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O Terceiro Ato do MPL em SP Foi Tranquilo - Menos na Hora de Ir Embora

Debaixo dum sol insano às 17h, cerca de cinco mil pessoas se reuniram na Praça Silvio Romero, no bairro do Tatuapé.
Fotos por Felipe Larozza.

Ontem (20), rolou em São Paulo o terceiro grande ato organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da tarifa do transporte coletivo, que foi de R$ 3 para R$ 3,50 na primeira semana do ano.

Debaixo dum sol insano, às 17h, cerca de cinco mil pessoas se reuniram na Praça Silvio Romero, no bairro do Tatuapé. Diferentemente da demora do ato passado, o trajeto foi rapidamente decidido em assembleia: uma bela volta pelas ruas mais famosas do bairro até chegar no Largo São José, no Belém.

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Antes de a marcha começar a andar, nossa reportagem bateu um papo reto com o coronel Sérgio Watanabe, da Polícia Militar. De início, falamos sobre a possibilidade de a manifestação ocupar a Radial. "Nós temos aqui um conflito de direitos: o direito de [se] manifestar e o de ir e vir das pessoas. Então, o ideal seria negociarmos para que todos saiam satisfeitos", relatou o policial. Depois, os excessos vindos tanto dos black blocs quanto da atuação policial nos últimos atos foi o assunto. "Quem atira a primeira pedra, pode ter certeza, não é a Polícia Militar. Eventualmente, a pessoa que sai de sua conduta não responde a nada se não for pego. Nós [policiais militares], não. Se tivermos uma conduta irregular, ela é apurada. Essa é a grande diferença", frisou.

O grande lance do trajeto escolhido era ela: a Avenida Alcântara Machado, codinome Radial Leste. Parar a Radial por cinco minutos é sinônimo de caos total e absoluto. Se o MPL teve medo? "O papel da polícia é respeitar o trajeto que as pessoas escolheram e garantir que a manifestação termine", retrucou Louise Tavares, integrante doMovimento Passe Livre.

E, realmente, com uns pequenos atritos aqui e ali, a passeata seguiu bairro adentro até chegar na disputada Radial. A polícia abriu passagem e os manifestantes viram um baita cair da noite num take amplo, com vista para a estação Tatuapé do metrô e para as adjacentes da avenida.

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No fim do ato, ali no Largo São José, o capitão Ubiraja Storai sorria ao lado de integrantes do MPL. Parecia feliz da vida por não ter dado nenhuma merda o dia todo. Na real, imprensa e manifestantes pareciam meio embasbacados: depois de andar por cerca de três horas debaixo dum calor do caralho, nenhuma ocorrência, nenhuma detenção, nenhuma bomba de gás.

Dois meninos do Passe Livre se abraçaram. Um deles falou um "Deu tudo certo" no ouvido do outro. Foi bonito. E, juntando com o de Guarulhos, a impressão que ficou é que protesto longe do centro expandido de SP é suave.

Mas não foi assim que acabou. Na hora de ir embora pra casa, rolou um vuco-vuco no metrô Belém. Os relatos dizem que uma galera tentou fazer o famoso catracaço e a PM não perdoou: fechou o metrô, utilizou bombas de gás lacrimogêneo e deteve nove pessoas por pixações no metrô, todas levadas ao 8ºDP. Segundo a Polícia Militar, o ato contou com cinco mil manifestantes. O MPL falou em oito mil.

O próximo ato está marcado para sexta-feira, às 17h, em frente ao Teatro Municipal, no centro de SP. E, como de praxe, o MPL conclui com aquela máxima: "Amanhã vai ser maior". Estaremos lá.