Há dez anos, pagávamos 500 euros de propinas. Agora, os sortudos pagam 1000 e qualquer coisa. Toda a gente sabe que “não é tempo de ir abrir garrafas para as discotecas”, mas mesmo assim fiquei KO com algumas respostas. O ensino superior público elitizou-se de vez e ninguém quer saber. Agora, já só restam duas tribos de estudantes: aqueles a quem os pais ainda podem pagar propinas e aqueles que trabalham para as pagar.
Carolina, 20 anos, estudante
Carolina: Por enquanto ainda consigo, mas tenho exemplos de amigos e colegas que tiveram de desistir por não conseguirem pagar. Além disso, temos de pagar os livros, o passe social, etc. Eu ainda tenho a sorte de poder pagar.
Achas o valor excessivo?
Não acho excessivo, tendo em conta que pagamos 1000 e qualquer coisa. Mas, como temos os livros, os transportes, a alimentação, fica caro, na totalidade… Fazia mais sentido se fosse um pack que incluísse a comida e os transportes?
Sim, isso faria mais sentido. Cláudia, 21 anos, professora em part-time VICE: Sentes a inflação das propinas?
Cláudia: Agora não sinto tanto, porque estou em tempo parcial, mas sente-se. Já deixaste de fazer alguma cena?
Saídas à noite, cinema, jantar, simples cafés com amigos… Que mensagem deixarias aos governantes?
Facilitem-nos a vida. Sei que está difícil, mas a apertar tanto não vamos a lado nenhum. Miguel, 22 anos, estudante VICE: Sentes dificuldades em pagar as propinas?
Miguel: Sinto. O que deixaste de fazer?
Menos festas. Que dirias aos políticos?
As propinas são caras e é mais difícil estudar na faculdade. Marcos, 28 anos, trabalhador-estudante Marcos: Estando a trabalhar não me lixa muito a vida. Que achas do valor?
Deve ser o mais baixo possível. Se fosse de borla, melhor. Por princípio, faz sentido termos propinas?
Tem de se pagar qualquer coisa, mas actualmente é ridículo. Se estivéssemos a viver na Suíça… Agora, tendo em conta os nossos salários… Já cortaste em algo?
Já não ando tanto de carro. Este ano nem fui de férias. E vivo em casa dos meus pais, se vivesse sozinho era mais complicado. Que queres dizer aos nossos governantes?
Vão-se lixar! António, 21 anos, estudante António: Eu estou no privado, pago quatro mil euros por ano. Não interfere muito com a minha vida, porque estava preparado para o valor. Mas, no meu curso temos de estar sempre a complementar [o estudo] com workshops e alguns colegas têm mais facilidade do que eu. Mas o teu pai já abdicou de férias, por exemplo?
Sim, mas nem gosto de pensar nisso. Parece que a culpa é minha. Até porque os meus irmãos andaram no público. Pedro, 21 anos, estudante IVICE: As propinas pesam-te no bolso?
Pedro, 21: A mim não, mas aos meus amigos sim. Há amigos meus que não têm férias, que deixaram de fumar, etc. Queres dizer algumas coisas aos políticos?
Devíamos fazer como lá fora, como em Espanha ou na Alemanha. Quem não tem dinheiro teria acesso ao ensino, mas quando se arranja emprego uma percentagem do ordenado serviria para pagar propinas. Mas achas que as propinas são um bom investimento?
Sim claramente, mas temos de o tornar rentável. Sentes-te privilegiado?
Completamente. Até tenho ajudado um primo meu. Não é tempo de ir abrir garrafas para as discotecas. Gonçalo, 20 anos, estudante Gonçalo: Não sou eu quem as paga. Fora da faculdade, a vida fica mais curta. Pagas quanto, 1060 euros?
Nem sei ao certo. Como é a tua vida agora?
Levo uma vida normal. Não mudou muito, porque os meus pais já estavam à espera. Tens conhecimento de alguém que tenha desistido por dificuldades económicas?
Até agora não. O preço das propinas é justo?
Isso é relativo, não é? Mas no teu caso…
Acho que é um preço justo. Não tenho problemas em pagá-las. Pelo menos até agora.
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Não acho excessivo, tendo em conta que pagamos 1000 e qualquer coisa. Mas, como temos os livros, os transportes, a alimentação, fica caro, na totalidade… Fazia mais sentido se fosse um pack que incluísse a comida e os transportes?
Sim, isso faria mais sentido. Cláudia, 21 anos, professora em part-time VICE: Sentes a inflação das propinas?
Cláudia: Agora não sinto tanto, porque estou em tempo parcial, mas sente-se. Já deixaste de fazer alguma cena?
Saídas à noite, cinema, jantar, simples cafés com amigos… Que mensagem deixarias aos governantes?
Facilitem-nos a vida. Sei que está difícil, mas a apertar tanto não vamos a lado nenhum. Miguel, 22 anos, estudante VICE: Sentes dificuldades em pagar as propinas?
Miguel: Sinto. O que deixaste de fazer?
Menos festas. Que dirias aos políticos?
As propinas são caras e é mais difícil estudar na faculdade. Marcos, 28 anos, trabalhador-estudante Marcos: Estando a trabalhar não me lixa muito a vida. Que achas do valor?
Deve ser o mais baixo possível. Se fosse de borla, melhor. Por princípio, faz sentido termos propinas?
Tem de se pagar qualquer coisa, mas actualmente é ridículo. Se estivéssemos a viver na Suíça… Agora, tendo em conta os nossos salários… Já cortaste em algo?
Já não ando tanto de carro. Este ano nem fui de férias. E vivo em casa dos meus pais, se vivesse sozinho era mais complicado. Que queres dizer aos nossos governantes?
Vão-se lixar! António, 21 anos, estudante António: Eu estou no privado, pago quatro mil euros por ano. Não interfere muito com a minha vida, porque estava preparado para o valor. Mas, no meu curso temos de estar sempre a complementar [o estudo] com workshops e alguns colegas têm mais facilidade do que eu. Mas o teu pai já abdicou de férias, por exemplo?
Sim, mas nem gosto de pensar nisso. Parece que a culpa é minha. Até porque os meus irmãos andaram no público. Pedro, 21 anos, estudante IVICE: As propinas pesam-te no bolso?
Pedro, 21: A mim não, mas aos meus amigos sim. Há amigos meus que não têm férias, que deixaram de fumar, etc. Queres dizer algumas coisas aos políticos?
Devíamos fazer como lá fora, como em Espanha ou na Alemanha. Quem não tem dinheiro teria acesso ao ensino, mas quando se arranja emprego uma percentagem do ordenado serviria para pagar propinas. Mas achas que as propinas são um bom investimento?
Sim claramente, mas temos de o tornar rentável. Sentes-te privilegiado?
Completamente. Até tenho ajudado um primo meu. Não é tempo de ir abrir garrafas para as discotecas. Gonçalo, 20 anos, estudante Gonçalo: Não sou eu quem as paga. Fora da faculdade, a vida fica mais curta. Pagas quanto, 1060 euros?
Nem sei ao certo. Como é a tua vida agora?
Levo uma vida normal. Não mudou muito, porque os meus pais já estavam à espera. Tens conhecimento de alguém que tenha desistido por dificuldades económicas?
Até agora não. O preço das propinas é justo?
Isso é relativo, não é? Mas no teu caso…
Acho que é um preço justo. Não tenho problemas em pagá-las. Pelo menos até agora.