​Líderes das organizadas de SP contam como a tragédia com a Chapecoense fez com que firmassem acordo de paz
Foto: André Lucas

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VICE Sports

​Líderes das organizadas de SP contam como a tragédia com a Chapecoense fez com que firmassem acordo de paz

"Demos antes dois ou três passos para trás e agora damos cinco ou seis pra frente."

"Força, Chape!", cantavam todos, seguidos por tambores e gritos apaixonados.

Sem polícia, sem xingamento e sem confusão, as quatro maiores torcidas organizadas de São Paulo se reuniram ontem em frente ao Estádio do Pacaembu, na capital, para homenagear, juntas, a Chapecoense, clube de Santa Catarina que perdeu um time inteiro depois de acidente aéreo em Medellín, na Colômbia, na semana passada.

Colamos no evento histórico e perguntamos a mesma coisa aos presidentes de Gaviões da Fiel, Independente, Torcida Jovem e Mancha Alvi Verde: sobre que esse trágico acidente com a Chapecoense fez vocês refletirem? As respostas estão abaixo – e sugerem que a pacificação entre elas está muito próxima.

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Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

Chico Malfitani, jornalista e fundador da Gaviões da Fiel
"Como brasileiros, não poderíamos deixar de sentir uma tragédia dessas – uma tragédia que poderia ser evitada, né, as notícias mostraram isso. A gente já estava conversando para começar um processo de pacificação, o primeiro passo entre as torcidas. Do jeito que o futebol moderno está, só afasta o torcedor dos estádios. Aproveitamos esse fato da Chapecoense para dar o primeiro passo. Aquela ideia de que torcedor do outro time é adversário, não inimigo mortal. Isso é uma coisa inédita, Torcida Jovem, Mancha Alvi Verde, Independente frente à frente, tudo na paz. A gente gostaria que todos que ganham com futebol tomassem a mesma atitude. Nós vivemos num país violento. Então não é só a torcida organizada. A mídia criminaliza tudo o que é organizado, esquerda organizada. Aqui não tem polícia e podemos iniciar um processo de pacificação."

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Cosmes Damião Freitas Cid, um dos fundadores da Torcida Jovem do Santos
"Olha, para gente que tá no futebol desde 68, perder uma equipe numa cidade pequena, onde você vê que a cidade suspirava futebol, onde a cidade vivia futebol, é um tragédia. A gente que é esportista e frequenta estádio de futebol se emociona com perder uma equipe. Mas esse legado, Deus é bom, porque tá unindo todos os povos. Infelizmente não é num ato de felicidade, é numa tragédia que faz os povos se unir. E levou também todas as torcidas organizadas de São Paulo se unir. E aqui nasce uma esperança que a gente caminhe para a paz. Hoje é um marco importante. Numa tragédia nasce a paz e a união.

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Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

Nando Nigro, presidente da Mancha Alvi Verde
"Como ser humano, o mundo todo se sensibilizou. Então a gente não pensa só como torcedor, não só por ser torcida organizada, a gente é ser humano também. Todo mundo ficou sensível com isso aí. Acho que é um pontapé inicial a gente estar aqui hoje. Para depois podermos torcer cada um do seu lado, numa paz."

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Henrique Gomes, presidente da Torcida Independente
"Luto em forma universal. A gente que viaja em estrada, avião também, sente o peso da tragédia. A gente tá sentindo até hoje essa situação que aconteceu lá, moveu o mundo, moveu pessoas. Somos ser humanos também cabíveis a erros, né, como todo segmento da vida e da sociedade. A gente já estava estudando essa união. Vamos adquirir nosso respeito de uma forma universal. O que aconteceu aqui foi histórico. Demos antes dois ou três passos para trás e agora damos cinco ou seis pra frente. Foi espontâneo. Policiamento, Federação Paulista e a própria promotoria devem rever melhor seus conceitos. Mais festa e menos violência."'

*** Confira abaixo mais fotos do encontro das torcidas.

Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

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