Para muita gente, falar sobre a morte ainda é tabu, mas para os Toraja que habitam a montanha pitoresca em Celebes Meridional, Indonésia, essa é uma tarefa para a vida toda – já que a morte não significa o adeus final. Os Toraja aprendem desde cedo a suportar a morte e aceitá-la como parte da vida. Quando alguém morre, os Toraja tratam seus parentes como se eles estivessem doentes (Toma Kula). Comida, água e até cigarros são oferecidos para um Toma Kula diariamente, porque eles acreditam que seu espírito ainda está perto do corpo e deseja esse tipo de cuidado.
O corpo sem vida é mantido e cuidado no tongkonan, ou a casa tradicional dos Toraja. O corpo fica ali por vários meses, em alguns casos por décadas, até que o clã possa pagar por um funeral e eventualmente marcar a cerimônia. Enquanto isso, plantas secas são usadas para neutralizar o odor de formol.
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O último suspiro de um búfalo-asiático durante os cortejos fúnebres conhecidos como Rambu Solo marcam a morte oficial de uma “pessoa doente”. Só então a alma do falecido ascende ao Puya, a versão dos Toraja do Paraíso. Quanto mais búfalos são sacrificados, mais rica é a família e mais rápido a alma vai encontrar seu caminho para o Puya. Lá, ele vai estar com Deus e viver uma boa vida após a morte. Sem o sacrifício dos búfalos, a alma não encontra seu caminho. Segundo o Aluk To Dolo – a crença ancestral dos Toraja – 24 é o número sugerido de búfalos sacrificados para a maioria das castas, apesar de o número exato geralmente ser sugerido pelo chefe local e depois discutido com a família. Alguns convidados trazem búfalos adicionais como presente. É uma lei tácita da cultura Toraja que a família pague um búfalo do mesmo preço no próximo funeral.
O cortejo fúnebre das famílias de casta mais baixa pode facilmente custar em torno de $50 mil, mas para as castas mais altas, o valor total pode variar de $250 mil a $500 mil. É esperado que parentes próximos do morto contribuam com pelo menos um búfalo caro para o sacrifício, que pode custar de $10 mil até $40 mil no mercado. O preço varia dependendo da exclusividade da pele e seus desenhos, o comprimento dos chifres e a cor dos olhos do búfalo. Um grande funeral Toraja é medido pelo número de búfalos: é por isso que os funerais podem demorar tanto para realmente acontecer.
A cerimônia do funeral pode durar de três a cinco dias, e é concluída com o morto finalmente sendo enterrado num mausoléu ou em tumbas de pedra. Mas a história não acaba aí. O clã se reúne a cada um ou três anos para um ritual conhecido como Ma’nene, que pode ser traduzido por “cuidado com os ancestrais”. Durante esse período, o morto é tirado de sua tumba novamente, limpo e ganha novas roupas – depois é devolvido ao túmulo. Parentes vêm de longe para celebrar esse evento, onde todo mundo se encontra, faz um banquete, compartilha histórias e homenageia seus entes queridos.
Veja mais fotos dos rituais fúnebres dos Toraja abaixo:
Matéria originalmente publicada pela VICE Ásia.
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