As Melhores Músicas Para Ouvir Quando Você Está Filmando um Vídeo no Brasil e na Venezuela

Outubro passado, fui ao Brasil e à Venezuela participar de um expedição especial para os Hotéis Ibis. Se você quiser ver o resultado e aprender a colocar uma cama no topo do penhasco mais alto do mundo – o mesmo que inspirou Arthur Conan Doyle a escrever O Mundo Perdido -, clique aqui. Publicidade em geral é um saco, mas esse vídeo envolveu duas semanas viajando pela América do Sul, nas profundezas da floresta, para tentar colocar uma cama num lugar assombrado. Você vai entender que entre isso e congelar minha bunda em Paris, a escolha foi rápida. Foi minha primeira viagem à América do Sul. Normalmente, quando visito um país estrangeiro, a melhor maneira de entender a cultura local acontece por meio da linguagem universal da cerveja, tomando várias com o pessoal local. No entanto, como eu estava lá a trabalho, a interação social que tive com eles foi principalmente por meio da música que ouvi no rádio. Por isso, decidi fazer uma playlist das músicas que escutei durante a viagem, no caso de um dia você precisar gravar um vídeo na América do Sul (nunca se sabe).

Title Fight – Head In The Ceiling Fan

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A primeira coisa que você tem que saber antes de ir para Manaus é que lá é superquente e superúmido. Quando saí do avião, senti a onda de calor mais poderosa da minha vida. Eu tinha acabado de sair de Paris, onde a temperatura estava na casa dos 10º e, de repente, senti como se estivesse entrando numa estufa tropical. Um cara como eu não consegue sair de casa sem suar como um porco. Então, fiquei no quarto do hotel com o ar-condicionado ligado no máximo, tentando ouvir a música mais branca possível para não suar como num show do Turnstile.

Metallica – Enter Sandman

Fomos para a Venezuela depois de passar uma semana na estufa do inferno que é Manaus. Depois de uma viagem de 15 horas de ônibus pelo meio da floresta, chegamos à fronteira, onde outro time estava esperando por nós em caminhonetes enormes. Não sei quem disse que a Venezuela é um país comunista, porque parecia que a gente estava dirigindo pelo reino do capitalismo: todo mundo tinha carros enormes e ouvia rock de arena ou músicas da Adele e Rihanna. Por causa disso, nosso carro ganhou o apelido de “Bonde da Festa”. No entanto, tenho certeza de que não tínhamos autorização para ouvir Metallica numa Dodge Ram a 250 km/h numa rodovia serpenteando pela montanha.

Stromae – Alors On Danse

Logo entendemos que nossa equipe venezuelana curtia música dos anos 1990 com muitas guitarras. Quando chegamos, no meio da noite, fomos direto para o acampamento — uma cidade indígena chamada Paraitepuy no meio do nada. Com o sol se pondo do outro lado, uma chuva torrencial começou a cair enquanto passávamos por uma estrada muito íngreme. Eu tinha certeza que a gente ia cair num barranco fundo, e enquanto eu fazia o sinal da cruz e confessava meus pecados, a garota que estava com a gente colocou “Alors On Danse” do Stromae para tocar e começou a cantar com o nosso motorista.Naquele momento, a música era praticamente a única coisa me mantinha vivo. Então, fiz o que tinha que fazer e comecei a cantar junto.

Sublime – What I Got

Na verdade, todos os nossos amigos venezuelanos eram grandes fãs de esportes radicais. Quando não estávamos filmando, eles ouviam música bem alto em suas picapes, bebiam Gatorade, faziam kitesurfe e riam. Eu meio que me senti num acampamento de férias perto de Barcelona, especialmente quando eles colocaram o álbum do Sublime, esse tão conhecido grupo intelectual californiano, para tocar no volume máximo no meio da vila indígena.

Billy Joel – She Got A Way

Essa filmagem foi exaustiva. A gente trabalhava das seis da manhã até dez, onze da noite. Um dia, eu estava tão cansado que caí no sono ouvindo Billy Joel, com todas as luzes acesa e a porta do meu quarto aberta. Claro, todos me viram e começaram a me filmar roncando enquanto “She Got A Way”, ou a música mais comprometedora para um cara heterossexual ouvir, tocava no estéreo.

Celine Dion – My Heart Will Go On

A filmagem já tinha terminado. Estávamos voltando da Venezuela. Depois que um cara conferiu nossas bagagens na fronteira – os funcionários da alfândega estavam procurando por algum material hi-fi que pudéssemos estar trazendo da Venezuela – pegamos táxis para Boa Vista, a cidade brasileira mais próxima. Se as estradas da Venezuela são OK para mim, no Brasil, elas são horríveis e cheias de motoristas que não dão a mínima para nada, especialmente paravocê. Achei que seria o fim: nosso motorista era louco e parecia não ligar muito para os ônibus que vinham em nossa direção. Ao mesmo tempo, a parte mais brilhante da trilha sonora do Titanic saía do alto-falante no carro. Se a gente tivesse batido num ônibus, ia ser uma morte triste e miserável.

Claro, estou de mimimi, mas essa viagem foi provavelmente a coisa mais extrema que já fiz na vida. Andei de barco pelo Rio Amazonas, como se fosse o Klaus Kinski em Fitzcarraldo. Também coloquei os pés num país comunista, andei de helicóptero e comi um prato com linguiça de formiga, o que nunca teria acontecido se eu tivesse ficado em casa, mandando piadinhas para os meus colegas de escritório pelo iChat. Obrigado Ibis, vocês deram um gostinho da vida de verdade para este nerd insatisfeito.