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A Internet é a "Besta do Apocalipse", mas no 25 de Abril parece que se respira melhor

Hoje, estamos orgulhosamente (quase) todos juntos. Pelo menos por um dia.

As redes sociais despertam o pior do Mundo. Já se sabe. Escondidas atrás do computador, as pessoas sentem-se à vontade para dizer coisas que, provavelmente, não teriam coragem de dizer cara-a-cara. É só quando abrimos o Twitter, ou qualquer outra caixa de comentários por este mundo online fora, que nos deparamos com os anti-feministas, com os xenófobos e homofóbicos, com os fascistas, os racistas e os nacionalistas. Com os anti-democráticos e os violentos, com os insultos despropositados daqueles que gostariam de nos retirar as liberdades que tanto nos custaram a conseguir. Na vida real talvez nem conheçamos ninguém assim, mas no plano virtual estão por todo o lado, esses eternos ofendidos e auto-intitulados donos da moral e dos bons costumes.

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Num dia normal, há mais ofensas no Twitter do que elogios. Há mais "nós" contra "eles", até mais críticas do que memes. Mas, hoje não é um dia normal - é o dia da Liberdade. O dia da democracia. O dia que nos permitiu a todos - até aos trolls da Internet - dizer o que pensamos e publicá-lo sem medos, para toda a gente ver. O dia que tornou possível virmos a ser Europa, votar em quem queremos, formar partidos, fazer greve e gritar por melhores condições. O primeiro dia do Portugal que somos hoje. O 25 de Abril foi há 45 anos e parece que hoje se tornou mais importante que nunca assinalá-lo, explicá-lo, celebrá-lo.

Num momento em que a democracia parece tão ameaçada, é um alívio abrir a Internet e ver que, afinal, também lhe sabemos dar valor. Afinal, sabemos que há que agradecer aos que lutaram pela liberdade de imprensa, de opinião e pensamento, de poder de decisão e voto. Pelos direitos das mulheres, pela igualdade e, acima de tudo, pela celebração da diferença. Portugueses, espanhóis - principalmente galegos e catalães, por razões óbvias - e até franceses, têm vindo a mostrar no Twitter o seu impagável apreço pelo que a Revolução dos Cravos tornou possível: sermos livres.

Hoje, estamos orgulhosamente (quase) todos juntos, por isso escolhemos alguns tuítes que nos alegraram a manhã e nos fizeram esquecer, pelo menos por uns momentos, que o ódio continua aí à espreita e que, como ainda ontem nos lembrava Manuel Fúria, "a Internet é a Besta do Apocalipse". Podemos continuar assim?

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