O futebol foi inventado para comermos bifanas, couratos e bebermos cerveja em copos de plástico à porta dos estádios (ou para acabar com a masturbação). Até podes substituir as bifanas por hambúrgueres, ou sandes de leitão gourmet, mas a premissa é sempre a mesma. Enfardar é tão essencial para a bola, como o João Félix para um dia sermos Campeões do Mundo. Tão certinho como o Varela ter ganho três troféus este ano sem jogar um segundo [Nota do editor: alertados por um “simpático” e “afável” comentador no Facebook, fomos verificar e, tecnicamente, por não ter jogado pelo menos um minuto, o enorme Varela não é campeão pelo Benfica. Ainda assim, como disse o também guarda-redes polaco Kieszek ao Diário de Notícias em 2017, “Somos sempre campeões, mesmo que não tivéssemos jogado qualquer minuto]. Tão limpinho como Bruno Lage gostava que os benfiquistas tivessem deixado o Marquês.
Ir a qualquer estádio – ou campo – sem passar duas horas antes do jogo nas roulotes devia ser proibido. É aí, nesses atrelados transformados em cozinhas ambulantes, que os teus sonhos gordurosos de mostarda a escorrer pelo queixo se tornam realidade. É aí, nesses paraísos resplandecentes de imperiais mortas à nascença, que um homem se faz homem, uma mulher se faz mulher e as crianças percebem finalmente o que é ser adulto: basicamente, querer ser criança outra vez, mas carregados de álcool na mona e com o futebol como desculpa.
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E, se juntas a este cocktail-tropical-à-beira-de-uma-piscina-nas-caraíbas o facto de ser o último e decisivo jogo da temporada, um bocadinho de sol e um estádio há muito esgotado, pois bem, tens os ingredientes essenciais para uma tarde inesquecível.
Para os benfiquistas em geral, ir ao Marquês comemorar o título – como fizeram ontem, sábado, 18 de Maio, milhares e milhares, depois da vitória por 4-1 frente ao Santa Clara – pode ser o auge da festa, aquilo por que andam um ano inteiro a espumar, mas para uma determinada cepa de benfiquistas (como para adeptos de outros clubes, obviamente), ontem nada foi melhor do que ver o jogo ali, junto às roulotes, com o Estádio em fundo, imperial sempre a sair, o cheiro da bifana a purificar o ar, a chapa sempre quente, sempre pronta, os petardos e as tochas da vitória final. Quantas bifanas consegues levar nas mãos de uma só vez? Quantas imperiais? Ainda ninguém inventou um porta-sandes-de-carne-de-porco de cartão? Deviam.
Ali, todos juntos ao ar livre, sem restrições, sem medos e, principalmente, sem fome e sem sede, o Benfica ganhou o 37 e os reis da cozinha ambulante espalharam a sua magia. Sem factura!
Abaixo podes ver mais fotos da nossa tarde à porta do Estádio da Luz, mesmo até ao apito final (e à última bifana).
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