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Hannah Wilde:Eu estava tentando achar um diferencial para me destacar do resto, [e isso era] uma coisa que eu pessoalmente achava sexy e ainda não tinha sido feita à exaustão. Também queria focar no público mais novo, universitário, não no mercado da dona de casa que normalmente devora esse tipo de literatura do cara sem camisa em cima do cavalo. E os hipsters faziam sentido.
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Pensei em fazer um sobre um estúdio de tatuagem. Além disso, apesar de ter um livro sobre gamers, nunca consegui desenvolver o tipo programador – tipo, computadores no lugar de consoles ou algum tipo de elemento hacker. Também pensei num livro punk, já que minha definição de hipster essencialmente era contracultura, mas imagino que outras ideias se desenrolem mais rápido.Como você decidiu sobre que hipsters escrever?
Para ser sincera, às vezes os que foram escolhidos dependiam de eu encontrar uma foto boa de capa que funcionasse para uma ideia e não para outra. O Yoga Hipster Gangbang meio que rolou assim. Eu tinha a ideia, mas a coisa se desenrolou quando encontrei uma foto ótima de uma menina para a capa.
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Acho que depende da sua definição de hipster. Se você pincela as coisas de maneira genérica e busca diferentes tipos de persona da contracultura, com certeza eu acabo me encaixando nisso de alguma forma. Mas se você está falando do hipster tradicional que anda de bike fixa em Portland e vai no festival de filme do Wes Anderson, aí não é muito a minha cara. O primeiro livro, Graduate Hipster Gangbang, na verdade é muito mais autobiográfico do que deveria ser. [Nota da edição: Graduate Hipster Gangbang é sobre uma menina de 19 anos chamada Hannah que faz uma orgia com o time de futebol americano inteiro.] Mas até hoje, ninguém envolvido nesses eventos relacionou com esse pseudônimo, então parece que meu anonimato está a salvo por enquanto.
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O que torna o "sexo hipster" diferente, digamos, da literatura erótica que você faz sobre personagens paranormais?"A maioria das pessoas prefere olhar um cara ou uma mina e ver tatuagens e já pensar 'Eu me identifico' do que ter uma introdução de 20 minutos em que a atriz ou o ator pornô fala sobre como adora Jack Kerouac."
A literatura erótica paranormal que escrevo tem muito mais a ver com a ação do que qualquer outra coisa. As histórias são curtas e precisam se desenvolver porque normalmente tem algum tipo de monstro ou aspecto de aventura que não tem a ver com sexo. Tem muito mais coisa para fazer acontecer em cada página. A erótica hipster tem mais a ver com o clima e, principalmente, criar um diálogo que seja jovem e divertido. Se alguém lê um dos meus livros da série Hipster Gangbang, é porque quer ouvir sobre as bandas que os caras e as minas gostam, ou que tipo de gracejo sarcástico o personagem pode fazer quando colocado em uma situação pornográfica absurda. Tem muita comédia nos livros do Hipster Gangbang que vem diretamente de fazer os personagens reagirem da forma que eu mesma reagiria nessas situações sexuais exageradas.Parece que você se concentra muito no desenvolvimento dos personagens hipsters. O que você acha de filme pornô com temática hipster, que é basicamente pornografia mainstream com óculos de armação preta?
Pessoalmente, não me incomoda, porque a grande maioria dos hipsters faz isso, na verdade – só coloca uns óculos, deixa crescer a barba e toca banjo, sei lá. É uma escolha estética que as pessoas estão fazendo e que pode refletir muito o que se passa dentro delas, ou nada. Muito da pornografia, principalmente se falamos de fotos e vídeos, é para ser só uma viagem curta na fantasia. Você entra, sai e segue em frente. Isso significa que a maioria das pessoas prefere olhar um cara ou uma mina e ver tatuagens e já pensar 'Eu me identifico' do que ter uma introdução de 20 minutos em que a atriz ou o ator pornô fala sobre como adora Jack Kerouac. Não é assim que muita gente lida com a pornografia, e acho que não tem problema nenhum.
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Acho que tem uma certa pose que vem com a estética hipster, para o bem ou para o mal, então imagino que possa ter um problema aí de pensar demais em você em vez de curtir o momento. Obcecar sobre como você está, o que está usando ou não está usando. No mundo da fantasia erótica, não tem nada disso, felizmente, porque essa é a natureza dos mundos fantásticos, mas são situações em que os hipsters poderiam se encontrar: trepar para conseguir um passe VIP para um festival de música, por exemplo, ou para expandir a mente em uma aula de ioga, ou para impressionar o chefe em um café.Você pretende continuar escrevendo literatura erótica com o tema hipster?
Com o tempo, aprendi a direcionar meus esforços para o que vende, e enquanto o gangbang hipster vendeu bem, o gangbang com monstros vendeu ainda mais. [Nota da edição: Hannah Wilde também tem uma série chamada Violated By Monsters.]Para mim, é fascinante o fato de existir mais gente interessada em trepar com o Monstro do Lago Ness – ou pelo menos em rir sobre uma foda com o Monstro do Lago Ness? – do que em trepar com uma barista bonita ou coisa assim.Pois é, falando nisso, reparei que você escreveu um livro sobre uma foda com um bando de chupa-cabras. Como foi essa ideia?
Tinha um episódio de Arquivo X sobre o chupa-cabra que, se bem me lembro, nunca mostrou o bicho. E acho que desde então fiquei decepcionada com isso. Talvez o livro fosse para compensar aquilo no meu próprio subconsciente, sei lá. Ele faz parte da série Violated By Monsters, que acabei de terminar, com 60 livros, cada um com um monstro diferente. A essa altura, acho que seria muito difícil pensar em um tipo de monstro sobre o qual eu já não tenha escrito uma foda.Você encontra toda a literatura erótica da Hannah Wilde aqui.Siga a Arielle Pardes no Twitter.Siga a VICE Brasil no_ Facebook, Twitter e _Instagram.