“Africa”, do Toto, alcançou o topo das paradas de sucesso há exatos 35 anos

Texto originalmente publicada no Noisey Canadá.

Imortalidade é único verdadeiro objetivo da arte e da humanide; criar algo que vai durar mais do que sua existência física e mental. O baterista do Toto, Jeff Porcaro, morto em 1992, apesar de diversas de suas contribuições terem entrado para o hall da fama do groove (como “Lowdown”, do Boz Scaggs), a introdução de “Africa” talvez seja a que mais provoca emoções, muito depois de sua morte. A faixa foi o único hit do Toto a alcançar o primeiro lugar na Billboard, e o feito foi realizado no dia 5 de fevereiro de 1983. Nos precisos 35 anos desde então, nações e movimentos ascenderam e caíram. Mas “Africa” permanece. Por quê?

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Bom, primeiro de tudo, “Africa” tem um dos melhores refrões de todos os tempos. E o que é doido é que ele deve ser um dos únicos refrões mainstream que não tem uma melodia principal clara. Bobby Kimball entra em uma nota alta e atraente, mas repare como ele se apoia na mesma nota o tempo todo. Ele está apenas cantando as notas altas da harmonia. Cabe ao resto da banda preencher os acordes do arranjo vocal, então você está essencialmente ouvindo um acorde gigante mudando os voicings dos acordes. É um clássico do karaokê em que todas as vozes podem facilmente pegar uma parte diferente cada sem saber que estão fazendo isso. O único outro grupo que pode reivindicar ter refrões pop em harmonia complexa é o Mumford & Sons, mas esse nome não vai conspurcar essa matéria. Há também o fato de que “Africa” tem três tons diferentes: dó sustenido menor para a introdução e as pontes, si maior para os versos, e lá maior para os coros. Isso é provavelmente um resultado do Toto querendo mostrar suas habilidades de composição no estúdio, mas você não pode negar que a mudança de tom no refrão é emocionante toda vez.

É difícil identificar exatamente quando “Africa” se tornou o meme icônico que é agora. Uma notável ressurreição da faixa aconteceu em 2007 por cortesia do cantor libanês-canadense Karl Wolf. Demorou dois anos pra que sua versão se tornasse um grande hit em seu país natal, então só deus sabe se ele contribuiu pra eventual Totowave. Mas é uma baita viagem se você ainda não ouviu a música ou viu o clipe.

Talvez de mais importância é o fato de que “Africa” é a intro da Chuck Person’s Eccojams Vol. 1, a mixtape do Daniel Lopatin, o tal do Oneohtrix Point Never, que quase sozinha inspirou todo o movimento vaporwave com seus remixes distópicos de soft rock. O som da voz esticada de David Paich repetindo “hurry boy, she’s waiting there for you” é uma das declarações de abertura mais monumentais da música nessa década. Nós amamos os memes, mas, nesse estado, “Africa” é uma crítica nostálgica de um inferno consumista num futuro próximo. Mas sim, tem os memes também. Como o guitarrista do Toto Steve Lukather disse para a Billboard , “os millennials se encantaram [por ‘Africa’], como se fosse ‘Don’t Stop Believin’ ou algo do gênero. Meu filho mais velho tem 30 anos, ele vai pras baladas e fala ‘Pai, você não sabe. A galera fica louca quando eles tocam essa música.’

Talvez não exista uma só razão para a longevidade de “Africa”. Talvez seja apenas uma música que pode ser apreciada ironicamente como uma relíquia do início dos anos 80, assim como uma música pop imensa. É um mistério até pro Lukather, que fala na matéria da Billboard que “Se você tivesse me contado que eu tenho um pau de 50 centímetros, eu teria acreditado nisso antes [do que na longevidade de “Africa”]. Tipo, de todas as músicas?” Ela nunca mais esteve em primeiro lugar desde aquele 5 de fevereiro de 1983, mas ela ainda ganha centenas de milhares de execuções por streaming e é a música número um dos nossos corações, mentes, e almas. Como as baratas, “Africa” vai sobreviver a qualquer calamidade que matar a raça humana que a criou. Não há nada que cem ou mais homens possam fazer pra

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