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Fotos

Uma Entrevista com Katarina Soskic

Ela é simplesmente uma boa fotógrafa com uma sensibilidade rara. Fora isso, não é feia e tem vários amigos gatos que saem muito bem nas fotos.

Descobri o trabalho de Katarina Soskic por acidente, em um blog, antes de me dar conta de que ela tinha mudado de Belgrado pra Viena recentemente para estudar arte. Numa época de multiculturalismo forçado e entusiasmo expatriado, fui fisgada na hora por ela como uma companheira sérvia, mesmo achando que a nacionalidade não tenha nada a ver com seu estilo de trabalho. Ela é simplesmente uma boa fotógrafa com uma sensibilidade rara. Fora isso, não é feia e tem vários amigos gatos que saem muito bem nas fotos.

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Vice: Como é ser uma fotógrafa em Belgrado?
Katarina Soskic: É fácil, desde que você faça isso para sua própria satisfação ou do seu círculo social. Definitivamente é barato revelar filmes aqui, e tem muita gente talentosa com câmeras baratas e bons olhos. O que não é fácil é o ambiente, não muito compreensivo com fotógrafos. Não existe infra-estrutura para ajudá-los, e o público é tão pequeno que não dá pra levar à sério. Mas devo dizer que ultimamente têm rolado tentativas bem empolgantes. As coisas estão mudando, e acredito que tudo vai ficar melhor logo mais.

As pessoas por aqui acreditam que a Sérvia é país pré-histórico, homofóbico e cheio de trogloditas. Não exatamente o melhor lugar para uma artista sensível e sonhadora…
Bom, essa é uma ideia superficial e previsível, mas há muitos extremos por aqui. Nós, que nascemos aqui no meio dos anos 80 e fomos adolescentes ao longo dos 90, sempre perguntamos se as épocas boas que vieram depois do sofrimento chegaram por causa deles e se esse sofrimento não é a fonte da nossa criatividade. Ainda acho que é mais legal viver em uma sociedade organizada e confortável, mas acho que a experiência que tivemos mudou nosso ponto de vista. Viver nesse tipo de ambiente, mesmo que muito difícil, é muito inspirador. Faz com que a gente acorde e confronte. Mas ainda estamos esperando por uma época calma na qual possamos produzir sem empecilhos.

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O que está rolando na sua foto pra essa edição? Digo, além do óbvio.
É um brinquedinho sexual numa cama, e isso é realmente óbvio. O que não é tão óbvio é que eu tinha esquecido completamente, tanto da foto quanto do objeto em si, antes de entrar em contato com vocês. É uma mistura colorida de memórias. Roupa de cama azul, da minha infância, e um consolo rosa, resquício de um relacionamento à distância.

Por que você mandou essa?
Primeiro eu enviei um monte de outras imagens que eu achei serem muito boas, mas vocês recusaram várias. Aí achei essa, que na verdade mandei meio que como uma brincadeira e agora foi impressa.

Oops. Você tá brava com a gente por isso?
Que nada. É assim que funciona, tudo bem.

Dá pra seguir a Katarina pela página do flickr dela e pelo site. PS: Se você quiser saber como Belgrado é atualmente, dá uma olhada nisso.