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Games

Dez Coisas que Odeio nos Videogames em 2015

Chegou a hora de parar de pagar pau e tirar todas as frustrações de dentro do meu peito.

Videogame, um passatempo adorado religiosamente por milhões de pessoas no mundo inteiro. Uma ajuda na depressão, um escape legítimo das lutas do cotidiano, da alienação social e até de doenças que ameaçam a vida. Uma indústria gigantesca de bilhões e bilhões de dólares que lucra mais anualmente do que a música e o cinema juntos. Um caldeirão cultural de comunidades de desenvolvedores devotados e talentosos. A chave de milhares de mundos, personagens e histórias lindamente executados – cada um mais memorável e maravilhoso que o outro. Mas chega de pagar pau – tenho de tirar umas coisas do meu peito. Aqui vão as dez coisas que eu mais odeio nos videogames em 2015:

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MANUAIS TOSCOS

Abri a caixa do meu Bloodborne outro dia e não estava esperando muita coisa mesmo. Mas isso é o melhor que eles podiam fazer? Sério? Um folhetinho com o mapa dos controles? E não é só o último jogo do Hidetaka Miyazaki que é culpado disso: manuais de videogames praticamente não existem mais em 2015. Hoje, eles são só uns papeizinhos de "compre nosso conteúdo para download" ou "baixe grátis uma nova skin de merda para o seu personagem" enfiados na caixa, um negócio que exige tanta atenção quanto propaganda política que entregam na sua porta.

Lembro quando os manuais de videogames eram bem escritos e desenvolvidos, quando as empresas gastavam tempo para torná-los parte da experiência. Lembro quando eu sentava para ler os que vinham nos jogos do Genesis várias vezes para imergir completamente naquele mundo antes de enfiar o cartucho no console pela primeira vez. O que aconteceu, porra? Tenham orgulho dos seus manuais. E, falando nisso, se esforcem mais na arte de capa também, tá?

AMIIBOS

"Espera eu contar pro pai que você coleciona bonequinhos agora", meu irmão me ameaçou no final de semana passado. Aos 30 anos, não dou a mínima para o que os meus pais pensam das minhas atividades extracurriculares, mas essas palavras ficaram na minha cabeça por horas depois disso.

O problema é que ele tem um pouco de razão. O que eu estou fazendo colecionando esses brinquedinhos supérfluos e infantis? O que eu ganho gastando meu salário minguado com pedaços de plástico, que só ficam me observando da prateleira da sala com indiferença? Eu consigo parar? Ness, Charizard e Pac-Man saem neste mês. Eu tenho de comprá-los na pré-venda. Tenho de ter o Meta Knight, o Little Mac e a Rosalina. Tenho de ter todos os personagens do FireEmblem. Tenho de ter todos. Vou ao Japão se for preciso. Aí posso me sentar, tomando uma xícara de chá, e descobrir em que tudo deu errado. (Meu Deus, agora eles têm Yoshis de lã? Isso nunca vai parar?)

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Ah, pai, se você estiver lendo: se ir mal nos esportes e ter cabelo comprido não fosse o suficiente, nos últimos meses eu tenho sistematicamente pesquisado e comprado uma série de bonequinhos de 12 centímetros baseados em personagens da Nintendo. Espero receber o certificado de adoção pelo correio em breve.

VÍDEOS DE JOGADORES

Outro dia, fiquei preso num jogo; então, procurei uma transmissão de gameplay de Resident Evil Revelations 2 no Xbox One. Um babaquinha apareceu no canto da tela pedindo para as pessoas curtirem e assinarem seu canal a cada dois minutos. Pelo menos.

Podem me chamar de esnobe, mas não entendo a graça de assistir a esses merdinhas jogando em frente às câmeras. Desculpa aí.

REMAKES REDUNDANTES

Vamos ser honestos: Residente Evil foi refeito vezes demais. The Last of Us recebeu no ano passado uma repaginada ofensiva com velocidade de quadros mais suave. Para alguns, o remake medíocre em HD de Shadow of the Colossus só manchou a memória do jogo. Mesmo o magnífico Dark Souls II está sendo revendido numa caixa diferente, com dragões em partes que não tinham dragões antes. E, mesmo tendo sofrido centenas de horas de morte e miséria com ele em março passado, você provavelmente vai comprar o jogo de novo, né? Eu sei que eu vou. Acaba comigo, Deus.

Ah, e já que estou estragando a diversão de todo mundo aqui,Godof War III não precisava ser refeito também. O jogo estava perfeito da primeira vez e também não era assim tão bom. Ninguém precisa de mais nove horas remasterizadas do Kratos gritando. Próximo.

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CABOS INVISÍVEIS

O DualShock 4 do PS4 é o Hummer dos controles de videogame. Ele tem uma luz multicolorida enorme na frente, vibra mais forte que o consolo de uma divorciada amarga de meia-idade e tem um sistema de alto-falantes inútil, com o único propósito de fazer o telefone no GTA V parecer um pouco mais com uma ligação real. Como resultado, a bateria sempre acaba muito antes de eu terminar qualquer fase, e eu tenho de me sentar com a bunda grudada na beira do sofá enquanto ele recarrega via USB com um cabo de oito centímetros.

