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Música

O Quinteto Explosivo apresenta ao Mundo o Pai Natal mais fofinho de sempre

O Quinteto Explosivo lançou o primeiro trabalho discográfico há coisa de um ano e tal, o já clássico "Hinos Politicamente Incorrectos".

Fotografia de Pedro Cardita.

Se tens como objectivo para esta quadra festiva dar cabo da cabeça aos teus pais, pregar um cagaço de morte aos teus filhos, sobrinhos ou irmãos mais novos, ou simplesmente arruinar a festa de Natal do escritório, tens aqui a solução perfeita. Nós na VICE não queremos que te falte nada e depois de várias buscas e consultas populares tão fiáveis como as sondagens de Rui Oliveira e Costa, garantimos que a melhor animação natalícia disponível no mercado é a do Quinteto Explosivo.

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Rapaziada de melodia fácil e pegadiça, e letras de fino recorte literário, o Quinteto Explosivo lançou o primeiro trabalho discográfico há coisa de um ano e tal, o já clássico "Hinos Politicamente Incorrectos" (podes ouvir no Facebook ou no SoundCloud), tentou o apoio do povo para levar a deputada Mariana Mortágua às páginas da Playboy e acabaram lá eles, e agora, numa autêntica demonstração de força e poderio festivo acabam de nomear um dos seus membros como o único Pai Natal de confiança no Universo inteiro e arredores. O verdadeiro, único, inimitável e extremamente sexy António Guterres, responsável pela voz melodiosa e pelo piano adocicado do grupo, que conta ainda com Durão Banhoso e Santana Corpse, na guitarra, Javardo Silva, no baixo, e Paulo Tortas, na bateria.

Fomos falar com eles para percebermos quem são, o que é que querem da vida e porque é que o Natal sem eles é mais chato que uma bifana sem picante. Ah, e também fomos fotografar o Guterres com as suas elfas, só porque sim (mas agradecemos do fundo do coração ao fotógrafo Pedro Cardita, às partenaires Manu de La Roche e Mad-Moiselle Poison e à Ás de Espadas, porque sem eles, o desastre era certinho como o destino).

VICE: O que é para vocês a Santa Festa do Natal?

Quinteto Explosivo: Para nós, o Natal é cenas e coiso, mas tipo, estás a ver, numa maneira bué de fixe sempre a bombar naquela de curtir sem stresses. Nós adoramos o Natal porque ficamos sempre muito emotivos e piegas. É o nosso lado fofinho que fica mais acentuado a fazer contraste com a dureza das nossas pilas que, ainda assim, são muito macias e agradáveis tanto ao tacto como ao paladar. O Natal inspira-nos e torna-nos mais criativos, principalmente na arte dos explosivos que deviam ser colocados na sede da RTP sempre que eles transmitem o Natal dos Hospitais, ou nas grandes superfícies com as músicas natalícias em versão de elevador. Como bons cristãos que somos, o que mais gostamos no Natal é a montra da Intimissimi. Aquilo deixa-nos um quentinho no coração e quando por lá passamos dizemos sempre uma pequena oração de agradecimento a Satanás.

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Fotografia de Pedro Cardita.

Como é que o Guterres conseguiu sacar o lugar ao Pai Natal?

O Guterres é um grande artista e admiramo-lo por ter tido um orgasmo, perdão, um arrepio, quando apertou a mão à Angelina Jolie. Nós tivemos mesmo de ter um orgasmo depois de termos ido à Angelina. Aliás, ela é que veio até nós e nós fomos ter com ela. Fomos e viemos, pronto. Foi algo assim. Voltando ao Guterres, achamos que ele não sacou o lugar ao Pai Natal. Ele é uma boa escolha e que poderá trazer todo um novo orgulho à quadra, com o seu pendor claramente ofensivo, fome de vitórias, vontade de fazer história e deixar um legado desportivo importante a toda a massa associativa. Ele surge como a escolha natural num novo ciclo desportivo que, pensamos, será recheado de sucessos. As vendas dos CDs, com os discursos dele em caixas de ansiolíticos estão aí para o provar.

O contrato é válido para animar todos os shoppings do País, ou só dá para bares nocturnos de má fama?

Nós somos cidadãos do Mundo ou, quando toca a salas de espectáculos, putas de muitas freguesias. Só não vamos às festas do PP porque aquilo está cheio de gajos com penteados à foda-se em vez de MILFs daquelas de direita da zona fina de Lisboa. É por isso que não gostamos da expressão "bares nocturnos de má fama", porque um Passerelle, um Champanhe ou até mesmo um Rasputin (para um público mais sénior onde se fazem bonitas campanhas de apoio ao tratamento da osteoporose) têm a sua dignidade. São locais onde há públicos ávidos de cultura, dispostos a rasgar novos horizontes musicológicos, que se apresentam como o tijolo com o qual se constrói todo um edificado étnico-cultural de memórias perenes e multi-seculares. Por isso, o nosso contrato (é dele, portanto é nosso) dá para todos os shoppings do País e bares nocturnos de má fama excepto, claro, para o PP. Podemos adiantar ainda que estamos em negociações com o Bloco de Esquerda para tocarmos na sede deles e assim podermos ver a Mariana Mortágua a despir-se enquanto nos ouve. Se isso acontecer, prometemos que gravamos, mas não mostramos a ninguém porque somos uns lambões.

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Por falar em Mortágua, dizem por aí que vocês estão para acabar. Não aguentaram a pressão do falhanço da petição para meterem a deputada na Palyboy, ou o Estado islâmico meteu-vos um processo por direitos sobre o nome?

