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Música

Canções que salvam vidas: Lourenço Crespo

"Nove Canções" acaba de ser editado pela Cafetra Records e é... magia. Não há outra forma de o dizer. Lourenço Crespo a entregar-nos pérolas para a vida. De bandeja.

Está a chover que se desunha. Está um calor infernal. É sexta-feira e estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula. Por outro lado, é sexta-feira, estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula, mas não tens guito. Não te apetece ir trabalhar. Não te apetece estudar. Vais é dar uma volta pela cidade. Espera, está a chover. Pronto, vais ver o mar, que está um calor diabólico. Alto, que isto está cheio de turistas e não dá para ir a lado nenhum. Nunca mais chega a Primavera! Primavera é que não, que é só alergias.

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Um gajo nunca está contente. Se não é do cu é das calças. O que vale é que, como toda a gente sabe, há canções que salvam vidas (os Smiths cravaram-no a letras de ouro no cancioneiro pop para toda a eternidade). Semanalmente, e para que a tua vida ganhe um novo sentido e encontres a salvação possível, deixamos por aqui um desses bocadinhos de lírica e melodia (ou ruído e grunhidos selvagens, conforme a disposição) que têm a capacidade de, em pouco mais de três minutos, te salvarem. Se não a vida, pelo menos o dia.

Lourenço Crespo. Via.

Lourenço, Lourenço, que abuso vem a ser este! Uma canção chegava. Podia ser esta "Novo Par" [vídeo mais abaixo]. Melodia brilhantemente sacada a orgão de feira, Beat Funk nº 3 a adornar e a puxar pelos nossos melhores moves, tu a cantares nesse teu jeitinho safado…Tudo verdade, menos o jeitinho safado, que isso somos só nós a fechar os olhos e a imaginar que estamos a ouvir um novo hit hip-hop americano (em português), com um teledisco carregado de sexo, suor e babes… e o Lourenço a dizer que "faz tudo bem", qual Kanye West de Alvalade, óculos de massa, camisa dentro das calças, a micar as betas da Conchanata.

Na realidade, é mais o Lourenço a apropriar-se do seu (nosso) universo urbano, a desconstrui-lo e, pelo caminho, a erguer uma dessas pérolas pop que podemos passar o dia todo a cantarolar, enquanto descemos a rua a abanar a anca. A gingar, portanto. Coisas simples, mas ao alcance de poucos.

Mas, dizíamos, Lourenço, uma canção bastava e, no entanto, dás-nos nove, "Nove Canções". Nove magnificas canções. Toda uma cartilha de salvação pronta a consumir. A papinha toda feita. Tudo o que foste espalhando por essa Cafetra afora num só fôlego. O teu fôlego. Dos Kimo Ameba, aos 100 Leio, dos teus contributos para as músicas das Pega Monstro [nota: há dias voltámos a vê-las ao vivo e queríamos só deixar registado que foi das coisas mais impressionantes que vimos em muito tempo], aos teus contributos para as músicas do Éme… os teus Iguanas…

"Se eu quisesse era quem quisesse/ se eu quisesse era o Kanye West/ vou ser só eu/ o mais difícil é ser quem sou". Lourenço, difícil ser quem és, só se for por teres tanto talento. Pela nossa parte só queremos agradecer-te. Meteste mais nove canções nas nossas vidas e tu sabes bem a importância que isso tem. Agora vá, vai lá para "Alvalade", "Brincar aos Cafés".

Vídeo realizado por Afonso Mota.