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Tecnologia

A Rede InfoAmazônia Quer Monitorar a Qualidade da Água no Norte do Brasil

Alguns aparelhos espalhados em pontos de abastecimento de água podem evitar o consumo de água imprópria na Amazônia.
A Rede InfoAmazônia poderá ajudar na distribuição de água potável. Crédito: André Deak/Flickr

Aqui na VICE a gente anda tão preocupado com a água que teve até quem se sujeitasse a passar, literalmente, uma semana na seca. E olha que nosso problema, até agora, é especular sobre a presença do volume morto no copo ou quando a gente realmente vai ter que vir trabalhar sem banho. Enquanto isso, tem quem enfrente problemas imediatos quanto a qualidade da água — e tem quem queira mudar isso, como a Rede InfoAmazônia.

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A ideia do projeto é levar informações a comunidades do norte do país sobre a água que consomem. O negócio funciona com um aparelho que realiza medições em pontos de abastecimento, como rios e riachos, e as envia para uma central que pode divulgar, num site ou via SMS, qual a qualidade da água. "É basicamente um flutuador com uma âncora ligado a uma placa solar", resume Guima, desenvolvedor e fundador do projeto.

Ele assina a obra com o VJ pixel, que listou os índices avaliados: cristalinidade, pressão, temperatura, salinidade, taxa de microorganismos e pH. O VJ também disse que o sistema não vai eliminar a análise tradicional. "Se a gente recebe uma leitura preocupante do flutuador, a gente manda uma pessoa ao local para validar aqueles dados", disse ele.

Caso seja confirmada que aquele ponto fornece uma água imprópria para o consumo, uma mensagem de alerta será disparada ao morador abastecido por aquele local. Tudo muito mais rápido que os sistemas atuais de medição. Segundo Guima, esse tipo de análise pode levar até cinco dias quando feito pelos laboratórios e redes abastecedoras — quando é feito.

A atuação da Rede InfoAmazônia vai cobrir a região do país que tem cinco entre dez municípios com os piores indicadores de abastecimento de água, segundo o instituto Tratar Brasil. A lista dos lanternas tem as capitais Belém, Macapá e Porto Velho e as cidades de Ananindeua e Santarém, no interior do Pará, provável escolhida para estrear as medições, segundo o VJ.

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"Na primeira etapa, vamos desenvolver o hardware. A principal meta dessa etapa é chegar a versão final do hardware. Depois a gente vai viajar pro lugar onde a gente vai instalar esses equipamentos", disse ele. Somente em junho de 2015 comunidades que recebem água de 20 pontos de abastecimento de Santarém poderão receber atualizações diárias sobre a qualidade daquilo que bebem.

"A terceira fase será a distribuição de dados. A gente vai divulgar para as pessoas que elas podem se cadastrar para receber uma mensagem sobre a qualidade da água. A nossa meta é ter pelo menos 2 mil pessoas cadastradas no serviço e ter 300 mil acessos no site." Quem for ao computador poderá ver gráficos com informações mais detalhadas. Algo nos moldes do aplicativo de sistemas de abastecimento de São Paulo, que utiliza dados oficiais da Sabesp.

"O objetivo do nosso projeto é prover dados independentes sobre a contaminação de água na Amazônia", afirmou VJ. Segundo ele, se tudo correr bem como o curso do rio, o Rede InfoAmazônia pode chegar a outras regiões direta ou indiretamente. "Tudo que a gente desenvolve é livre e a gente cogita fazer um crowdfunding para pessoas poderem comprar esse equipamento."

Nesse caso, o projeto teria um alcance maior que sua principal inspiração, o Riffle. No atual estágio, ele já supera o gringo nas capacidades, mesmo que seja um protótipo. "Uma das conclusões que a gente chegou é que o Riffle não é suficiente para dar informações precisas sobre a qualidade da água. A gente está desenvolvendo um equipamento com mais precisão", fechou o VJ.

Seu plano ao lado do Guima é orçado em R$ 500 mil. A grana toda saiu dos cofres do Google como prêmio à dupla após participação em um dos seus concursos de inovação. Guima encerra o papo sem colocar estado e mercado um contra o outro. "A gente não quer contrapor medidas altamente científicas de laboratório, mas a gente consegue colocar um fator duvidoso." Uma pulga atrás da orelha na água das comunidades da Amazônia.