Fabulosos. Inacreditáveis. “Não deixem de respirar”, como afirmava um dos comentadores da Eleven Sports para quem assistia na televisão. Os dois encontros que antecederam a Final da Liga dos Campeões são o espelho do que se passa por estes dias no desporto-rei. A beleza da alta intensidade do futebol inglês dá baile a qualquer liga europeia.
Nem a Alemanha, que revelou o Bayern com pouca parra; nem a Espanha com o Barcelona a pedalar em ritmo morno; ou a Itália, em que a Juventus não tem quem lhe faça mossa; mostraram condições de competir com a Premier League, que acolheu esta época uma revelação chamada Wolverhampton onde mora um alargado contingente português. Em França, os milhões do Paris Saint-Germain chegaram apenas para o campeonato local. Muito fraquinho…
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“E a Liga NOS?”, perguntas tu. Como diria um amigo meu, vamos jantar ou vamos comer hambúrgueres. A competição lusa é um “fast food” que, simplesmente, não conta para o totobola. O tempo gasto em “casos e casinhos”, com a justiça civil e desportiva a ser continuamente cobarde para com as práticas pouco claras dos três grandes, é revelador das várias “congestões” que se podem apanhar se estivermos por dentro do que se vai passando.
Deixa ver se tenho ali algo para acalmar o estômago…
A melhor e mais excitante Liga Milionária deste milénio?
Depois do que se viu nas primeiras mãos, a maior parte dos analistas apostava no apuramento de holandeses (que venceram em Londres o Tottenham por 0-1) e catalães (3-0 em casa ante o Liverpool). O mais curioso é que, em ambos os intervalos no segundo jogo, a convicção manteve-se. Puro engano. No futebol, o inesperado é mesmo possível. Ao menos, a nação que anda imersa na “Brexitrapalhada” vai dando lições noutros relvados.
Em Anfield Road, sem Salah e Firmino, o Liverpool partiu para uma “remontada” incrível, após 45 minutos em que o Barça e o Deus Messi podiam ter resolvido (estava 1-0). Não aconteceu e emergiu um herói que vai sendo cada vez menos improvável: o belga Origi, com o quarto e decisivo golo proveniente de um canto cheio de “ratice” marcado por Alexander-Arnold. Para quem acompanha os reds, o avançado já tinha sido “Éder” num dos últimos lances frente ao Everton de Marco Silva ou, no passado fim-de-semana, quando deu os três pontos em Newcastle. Absolutamente notável o comeback da formação de “You’ll Never Walk Alone” (vitória por 4-0; ver os golos no vídeo acima).
Na Arena de Amesterdão, ao estar em vantagem por duas bolas, os onze “João Félix” (rótulo que dei ao banalizaram a Juventus do Galáctico Ronaldo, em Turim) regressaram dos balneários sem gás e convencidos que o bilhete para Madrid estava garantido. Fez lembrar o comportamento do jovem atleta português quando desliga a ficha da concentração. Por outro lado, com mais de uma hora e meia disputada na eliminatória sem “violar” a rede adversária, a equipa do Tottenham (com o ausente Harry Kane) voou até ao último segundo para marcar três vezes sem resposta.
Autor do hat-trick? O brasileiro Lucas Moura que facturou o último no dramático minuto 96. O entusiasmo foi tanto que o colega Christian Erikssen pediu uma estátua para o craque proscrito no Paris Saint Germain. Que grande cavalgada dos Spurs, que atingem o ponto mais alto da sua vida desportiva.
Diga-se em abono da verdade que o Ajax, depois de ver o resultado empatado a dois, podia ter matado a aspiração londrina num dos vários contra-ataques. Apesar da derrota por 2-3 (ver resumo acima), ninguém esquece o seu desempenho desde Julho do ano passado, altura em que disputou as pré-eliminatórias que davam acesso à Fase de Grupos. O tri-campeão Real Madrid – que teve, aqui e acolá, supostamente o “colinho dos árbitros” nos recentes títulos – foi uma das “vítimas” que deixou pelo caminho. Impressionante.
Olhando para o historial da Champions, penso que a edição 2018-2019 é a melhor e mais excitante deste milénio. É verdade que não há outsiders na Final que venham de fora do âmbito das cinco ligas mais prestigiantes. Nesse aspecto, nos últimos dezoito anos, só o FC Porto conseguiu furar o “muro” dos poderosos e ganhar a prova, em 2003-2004, com José Mourinho.
Ainda assim, não têm faltado encontros sensacionais, caso do Manchester City vs Tottenham (4-3), nos quartos, como garante de uma competição que podia levar a termos a atitude de um certo estudo que culpa a Netflix (e outros serviços streaming) de fazer com que as pessoas deixem de priorizar a prática de sexo… As fenomenais partidas das segundas mãos, das meias-finais, foram uma boa razão para o mesmo.
Falemos no Dia D. Como vai ser a 1 de Junho, no Estádio Wanda Metropolitano do Atlético de Madrid? Lembro o que se passou em Istambul, em 2005. O Liverpool perdia por 3-0 ao intervalo com o AC Milan, empata na segunda metade e leva o troféu ao ser mais eficaz nos penalties. A coisa promete, seja qual for o vencedor.
Outra certeza. A táctica (e o carisma) dos treinadores, é uma das enormes atracções deste confronto britânico. O alemão Jürgen Klopp (Liverpool; 51 anos; por duas vezes finalista vencido na Champions) e o argentino Mauricio Pochettino (Tottenham; 47; pela primeira vez numa Final), são dois predestinados na garra pelo futebol ofensivo e os rostos da excelente ligação que deve existir entre timoneiro e os respectivos plantéis.
The big winner is coming.
NOTA FINAL
A época nas Ligas europeias está a findar. Estas são as minhas vinte e cinco estrelas favoritas entre Julho 2018 e Maio 2019.
Onze tipo (1-4-3-3): Alisson (Liverpool); Alexander-Arnold (Liverpool), De Light (Ajax), Van Dijk (Liverpool), Laporte (Manchester City); Henderson (Liverpool), Wijnaldum (Liverpool), Bernardo Silva (Manchester City); Messi (Barcelona), Sterling (Manchester City) e Salah (Liverpool).
Opções (14): Ter Stegen (Barcelona), Lloris (Tottenham); Éder Militão (FC Porto), Robertson (Liverpool), De Jong (Ajax), Milner (Liverpool), Bruno Fernandes (Sporting), Van Beek (Ajax), Rafa (Benfica), Sancho (Borussia Dortmund), Son Heung-min (Tottenham), Tadic (Ajax), Ronaldo (Juventus) e Mané (Liverpool).
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