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Meio Ambiente

Manter a Amazônia intacta é melhor para a economia, diz estudo

Preservar a floresta economiza US$ 8,2 bilhões por ano, mas o novo presidente brasileiro parece deslumbrado com os ganhos de curto prazo.
Madalena Maltez
Traduzido por Madalena Maltez
MS
Traduzido por Marina Schnoor
An aerial image of the Amazon rainforest
Imagem: Wikipédia.

Se você é um ambientalista, o valor da Floresta Amazônica – que equivale à metade das florestas tropicais restantes do mundo – é óbvio. Mas, para quem está mais interessado no valor financeiro do bioma, derrubar esse magnífico ecossistema para construir fazendas, minas e infraestrutura pode parecer um empreendimento mais lucrativo.

Só que essa teoria financeira capitaneada pelo presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro pode não fazer muito sentido: um novo estudo de economistas e engenheiros agrícolas publicado recentemente mostra que o benefício econômico da floresta conservada é de US$ 8,2 bilhões por ano. É um benefício econômico que supera de longe os ganhos de curto prazo do desmatamento.

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“A floresta deveria ser salva quando medida num sentido puramente econômico”, diz o estudo, publicado pela revista científica Nature este mês.

Esses US$8,2 bilhões incluem benefícios das indústrias sustentáveis que atualmente funcionam na floresta, como o cultivo de castanhas e madeira de seringueira. E também leva em conta os benefícios econômicos da influência ambiental da Amazônia, como sequestrar dióxido de carbono e regular o clima local.

Derrubar a floresta reduziria as chuvas tão significativamente que geraria uma perda anual de US$ 422 milhões para a agricultura, derrotando o benefício de ter mais terra para plantar.

Esse número não vem de um cálculo qualquer num guardanapo. São resultados de um estudo econômico rigoroso em que os pesquisadores analisaram dezenas de fatores contribuintes, e contraditórios, para criar um mapa espacial dos valores econômicos por toda a Amazônia. Mesmo assim, os pesquisadores apontaram que esses números só capturam uma fração do “valor geral incomensurável da Floresta Amazônica”.

A descoberta veio numa boa hora porque o Brasil, lar de 60% da Amazônia. Bolsonaro, afinal, é a resposta brasileira ao presidente americano Donald Trump; ele é anti-globalista, nega as mudanças climáticas, sugeriu que vai tirar o Brasil do Acordo Climático de Paris e disse que vai começar a derrubar a Amazônia para explorar minas, criar fazendas e construir represas.

Mas nem os negacionistas das mudanças climáticas mais cabeçudos conseguem argumentar contra o dinheiro — e esse estudo mostra claramente que o benefício econômico da Amazônia é muito maior se ela continuar de pé.

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