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Este cara quer que você aprenda a hackear seu plug anal

O desenvolvedor Kyle Machulis não ficará satisfeito enquanto não houver mais softwares de código aberto para brinquedos sexuais.

Já reparou que os sex toys conectados à internet são todos iguais? A razão é é que os softwares que operam nesses dispositivos íntimos permanecem, em sua maioria, fechados, isto é, não são compartilhados para que usuários possam modificá-los. Na prática, isso significa as ferramentas já são prontas e quase impossíveis de modificar. É como se a Apple fabricasse vibradores e plugs anais.

Por isso um desenvolvedor chamado Kyle Machulis criou a Buttplug: um "padrão de controle de sex toy" que permitirá aos desenvolvedores criar softwares para controlar os brinquedos eróticos com uma ampla gama de linguagem de programação. A ideia é que diversas comunidades personalizem a interface e a funcionalidade de seus toys de acordo com suas necessidades – a maioria dos brinquedos sexuais, você deve saber, são projetados para heterossexuais.

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Para compreender a importância do projeto, precisamos analisar o paradigma atual dos sex toys controlados por computador (o papo vai ficar bem nerd, me desculpem): atualmente, se alguém deseja controlar um dispositivo conectado de uma forma que não é suportada pelo fabricante, eles precisam saber se comunicar com APIs bluetooth em linguagens como o C# (no Windows) ou por meio do Web Bluetooth do Google Chrome, e também conhecer os protocolos de comunicação do próprio dispositivo.

Se os desenvolvedores forem capazes de escrever códigos simples que funcionem para uma grande quantidade de dispositivos, mesmo que cada dispositivo tenha comandos muito diferentes em nível de hardware, eles poderão trabalhar a maior parte do tempo nas partes divertidas: descobrindo formas novas e inesperadas e até, quem sabe, possibilidades mais prazerosas de interação com seus produtos. (Uma explicação mais detalhada pode ser encontrada na documentação da Buttplug.)

Machulis escreve artigos e códigos para software relacionados a sexo há anos e está bastante animado para usar seu conhecimento em robótica e engenharia para revelar alguns dos mistérios dos dispositivos novos no mercado a um público grande.

Machulis me contou, em entrevista por telefone, que a contradição presente nos sex toys é que eles são, ao mesmo tempo, muito íntimos e produzidos em massa. Isso dificulta o desenvolvimento de produtos que possam atender desejos específicos de certos usuários. Com relação a isso, abrir o código-fonte de uma plataforma como a Buttplug também tem um aspecto democrático: permite aos desenvolvedores criar funcionalidades para usuários de grupos marginalizados, cujas necessidades não são atendidas pelo design padrão.

"Estamos muito interessados em interfaces inclusivas – coisas que a comunidade LGBT pode estar interessada ou que possa interessar comunidades com incapacidades diferentes – e o motivo da construção dessa ferramenta [em código aberto] é que nós não temos essas respostas", afirmou Machulis. "Queremos ajudar essas comunidades a criar suas próprias ferramentas, mas para isso, são eles que têm experiência em pegar essas ferramentas e transformá-las do jeito que preferirem."

Como bem observado, estamos em uma encruzilhada, em que a grande mídia debate vigorosamente o futuro do sexo com robôs, enquanto ignora questões mais imediatas relacionadas com as pessoas que podem ter acesso ao software e ao hardware por trás dos muitos sex toys conectados do mercado. É importante apoiar esforços como a da Buttplug, que ajudam a colocar o software e o hardware dos brinquedos sexuais nas mãos das pessoas.

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