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Fui à Color Run e ninguém me sujou de tinta

Porque estava de luto.

Num belo domingo de chuva, em que devia ter ficado em casa a dormir, decidi ir à Color Run, uma espécie de casamento entre a meia-maratona e um vídeo dos OK Go. Estava triste, por isso fui ver como seria a corrida mais feliz de Portugal — com a esperança de ficar contagiado, mas enganei-me. Amigos e famílias inteiras, todos contentes e todos com o mesmo objectivo: levar um banho de cor. Mas eu não, não queria ser pintado. Sou do contra e não gosto muito de cores.

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Seguindo os atletas, dei com o sítio, embora andasse meio perdido. Havia muita segurança, mas qualquer um se podia meter na corrida sem que alguém desse por ela. Bastava agir como os outros. E ter o mesmo aspecto: perucas, fitas para o cabelo, meias coloridas e restantes acessórios de festa revivalista do pessoal básico. O que era fixe porque assim podia-se correr sem pagar os absurdos 17 euros exigidos pela organização. Sim, 17 euros. Para sujar a roupa e correr cinco quilómetros à chuva.

Logo na partida já havia uns espertinhos com os saquinhos de pó colorido abertos. Esse pó devia ter mais qualquer coisa, para além do amido de milho e corante, porque o pessoal estava bastante histérico. Mas não tive problemas em escapar. O mais complicado, imaginava eu, seria passar pelas quatro estações onde havia pessoas a atirar tinta, mas aquilo na verdade não pintava grande coisa. Durante a corrida, quando já toda a gente estava suja, havia quem me visse, imaculado, e mandasse umas bocas ou tentasse pintar-me — mas ninguém foi bem-sucedido.

À chegada era a grande festa, com um palco a bombar da melhor música azeiteira. Aqui puseram-me à prova porque a merda dos sacos agarravam-se à roupa tipo lapa e eu, ainda não absorvido pela felicidade geral, tentei ir curtir com o pessoal, imaginando que estava noutra festa. Mas tive de fugir porque alguém gritou “color blast!” (não perguntem) e toda a gente atirou sacos de pó abertos para o ar. Como sou rápido, não fui atingido. As minhas capacidades de sobrevivência também ajudaram: posicionei-me a favor do vento e a tinta voou para longe de mim. Vim-me embora mais cedo — bem mais cedo —, quando ainda havia pessoal a chegar da corrida, totalmente extasiados. Aí sim, estive pertíssimo de ser atingido, mas consegui, uma vez mais, sair vitorioso.

Fiz um pequeno vídeo para documentar a experiência, curtam aí:

Fotografia por Helena Granjo