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Edição Cavalar

Será que Alguém Pode Solucionar os Problemas da Indústria da Prostituição Alemã?

Existem aproximadamente 400 mil prostitutas servindo a um número estimado de 1 milhão de homens por dia dentro do território do país.

A foto é cortesia da iStockphoto/RapidEye. 

Trocar sexo por dinheiro tem sido, ao menos parcialmente, legal na Alemanha desde 1927, mas, em 2002, o parlamento aprovou uma série de leis concebidas para melhorar a vida das prostitutas do país. A ideia era garantir aos trabalhadores do sexo alguns dos direitos e das responsabilidades que o restante da força de trabalho já tem, como acesso à seguridade social e obrigação de pagar impostos em troca. Em consequência disso, o país se tornou um ímã de meretrizes e clientes. Foi informado que existem aproximadamente 400 mil prostitutas servindo a um número estimado de 1 milhão de homens por dia dentro do território do país.

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Muita gente acha que isso não é bom. Um estudo encomendado pela União Europeia publicado este ano afirmou que, globalmente, as tentativas de legalizar a profissão mais antiga do mundo não diminuíram o tráfico de pessoas. Ativistas reivindicaram a criminalização da compra (mas não da venda) de sexo, em uma tentativa de acabar com a prostituição e o governo planejou proibir o sexo “de valor fixo”, isto é, quando o homem paga uma quantia fechada por uma noite de gandaia.

Eu me perguntava o que as próprias trabalhadoras do sexo pensavam sobre esse debate, então entrei em contato com Undine de Revière, a porta-voz da Associação Profissional dos Serviços Eróticos e Sexuais, que está no ramo há 20 anos.

VICE: O que você acha dos estudos que encontraram muitos exemplos de tráfico humano na indústria do sexo? É algo que preocupa você?
Undine de Revière: um dos dois estudos mais comumente citados está baseado em um certo número de relatórios governamentais que variam significativamente em termos de qualidade. Eu acompanhei alguns processos sobre tráfico humano para fins de pesquisa, e é bem complexo. A maioria dos casos de tráfico é uma mistura de serviço sexual voluntário e algum terceiro tentando influenciar no número de clientes, programas ou no fluxo geral.

Como você se certifica de que o serviço sexual é seguro e não contaminado por esses terceiros?
A segurança não é uma questão restrita ao serviço sexual – basicamente, qualquer emprego que coloque você em contato com baladeiros bêbados pode ser perigoso. Em geral, sou muito a favor da capacitação e educação, como projetos que ensinam às profissionais do sexo seus direitos e responsabilidades, autoproteção de classe ou a língua alemã. Acho que a raiz dos maiores problemas é a pobreza. As operações policiais não são a resposta.

A polícia não deveria proteger as profissionais do sexo que não estão fazendo nada ilegal?
Conheço algumas mulheres que foram traumatizadas pelos policiais. As operações [em bordéis] tendem a ser bem violentas. Acho que a polícia deveria ser mais acessível e amigável, pois assim eles poderiam de fato solucionar crimes, em vez de amedrontar as mulheres e criar um ambiente geral de desconfiança. No lugar de nos vitimizar e tentar armar salvações forçadas por meio da legislação, creio que seria melhor se houvesse campanhas para estimular o tratamento respeitoso dispensado às profissionais do sexo.

Tradução: Stan Molina