Histórias aos Milhões
Todas as fotos por Carolina dos Santos

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Histórias aos Milhões

O resumo final da décima edição do Milhões de Festa, em modo diário fotográfico.

Ora, então pensavam que se livravam do Milhões de Festa assim sem mais nem menos. Que era só ir a Paredes de Coura e já está. Pois bem, meus caros, de Coura vos daremos conta em breve, mas, antes, há que encerrar Barcelos de vez. Passaram-se 27 dias úteis desde que a cidade minhota assistiu ao arranque do Festival, a 20 de Julho e 12 desde que publicámos a primeira parte do périplo da Carolina dos Santos pelo Festival. Se bem se lembram dessa vez foi só comida e manhãs de vistas enevoadas, mas prometemos que a Carolina iria voltar com mais fotos da sua querida máquina analógica e um resumo íntimo e pessoal da sua experiência. Cá está ele. É agora. Sintam tudo a subir outra vez.

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Olá, eu sou a Carolina e este ano foi a minha sexta edição consecutiva do Milhões de Festa. Não venho aqui comentar concertos nem bandas, que não me cabe a mim fazê-lo e escuso de andar a mandar bitaites à toa. Há pessoas que o fazem melhor que eu. Não tenho um jeito por aí além para escrever artigos, mas queria só falar-vos da minha experiência enquanto parte deste Festival, destas pessoas, destes dias pelos quais aguardámos ansiosamente todo o ano.

Chegámos a Barcelos na quinta-feira, 20 de Julho, por volta das seis da tarde. Para trás, ficou uma viagem longa e apertada num carro de quatro lugares com cinco almas lá dentro, com direito a paragem em Aveiro para abastecer com o famoso hambúrguer do Ramona. Acomodámo-nos confortavelmente na casinha que arranjámos ao pé do IPCA. Depois de cinco anos a acampar/dormir no pavilhão, decidi que este ano era para ser à grande, com direito a cama a sério e casa-de-banho só para mim. Venho ao Festival desde os meus 17 anos acabados de fazer e já fui desde comum festivaleira a trabalhadora voluntária. Desta vez, vim registar este ambiente e tentar mostrá-lo pelos meus olhos.

Ok, voltando ao dia zero. O verdadeiro dia para tainar e curtir uns concertos ao final da tarde, enquanto matamos saudade dos rojões e vinho verde do Minho. Este ano o Palco Taina mudou novamente de local, mas todos concordámos que era o sítio perfeito. Combinava a vista para o rio e as árvores do antigo Taina (#sdds), a comodidade de estar perto do recinto e da piscina e um grande espaço, que permitia que toda a gente estivesse à vontade. Aprovámos.

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Bem, é isto, está a começar. Ainda nem é o verdadeiro primeiro dia e a noite já é memorável, com um set dos DJs da Casa que pôs toda a gente de pé a mexer e bracinhos no ar. Uma das melhores recordações com que fiquei destes dias foi aí, ao estar de repente num círculo gigante, cheio de gente a dançar uns com os outros, aos saltos. Uma felicidade tremenda por estar de volta àquele recinto.

A beleza deste festival também são as pessoas. Dos amigos que trazes da tua cidade, acrescentam-se aqueles de todo o país que revês ano após ano, aqueles aleatórios que vão surgindo, aqueles amigos dos amigos dos amigos que passas a conhecer e aqueles que já conhecias mas cuja amizade se reforça nestes dias de convívio e festa. É assim que um aparentemente banal festival passa de um conjunto de concertos a uma autêntica rede social, em que todos estão unidos pelo mesmo espírito.

Acordámos no primeiro dia já um pouco tarde, mas a uma boa hora para marchar até à piscina. O sol torra-nos durante o percurso e começa a crescer a vontade de nos enfiarmos na água. Chegamos, pousamos as toalhas e ali ficamos durante horas, alternando entre a molha dos pezinhos na piscina dos putos, as conversas no relvado, o abanar do capacete junto ao palco, ou simplesmente a voltinha para dizer oi ao pessoal. De cidra, gelado ou cocktail na mão.

Em alternativa, há o Palco Taina, com os concertos, o rio, a relva. Toda a atmosfera se conjuga para proporcionar o melhor final de tarde. E, já que ali estamos, podemos aproveitar para jantar o prato do dia. Este ano andou pelo rancho, pelo chili e pela feijoada, sempre com alternativa vegetariana – o que é de louvar. E é mesmo de louvar todo o trabalho que a equipa do Taina tem a cozinhar tantas opções de refeição diferentes, desde as bifanas, às sandes vegetarianas e às salsichas, sempre eficientes e incansáveis. Quero muito agradecer por aquela barraquinha existir, que é coisa que não vemos nos festivais comuns e que tantas vezes nos salva o estômago.

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Chegada a hora de jantar, não é só o Taina que está à nossa espera. Como já referi num outro artigo, outra maravilha deste festival é a quantidade de opções para comer. Barcelos, como boa cidade minhota, está repleta de restaurantes e tasquinhas onde se come maravilhosamente bem por um preço acessível. Isto permite-nos a nós, festivaleiros, explorar e ficar a o que nos rodeia, ao mesmo tempo que ajudamos a economia local. Ficam todos a ganhar.

Outra novidade bem-vinda do festival foram as duas mesas de matraquilhos disponíveis para proporcionar serões amigavelmente competitivos. A finalíssima do Milhões de Matrecos, campeonato que uniu Porto, Lisboa e Barcelos aconteceu no segundo dia, por volta da hora de jantar.

Este segundo dia também foi memorável por outro motivo: os bilhetes esgotaram. Centenas de fãs de Graveyard, cabeças de cartaz desse dia, desceram para junto das margens do Cávado para aplaudirem esta banda que actuou pela segunda vez no Milhões de Festa. Não me lembro de ver o recinto tão cheio. Foi bom! Mais gente para a festa.

Por falar em actuações, também foram bonitos os concertos durante a tarde no Paço dos Condes de Barcelos. Por entre as paredes de pedra, num espaço apesar de tudo limitado, Bitchin' Bajas tocaram no sábado e Riding Pânico no domingo, tendo sido a sua 10ª actuação no festival.

Mas, a maior e mais curta festa que aconteceu nestes quatro dias foram os 25 minutos de Suave Geração no Palco Taina, no final de tarde de domingo. Este colectivo assume-se como "instigador do espírito domingueiro" e a descrição não podia ser mais adequada. Todo o hype à volta do merchandising avistado durante o festival (autocolantes, bonés, t-shirts, tote bags e as míticas meias) culminou num festão inesquecível no último dia, com direito a melancia, melão e português amarelo.

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E assim se celebrou a 10ª edição do Milhões de Festa. Claro que muitas histórias ficam por contar. Este artigo não pretende ser um relato completo e fiel de um festival, mas sim uma forma de vos deixar um cheirinho da magia que acontece em redor do Rio Cávado. Tomem mais umas quantas fotos (abaixo). Vemo-nos para o ano.

Acabo com aquele que teria sido o melhor encerramento do festival, se o tivesse sido – DJ Fitz + MC Quesadilla <3