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Os looks do Met Gala eram mais satânicos do que católicos

Rihanna, Cardi e SZA mataram a pau. Já Katy Perry parecia uma furry.
Fotos: Kevin Mazur/Getty Images.

A primeira segunda-feira de maio é meu dia favorito do ano. Muitos gostam da Páscoa, tantos outros do Natal, mas meu lance é o Met Gala. Provavelmente você está aí pensando que é só moda e nada disso importa, mas é aí que você está errado, queridão: moda é única coisa que importa neste mundo. Sou pago cerca de 45 horas por semana para escrever sobre música e passo umas outras 10 ou 15 pensando no assunto de graça mesmo, mas não estaria exagerando ao dizer que abriria mão de ouvir música pelo resto da minha vida se pudesse colar num Met Gala uma única vez. Infelizmente, não me foi dada esta opção, então tenho que aceitar os limões que a vida me dá: dar opiniões sobre os diferentes looks dos artistas no evento deste ano sem que ninguém tenha me perguntado.

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Mas se eu trocasse a capacidade de ouvir música e pudesse escolhar que edição do Met Gala gostaria de ir, não escolheria a deste ano. Se soubesse tudo o que sei agora, não o escolheria mesmo. Francamente, os trajes deste ano do Met Gala eram coisa do diabo. Já vimos interpretações um tanto quanto suspeitas de temas passados — não esqueçamos do esgoto a céu aberto que foi “ China: Through the Looking Glass ” em 2015 — mas este 2018 foi bem horroroso ao seu próprio modo.

Com o tema “Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination” [ Corpos Celestes: Moda e Imaginário Católico, em tradução livre] era de se esperar mais das pessoas, ainda mais se levarmos em consideração o envolvimento de três grandes casas — Dolce & Gabbana, Gucci e Versace, esta última a inspiradora do tema atual — que praticamente vivem pra esse tipo de coisa ano após ano. Ainda assim, nos vemos às voltas com lulas gigantes, chapéus horríveis e trajes militares esquisitos. Torço do fundo do coração que alguns estilistas tenham sido demitidos após o evento.

Foquemos primeiro em quem de fato mandou bem: por mais que muito possa ser dito sobre o figurino papa sensual de Rihanna, minha escolha de visu mais santificado vai pra SZA, que chegou estonteante como uma espécie de Virgem Maria lacrimejante com peças Versace personalizadas que incluíam até mesmo lágrimas douradas sob seus olhos. Mais uma vez SZA não deixa a coroa cair .

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Dito isso: o visual papa sensual de Rihanna estava demais e merece ser comentado, visto que parece ter sido feita para levar os queixos de todos ao chão, coisa que acontece em um primeiro momento, mas logo se esvai ao sacarmos que não é dos melhores trajes usados por Rihanna num Met Gala ou no geral mesmo. Quando o Costume Institute inevitavelmente promover um evento em homenagem aos visuais de Rihanna ao longo dos anos, tenho a impressão de que teremos mais cobertores amarelos e não tantos papas perolados. Mas há de se admirar a habilidade do estilista! O vestido foi desenhado pelo diretor criativo da Maison Margiela, John Galliano, que caiu em desgraça tempos atrás ao dizer que "ama Hitler" , o que, convenhamos, não pega muito bem. Não é o melhor dos looks, amigão! Mas pelo menos a galera da moda parece ter perdoado o coitado, então tudo bem, o bicho manda bem nisso de roupinha de papa!

Coberta por contas tínhamos Cardi B, que chegou no rolê gravidíssima e se assemelhando a um pastelzinho incrustado de joias. Em relação ao tema “Corpos Celestiais”, acho que “Chegar grávida” garante muitos pontos, então aplausos para Cardi por ter planejado seu traje com tanta antecedência, acho.

Katy Perry, patrona das roupas escrotas do Met Gala , chegou com umas asas enormes. Acho que a roupa até daria certo se o que vem debaixo das asas — o vestido em si — não parecesse coisa de uma adolescente de 14 anos no seu aniversário que quer parecer meio chique. (Fica aqui todo meu respeito à comunidade furry, mas que fique claro que talvez eu gostasse mais desse look se Katy não ficasse posando de passaralha sensual no tapete vermelho.)

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Quem chegou de cosplay animal também foi Solange, vestida como uma enorme lula. (Brincadeirinha, é Iris van Herpen! Sei disso porque esse vestido em específico apareceu no reality show de modelos nada popular de Naomi Campell The Face). Solange passou um bom tempo ao longo nestes últimos anos dedicando-se a tornar-se um belíssimo ícone politizado da moda, então é meio triste vê-la chegando nesse visual meio xenomorfo de Alien . Na moral, talvez não seja uma boa deixar seus seguidores do Twitter escolherem sua roupa .

Dando prosseguimento ao tema não-oficial da noite de trajes inexplicavelmente nada católicos tivemos Emma Stone e Travis Scott, ambos com roupas semi-militares. Ok que Emma Stone não é “artista musical” mas estou dando muito duro ao tentar separar estas roupas horrorosas por temas, então me deixa. Além do que, rapaz, que roupinhas sem-graça. Travis e Emma, me deixa dar uma dica: da próxima vez que forem convidados a um evento de 30 mil dólares por cabeça, por favor pensem nos voyeurs da internet cujo tempo estarão desperdiçando com estas roupas sem sal. Não vim aqui pra perder meu tempo, ok? Ok.

Ah, temos também o ponto alto da noite: Grimes e Elon Musk aparecendo juntos no tapete vermelho. Uma matéria publicada no Page Six hoje fala sobre a suposta relação entre Grimes e Elon, que teriam se dado bem ao fazerem piadinhas sobre inteligência artificial (sério) um pro outro, o que só se confirmou após a aparição no Met Gala. Deus me dibre de julgar o relacionamento alheio (ao menos publicamente – eu sou humano, afinal) mas MEU DEUS que coisa foi ver esses dois. Elon parece comigo quando tentei emprego numa loja gótica chamada Dangerfield e pelo jeito não achou um par de calças brancas pra bater com a alvura do resto de seu traje, tudo isso num visual meio padre, de colarinho e tudo. Acho que foi uma forma bem tranquilona de interpretar o tema, mas se tem um visual que eu aconselharia as pessoas a fugirem como o diabo da cruz em 2018 seria o ‘ look membro do clero ’. Grimes, por sua vez, usou uma espécie de gargantilha com o logo da Tesla logo. Alguém taque fogo no Met logo, por favor.

Matéria originalmente publicada no Noisey US.

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