Quando junho toma seu posto no calendário anual brasileiro, sempre rola aquele estranho e confuso pensamento de "o Dia dos Namorados, 12 de junho, está chegando". O friozinho de bosta que acomete algumas regiões do país durante o outono piora ainda mais o fator estar sozinho. Quem estiver sem o famoso "cobertor de orelha" durante os próximos dias, a VICE dá uma ajudinha: compilamos histórias de encontros amorosos, carnais e sexuais que foram uma merda. Um lixo. Portanto, não se entristeça. Relembre sempre que o que está ruim pode, sim, piorar.
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Leia aqui nosso acervo de dates desastrosos, que configuram a verdadeira antítese do amor romântico. Aliás: o nome de todo mundo foi trocado porque, obviamente, ninguém quis passar vergonha ou comprometer o crush zoado.
SE NÃO FOSSE O CATARRO
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Julieta Ranheta, guitarrista de banda de rock triste"Sempre fui cupim e gostei de pau velho. Aí peguei um cara mais sênior, que chegava a deixar calcinha em chamas. Ele super num papo que era rich, tava na cidade a passeio e os caralhos. Eu, embora mais velho, ainda trouxa, caí no papo e fui ter uma noite de amancebação (meu corpo, minhas regras). Só que, brother, tudo bem a gente ir de metrô, eu sou super legalize e pró-transporte público, mas a gente foi pra Zona Sul de São Paulo e começou a descer pra uma quebrada muito louca. Quando chegamos no pico, era tipo aquelas pensões para rapazes que a gente vê no centrão, toda podrona. Aí ele deu um migué, disse que não conseguiu hotel a tempo e os caralhos, mas como eu queria dar ralão, falei 'foda-se' e a gente foi pro quartinho dele. O cara tava bêbado. Chegou no quartinho sofrido, abriu a janela e começou a mijar pra fora, que dava pra tipo um quintalzinho da dona da pensão. Terminou de mijar, deitou na cama com o pau mijado pra fora e dormiu. Apenas isso, dormiu. Eu, chokito, fiquei vendo aquilo por tanto tempo e com tanta incredulidade que também dormi. Umas sete da manhã começaram a bater na porta falando que precisava desocupar o quarto porque o cara só tinha pago um dia. Eu não lembro nem de dar tchau. Peguei minhas tupperware e vazei. Subindo pro metrô, veio um Chevette bem sofrido na rua com uns quatro muleke zica dentro. Eles pararam do meu lado e perguntaram onde ficava tal rua. Um cara saiu do carro e me deu um apavoro pra eu entrar senão iria morrer. Entrei chorando baldes. Os caras falavam que queriam todo o meu dinheiro senão eu ia acordar com a boca cheia de formiga. Aí eu falava que não tinha grana, mas eles queriam aloprar mais e começaram a dar volta no carro pra me apavorar. Eu fiquei uma meia hora dentro do carro chorando sangue, pedindo pra não morrer, enquanto eles me alopravam. Falei que não tinha como dar nada de dinheiro mesmo, porque vim de Osasco e onde eu morava nem tinha busão; eu andava uns cinco quilômetros da estação de trem até minha casa. Os meninos ficaram meio sensibilizados e me enxotaram num terminal de ônibus. Voltei para Osasco. Estou vivo."Jacinto Pinto, produtor de vídeo
SAINDO COM UM TIOZÃO RICO (NÃO MUITO)
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FOFURA MORTÍFERA
EU, VOCÊ E MINHA MÃE
MEIA SUJA, REVISTA VICE E PIZZA DA PROMOÇÃO
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Foi horrível. Ele mal conversava comigo. Os meninos fumaram mais um beck e nessa hora eu já estava puta da vida e nem fumar queria. Pediram uma pizza de pepperoni numa mega promo, tipo, por R$ 18, laricaram sorvete napolitano no pote – que foi jogado na roda, com todo mundo usando a mesma colher – e mais uma carne que devia estar na geladeira há semanas, de acordo com o cheiro que saiu dela quando esquentaram no microondas. Ah, também teve a Coca-Cola de dois litros, devidamente compartilhada no gargalo. Claro que me ofereceram tudo e eu estava morrendo de fome, mas preferi dizer que já tinha comido antes e agradeci.Eu não aguentava mais ficar lá no canto do sofá com a meia suja do meu lado sem nada pra fazer e sem ninguém falar comigo. O boy decidiu sentar do meu lado e a maior interação física que fez comigo foi colocar a mão na minha perna. Finalmente, quando ele sugeriu que fossemos embora, entramos no carro e o quê? Acabou a bateria. Eram duas da manhã e ele teve de chamar o seguro. Falei que ia esperar dentro do apartamento. Consegui escolher um lugar sem meias sujas e dormi."Patrícia Mussarela, publicitária
MICKEY TENTANDO ME BEIJAR E EU FAZENDO A MATRIX
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Kenu Rives, designer"Sabe quando você tá naquele clima sem ser oficialmente um date? A gatinha ia me deixar em casa no fim da noite. Mão na coxa, ambos, papo mole e aquele sentimento de que 'hoje vai'. Estávamos quase chegando em casa, morávamos perto um do outro e podia ser tanto na minha casa quanto na dela. Ia rolar, tinha que rolar. Álcool na cabeça, maldade no olhar e de repente um cheiro de carniça invadiu o carro, que com o frio estava com as janelas fechadas. Mano, ela peidou e foi pra valer, de arder os olhos, de chorar. Pensei em me jogar com o carro em movimento, mas nem dar aquela abridinha no vidro eu consegui. Fiquei ali, imóvel, inerte e brochado. Ela parou o carro na porta da minha casa, desci e mal me despedi correndo para respirar ar puro. Talvez ela tenha usado isso como técnica para me dispensar. Confesso que um 'não quero' já seria suficiente, não era necessário tudo aquilo. O mais próximo que eu cheguei de sentir o cheiro dela naquela noite não foi nada legal."Décio Pinto, bioquímico especializado em gases
PEIDATE
ENCONTRO NO MC DONALDS
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PRIMEIROS SOCORROS
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Saímos de lá no maior silêncio. Caminhamos até o metrô sem saber muito o que falar. O date também foi por água abaixo. Nos despedimos na estação e saímos mais umas duas vezes, mas sem grandes emoções como daquela vez."Maria do Socorro, resenhista de séries médicas (sua favorita é Grey's Anatomy)"Eu tinha acabado de terminar meu primeiro namoro, que durou três anos, então não estava muito acostumada a ser solteira. Um dia, entrando no metrô, um cara me parou e, com um super sotaque, disse que me achou 'graciosa'. Achei mega estranho e falei que estava com pressa, mas perguntei de onde ele era. Ele disse que era francês e estava ficando uns dias na cidade para uma competição. Pediu meu telefone e eu passei. Conversamos um pouco para marcar um encontro e fui logo sugerindo um almoço perto de onde eu trabalhava pra me prevenir. Ele falou pra irmos a um restaurante vegetariano. Chegando lá, ele disse que na verdade não ia comer. Ia só tomar um suco porque estava acima do peso pra tal competição de luta. E ainda passou o almoço inteiro fazendo um teste bizarro comigo que definiria se eu era 'carnívora ou herbívora' para me convencer a virar vegetariana. Na hora da despedida, já na rua, ele me perguntou se eu não ia dar um beijo nele. Falei que não e tchau."Ana Agrião, jornalista