Este artigo foi originalmente publicado na VICE US.
As primeiras críticas a Once Upon a Time in Hollywood, o novo (e ao que parece penúltimo) filme de Quentin Tarantino, vêm de Cannes – e, pelos vistos, o pessoal está mesmo a cumprir o apelo apaixonado do realizador contra spoilers. Todas as resenhas sobre o filme falam da reviravolta sangrenta do final, mas de forma muito vaga e misteriosa. Há apenas uma coisa sobre a qual ninguém está a ser vago: que o filme é “brilhante” e também estranho, mas da melhor forma possível.
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Enquanto realizador, Tarantino passou as suas últimas obras a priorizar estados de espírito sobre o enredo. O terceiro acto de Django Unchained dissolveu-se num demasiado longo epílogo que foi divertido, mas que nunca pareceu necessário e The Hateful Eight já era sinuoso antes de Tarantino o dividir numa mini-série de quatro horas para a Netflix. Todavia, parece que Once Upon a Time em Hollywood eleva esta tendência a todo um novo nível.
A crítica da Vanity Fair diz que, por vezes, o filme ameaçava ser nada mais do que uma “colecção de peças disformes” e o Hollywood Reporter avisou que “as duas horas de desvios, recapitulações e distracções que precedem o clímax explosivo de violência gráfica não têm trama”. Mas, sem enredos ou não, ambos os críticos encontram muito para elogiar no filme – e não apenas o enorme elenco do filme.
“Este curioso conto de fadas pode não ser verdadeiro e pode prolongar-se durante muito tempo”, diz Richard Lawson, da Vanity Fair, “mas quando as suas estrelas finalmente se alinham e soltam o seu brilho inconfundível, os filmes de Hollywood voltam a parecer realmente especiais”. “Parece ser o momento de maior diversão que o realizador teve nos últimos anos”, lê-se na write-up do Vulture. A resenha de B-grade do IndieWire foi menos espampanante do que algumas das outras saídas de Cannes, mas ainda assim rende-se perante a habilidade distinta de Tarantino de criar “universos como ninguém”.
A crítica do The Guardian resume tudo um pouco mais directamente, sem rodeios:
Limito-me a desafiar qualquer um com sangue vermelho a correr-lhe nas veias a não reagir à bravura alucinante do cinema de Tarantino, a não saltar da cadeira a cada momento de prazer que este filme oferece – e, ao mesmo tempo, claro, a não estremecer com o horror e a crueldade do seu resultado alucinante.
E, falando desse resultado – sim, o ” último filme de Tarantino” culmina num final de violência brutal e clímax que, podemos apenas imaginar, se centra em torno dos assassinatos brutais de Manson. Mas, ao que parece, Tarantino colocou a sua própria interpretação nessa história em particular, ao estilo de Inglourious Basterds. “Não há motivo para entrar em detalhes, mas é desnecessário dizer que o filme é uma forma de revisão histórica, que já nos é familiar por outros trabalhos recentes de Tarantino”, escreve o IndieWire.
Já nós, vamos ter de esperar até que o filme chegue aos cinemas [a 26 de Julho nos EUA e a 8 de Agosto em Portugal] para descobrir o que é que isto significa mais exactamente. Até lá, mantém-te animado. Este vai ser bom!
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