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Música

Fui ao Meco dar um abraço ao Miguel

Entreguem-lhe todos os prémios.

Há três anos, entre conversas, surgiu este tipo: um babe americano chamado Miguel — e, só por isso, pelo nome, já diziam que era português, quer dizer, também podia ser angolano! — que cantava sobre o amor, em versão rock e R&B, com um estilo que arrasava.

Quem tem coração e ouve "Sure Thing" ("love you like a brother, treat you like a friend, respect you like a lover” e la la la la) sente uma vibe nova, uma versão, simultaneamente, lamechas e badass que fica no ouvido. A vida pede destas coisas de vez em quando. E quando pedir mais temos sempre a "Adorn" para aquela pessoa especial ou para aquele crush de discoteca. Isto tudo para dizer que o Miguel esteve em Lisboa, para actuar no SBSR e eu, sendo embaixadora de tudo o que é mais hot, tinha de lá estar. Mesmo com o passe para o backstage recusado, e com uma directa de três dias em cima, pus-me a caminho para tentar estar, em privado, dois minutos que fosse com o Miguel. Sem garantias de nada, claro. A minha crew! Cheguei ao Meco , levantei o passe e fui até à sala de imprensa, que estava uma seca. Não entendo é como, já que havia de tudo para se ser feliz: comida, álcool, internet e música ao vivo. Hello?! Mónica chama Terra! Mandei uns emails e recebi uma chamada para ir ter à entrada do backstage. Abandonei, por isso, mas sem saudade, aquele VIP lounge e aguardei que me viessem buscar. Pouco (pouquíssimo) tempo depois, já estava dentro do backstage. Aproveitei a oportunidade para dar os parabéns a outros grupos e curtir a vibe até encontrar a banda do Miguel. Trocámos algumas ideias e piadas e o baterista, um angolano lover, contou-me as aventuras da digressão pela Europa. Tirámos fotos com o objectivo de nos tagarmos mais tarde no Instagram e assim continuar em contacto. Com o manager… … e com o baterista do Miguel. Entretanto, já tinha conseguido dar uma espreitadela ao Miguel pela janela do anexo. Aliás, conseguia ouvi-lo a aquecer a voz — e assim o mundo ficou perfeito. Algum tempo depois, ele veio ter comigo e trouxe uns abraços. Soube tãaaao bem! “Conheces a VICE?” e ele “hell yeah!”. Trocámos ideias sobre os nossos DOs & DON’Ts preferidos e arrependi-me logo de não ter levado uma revista comigo. Sabia que ele tinha estado no Lux na noite anterior e usei isso como princípio de conversa. Ele disse-me que adorou aquilo — tanto que até partilhou uma foto no Instagram — e eu respondi-lhe que teria curtido muito mostrar-lhe Lisboa. Ficou, claro, para uma próxima vez. Ele achou engraçado que eu lhe tivesse confessado que já tínhamos estado juntos nos mesmos sítios algumas vezes, mas que nunca o quis incomodar para não dar aquela de groupie irritante. “Real realize real”, respondeu-me o Miguel, que teria sido um prazer. Trauma apagado! “Sabias que és o novo hino oficial nas aberturas de salão nos casamentos da nova geração?”, atirei e ele achou isso sensacional. Também lhe contei que, quando apareceu, o pessoal achava que ele era português e ele contou-me que era descendente de latinos e que entendia um pouco de português. Eu quis uma prova, claro, mas não correu muito bem. Sempre serviu para evitar uma catástrofe: o Miguel queria dizer “olá Portugal” em palco, mas eu fiquei em choque e convenci-o a não fazer essa cena. E fui construtiva e tudo: ensinei-o a dizer “olá meninas bonitas” e “olá manos”. Muito melhor, certo? Meninas, suspirem! Foi aí que ele me tentou roubar o casaco (“dope jacket, I bet it keeps you hotter”), mas não lho pude dar porque adoro o meu casaco e também porque não ia ficar bem com aquilo que ele estava a usar. Fiquei muito impressionada por ele saber que um Versace vintage (comprado na melhor loja do mundo, a Outra Face da Lua) não tem preço, tem história. Ya, a roupa é arte no corpo. Quando dei por isso, estávamos a falar há meia hora e tive de ser humilde. “Não te roubo mais tempo, Miguel” e ele, tão fofo, “not at all”. A sério que este homem existe? Trocámos abraços de muito boa vibe, contactos e um “god bless the artist life”. Fiquei fã deste miúdo da soul com alma de rockstar, amante de arte, bem educado e com um brilho no olhar dos que não se esquecem. Entreguem-lhe todos os prémios.