Este artigo foi originalmente publicado na VICE França.
Neste mês de Fevereiro assinalam-se os 20 anos da Revolução Bolivariana, que levou Hugo Chávez ao poder. No entanto, ninguém na Venezuela está a celebrar a data. O país está embrulhado numa grave crise política.
E, para além do conflito político, a população enfrenta uma forte crise sócio-económica, que já levou três milhões de venezuelanos a abandonarem o país desde 2014, principalmente com destino ao Brasil e à Colômbia. Os que ficaram têm de lidar com o fardo da hiper-inflação e uma crescente falta de bens essenciais, como comida e medicamentos.
Um jovem no meio de uma estrada durante os protestos de 12 de Fevereiro.
No entanto, com o aparecimento de Juan Guaidó, a esperança parece ter de alguma forma regressado. O jovem político de 35 anos quer derrubar Maduro e todos os sistemas que este colocou em prática.
Desde finais de Janeiro, os venezuelanos têm saído às ruas para protestar contra a falta de comida e bens, contra a agressiva hiper-inflação e contra o regime de Maduro. A dura resposta governamental tem resultado em detenções e mortes. As mais recentes manifestações aconteceram na terça-feira, 12 de Fevereiro, em várias cidades e tiveram como objectivo exigir que a ajuda humanitária seja autorizada a entrar no país. De momento, os camiões continuam bloqueados na fronteira pelas forças leais a Maduro.
Na linha da frente destes protestos está a juventude venezuelana. De caras tapadas e cocktails molotov na mão, não vacilam quando confrontados directamente pela polícia, que responde aos protestantes com brutalidade. O actual regime pode muito bem estar a viver as suas últimas semanas no poder, pressionado não só pela comunidade internacional, mas pela luta nas ruas.
Abaixo podes ver mais imagens dos recentes protestos em Caracas.
Muitas crianças são forçadas a viver nas ruas de Caracas devido à extrema pobreza e às elevadas taxas de crime, entre outras coisas.
Os venezuelanos têm um grande amor pela sua bandeira e os protestos são inundados por elas. O povo tem um profundo respeito pela instituição que a bandeira representa.
Um jovem manifestante armado com um martelo. Foi uma das figuras bastante activas que encontrámos neste dia, a correr em todas as direcções e a bater com o martelo no asfalto para conseguir pedras para arremessar à polícia, que, em momentos anteriores, não teve pejo em disparar contra os protestantes.
Na via que atravessa Caracas, os opositores de Maduro expressaram livremente a sua alegria. Uma onda de esperança invadiu os manifestantes.
Uma jovem cobre a cara com a bandeira da Venezuela. Devido à tensão crescente e à repressão policial, muitos preferem tapar os rostos.
Vários jovens pararam este camião e obrigaram o condutor a sair. O objectivo era bloquear a estrada por completo, mas houve alguns que decidiram tentar abrir o tanque do combustível. Um bem escasso. Outros quiseram ver se o veículo transportava alguma coisa que valesse a pena levar.
Um homem com dois cocktails molotov, cheios de gravilha para os tornar ainda mais perigosos.
Um manifestante a fazer cocktails molotov.
Um rapaz bastante jovem a segurar um cocktail molotov. Apesar do perigo e da sua idade, permance junto aos adultos.
Um jovem prepara um cocktail molotov no meio de jornalistas, fotógrafos e motociclistas.
Dois agentes da polícia chegam ao local de mota para tentarem dispersar a multidão. Disparam várias vezes para o ar, instalando o medo entre manifestantes e jornalistas.
Um manifestante pisa uma nota venezuelana. O bolívar, actualmente, não vale praticamente nada. Alguns manifestantes atiram notas ao ar durante os protestos.
Um grupo de manifestantes bloqueia a estrada, à espera da polícia.
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