A coordenação-geral do festival conta que foram espalhadas informações sobre a classificação etária da peça pelo parque, onde haviam seguranças e produtores proibindo o acesso de menores desacompanhados ao palco às margens do lago, além de desvios capazes de evitar a aproximação de parte do público do palco. "Existia uma nudez artística e quem se sentisse agredido poderia desviar e não passar pela performance", explica a coordenadora-geral Danieli Pereira, que informou que a conversa entre a organização e a PM foi pacífica.

Os organizadores compareceram voluntariamente à delegacia, mas não houve nenhuma ocorrência registrada contra a organização do evento, nem contra o artista. Segundo os organizadores do festival, o vereador Felipe Barros (PRB-PR) compareceu à delegacia para protestar contra a peça. O político encaminhou ao senador Magno Malta (PR-ES) um ofício que pede a investigação dos envolvidos pela CPI dos Maus-Tratos.

Abaixo nota enviada pela coordenação do Festival de Dança de Londrina:

O Festival de Dança de Londrina manifesta-se a respeito da polêmica envolvendo a performance "DNA de DAN", do artista Maikon K, na programação de sua 15ª edição. O evento esclarece que o performer permanecia ao longo de três horas imóvel, com o corpo recoberto por uma "segunda pele", um espesso gel que se solidificava e embranquecia, dentro de uma bolha translúcida com sete metros de comprimento. O que se via neste tempo era uma silhueta humana ou uma imagem que lembrava um boneco. A organização do evento destaca ainda que todos os cuidados para a preservação do artista, do público e dos passantes – inclusive dos que não queriam ter acesso à apresentação - foram tomados: o evento portava as liberações para utilização do espaço e enquadrava-se nas diretrizes da Lei do Artista de Rua; o palco do Lago (que mede 40x25 metros), no centro do qual estava a bolha, foi interditado por seguranças para pessoas não-autorizadas; a produção ficou disposta em ambos os lados da via pública, a uma distância aproximada de 15 metros à direita e à esquerda, para informar os transeuntes sobre o conteúdo da apresentação, oferecendo a possibilidade de rotas alternativas; observou-se rigorosamente a classificação indicativa (acima de 16 anos) para os que manifestaram interesse em adentrar a bolha no momento da dança-ritual (que acontece na última hora da performance). Esta informação da classificação também estava amplamente divulgada em todos os materiais gráficos e de divulgação do evento. O conteúdo artístico e as profundas significações envolvidas em "DNA de DAN" colocam a nudez em um plano secundário. O espetáculo de Maikon K foi concebido para espaços públicos e circula pelo país há 4 anos, inclusive em locais como praças e pontos turísticos. Ele já integrou projetos como o Prêmio Klauss Vianna, do Governo Federal, e o Palco Giratório do SESC, além de ter sido escolhida por Marina Abramovic para integrar sua exposição "Terra Comunal".

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