Um dia desses, meu controle morreu durante uma luta de parar o coração com o FatherGascoigne (mostrado acima) em Bloodborne, e o personagem chutou minha bunda mais rápido do que já faz normalmente. Claro, existem gambiarras para se estender a vida da bateria. E, sim, eu podia comprar um cabo USB mais longo. Mas é o princípio da coisa que me deixa fodido.

COMPARAÇÃO DE GRÁFICOS

Cada um dos dez minutos que você passa assistindo a um vídeo sério de comparação de gráficos em tela dividida, são dez minutos que você nunca vai ter de volta.

Olha, aquela água parece um pouco menos de mentira que aquela outra água. E,olha, aqueles galhos balançando ao vento parecem um pouco mais convincentes que aqueles outros galhos balançando ao vento. Ah, o lado esquerdo desse vídeo tem mais partículas flutuando que o do lado direito. E,olha, outro vídeo de comparação de gráficos com tela dividida para otários.

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A CHEGADA INEVITÁVEL DO VERÃO

Nas manhãs de sábado, eu gosto de pôr o meu sangue para ferver na cama por uma hora lendo os ["tuítes de final de semana"](https://twitter.com/search?q=#weekend %23yay&src=typd) das pessoas; depois, vou cambaleando até a cozinha de pijama, me sirvo de uma xícara de café e jogo uma torrada murcha com manteiga num prato lascado. Aí vou à sala com o pijama acima mencionado, ligo meu PS4 e jogo o videogame do dia sem interrupção até ouvir, com horror, o despertador "patos" tocando no meu celular para avisar que é segunda-feira. Mas, no sábado passado, eu tive de fechar as cortinas.

Foi aí que percebi. Puta merda. O verão está chegando por aqui. Homens de sandália e short mesmo ainda estando bem frio. Pubs gastronômicos cheios de tias de jaqueta xadrez tomando vinho branco e mostrando seus yorkshires para estranhos. Parques cheios de adolescentes pentelhos jogando frisbee. Está tudo aí. A janela que tenho para jogar videogame ininterruptamente de pijama, sem culpa, está encolhendo, e não tem absolutamente nada que eu possa fazer para impedir isso.

NÃO TER ONDE SE ESCONDER

Visualize a cena. Estou jogando Rebirthe, derrubando M&Ms nos vãos do sofá. Uma notificação aparece. Babaca_genérico_1874 quer jogar Battlefield 4. Não, cara. O tempo passa. Aí surge uma mensagem no WhatsApp. É o babaca_genérico_1874 de novo. "Junte-se ao nosso esquadrão e pare de jogar esses games indies de merda", ele escreve. Ele sabe o que você está jogando e sabe que você está ignorando os convites dele. Ele até sabe que você não curte tanto assim Battlefield. E ele não dá a mínima.

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Sony, eu te amo. Seu PS4 é sensacional. Mas, por favor, pelo amor de Deus, adicione a função "aparecer offline" na sua próxima atualização.

A MORTE DE SILENT HILLS

Algum tempo atrás, escrevi um texto um tanto puxa-saco sobre como P.T. – a incursão encolhe bolas de Hideo Kojima e Guilhermo del Toro no mundo dos videogames de terror – se tornou minha experiência favorita de jogo em 2014.

Então, quando percebi que a partida de Kojima da Konami provavelmente vai jogar Silent Hills num inferno de desenvolvimento, apesar do trailer conceitual foda lançado em 2014, fiquei bastante desapontado – para dizer o mínimo.

Konami, por favor, não deixe Silent Hills cair nas mãos de gente que não saca que terror tem a ver com o estranho, o triste, o surreal e o infernal. Por favor, não deixe isso cair nas mãos de pessoas que veem o Norman Reedus e pensam: "Certo, vamos fazer uma grana suja e rápida com isso". Por favor, deixe o Kojima e o del Toro fazerem mais do que eles estavam fazendo no ano passado. Por favor, finalmente lance outra razão para eu me cagar de medo nas noites de final de semana.

ESPAÇO NO HD, FALTA DE

Desculpa, perdi o memorando que dizia que todos os jogos novos exigem dez terabites de memória só para instalar. Agora, estou vasculhando a Amazon atrás de hard drives compatíveis, sendo que os melhores custam quase cem paus, o que eu podia muito bem gastar em mais Amiibos raros, ou em games que jogo por dez horas e, depois, coloco de volta na prateleira, ou em outra remasterização HD tosca. Além disso, meu PS4 tem um botão R1 que fica preso, Bloodborne é muito difícil, Five Nights at Freddy's é uma bosta e Zelda foi atrasado de novo. E por que eles continuam fazendo jogos de zumbis? E por que jogos digitais custam mais caro que jogos físicos? E por que a Telltale Games demora tanto para lançar episódios novos? E, sim, é melhor parar por aqui. Sério.

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Tradução: Marina Schnoor