Num processo de intervenção social e de esforço constante por melhorias da sociedade e de apego ao serviço público como ocorre connosco, é natural que não se consiga fazer tudo como queremos logo no momento. O Martin Luther King também não acabou de imediato com a segregação nos EUA, mas graças ao esforço dele os americanos tiveram o seu primeiro Presidente preto que foi o Bill Clinton. Vamos continuar a lutar pela Mariana Mortágua nua na Playboy e, se possível, numa sessão lésbica com a nova Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, Mónica Ferro. Nunca desistimos de fazer Portugal um país melhor.

Tanta coisa e acabaram vocês na Playboy e com vergonha de se despirem. É um mito urbano, ou o vosso problema foi a quantidade de photoshop que os gajos da revista tinham de usar para a coisa ser mais ou menos?

O problema foi que a Playboy não tinha software gráfico para tornar as nossas pilas realisticamente pequenas e isso iria prejudicar a nossa imagem. Além do mais, as gajas que trabalham na Playboy não nos largaram quando lá chegámos e diziam que só queriam treinar as zonas interiores das coxas. O resultado foi que se perderam dias de trabalho por causa disso e a direcção da revista desistiu. O pior de tudo foi ainda termos recebido ameaças das sex-shops das redondezas, porque sempre que íamos à Playboy as vendas de dildos na zona baixavam. Nós acreditamos no pequeno comércio e não queremos prejudicar ninguém.

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Fotografia de Pedro Cardita.

Que fixação é essa com pilas?

Nós somos artistas, campeões mundiais de taxidermia e referências morais da juventude, mas não temos fixação com pilas, porque não percebemos nada de jornalismo. Quanto muito, a haver fixação com pilas, é com as nossas enfiadas na Gianna Michaels ou na Asa Akira. Quanto às outras, deixamos isso para os jornalistas.

Já agora, qual é a história dos vossos fatos? Permitam-me que vos diga que apesar do tom natalício, nota-se bastante a influência do Tom of Finland, se o gajo desenhasse para a Marvel…

Os nossos fatos foram feitos na Tesla a partir de um conceito desenvolvido pelo Felgas que era o nosso "dealer" de ganza biológica quando prestávamos consultoria de escrita criativa a seguradoras que não queriam pagar os sinistros aos clientes. Os fatos servem para reforçar a nossa externalidade enquanto antro-criação em acção de alteridade no tecido multiplástico da realidade mediática da nova tecno-cibernética iluminadora dos interstícios etno-sociais em referências auto-nomizadoras num processo caleidoscópico de estilhaçamento conceptual, mas sem que implique uma obnubilação num vórtice fenomenológico, antes vertendo para uma axiologia tangente a uma transcendentalidade histórica e ao mesmo tempo material. Os fatos também servem para evitar que as nossas pilas façam hematomas nas pessoas que vão aos nossos concertos. No que respeita a esse Tomás da Finlândia, cheira-nos que deve ser mais um boiola e, por isso, não sabemos nada das suas influências em nós. Mas desconfiamos que os jornalistas devem gostar muito dele.

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Vocês são punks, metaleiros, sindicalistas manhosos, a banda do casaco sem ácidos, ou só mesmo uma versão dos Ena Pá 2000 para garotos?

Acima de tudo, produzimos música numa performatividade holística impregnadora de horizontalidades inovadoras que surgem no continuum da desconstrução pós-kantiana num diálogo exponencial da atonalidade Schonbergiana com um percecpcionismo imediatista de reversão polar. Essas cenas de punks e metaleiros ultrapassam-nos porque não frequentamos os estádios de futebol, nem vamos à missa. Apoiamos os sindicatos porque temos imensa admiração pelas trabalhadoras do sexo, hospedeiras da TAP incluídas. Nunca ouvimos falar dos Ena Pá 2000 (deuses), mas se vocês dizem que isso é para garotos, avisamos já que nunca andámos em seminários e que, por isso, só pinamos gajas maiores de idade. Se estivermos com os copos descemos até aos 16 anos, mas não mais do que isso.

O vosso disco, "Hinos Politicamente Incorrectos", é uma boa prenda de Natal, apesar da falta de vernáculo. Concordam? Não acham que podiam ter ido um pouco mais além?

Perguntas dessas no intervalo de pinadas são complicadas de responder porque estamos cansados de fazer muitos cálculos matemáticos. A vernaculidade era mais a especialidade do Passos, mas queríamos autonomizar-nos e produzir um "opus" mais original, em que o seu carácter escatológico não fosse apenas uma reprodução do acervo medieval europeu, mas mantivesse simultaneamente essa herança. Quem nos acusa de falta de vernáculo está maluco. Foda-se…

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Haverá um sucessor antes de acabarem como grupo, ou podemos estar descansados?

Vocês podem estar descansados. Tornaremos as vossas filhas todas em viciadas em sexo. Connosco, claro.

Agora a sério: gostam de música? quem é que anda aí que me aconselhem a ouvir com atenção?

Adoramos música. Na nossa opinião o Passos e o Portas fizeram um excelente trabalho, embora haja actualmente alguma saturação o que é compreensível. Acreditamos que, a ouvir com atenção, deverão ouvir a Mariana Mortágua no sexo. É uma experiência religiosa com a vantagem de não envolver crianças.

Foi um prazer (salvo seja) falar convosco. Querem deixar uma mensagem de amor e esperança aos leitores da VICE?

Recorrendo a uma saudação muito bonita de uma gaja do PCTP-MRPP que se zangou recentemente com a direcção do Partido após o seu fracasso eleitoral, queremos dizer "Estimamos muito que se fodam".