Para espanto de muitos, no dia 17 de Maio, foi aprovada no parlamento o projecto de lei do PS que prevê a co-adopção de crianças por casais do mesmo sexo. Um avanço social significativo que vai facilitar a vida de muitas famílias portuguesas. É um passo em frente, sim, mas poderia ser ainda mais considerável se a adopção plena por casais homossexuais fosse aprovada. Quando soube da novidade, fui à sede do Porto da
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Telmo: Estou a ver. Achas que isto devia ir a referendo? Vocês têm chegado à comunidade escolar? Nós trabalhamos com a comunidade escolar num todo, com todas as pessoas que lá estão. Sabemos que dentro dessa comunidade existem pessoas LGBT e já aconteceu algumas dessas pessoas fazerem o seu coming out no momento em que vamos às escolas. Não quer dizer que não o tenham feito antes mas, como sabes, como vivemos numa cultura heterosexista, o sair do armário é um processo constante. Numa circunstância nova, uma pessoa LGBT, para ser identificada como tal, tem de se revelar, nomear-se dessa forma. O facto de o fazerem mostra que as escolas têm feito o seu caminho. É lento, mas leva em conta a inclusão destas pessoas. E para se chegar à adopção plena, a envolvência e a consciencialização dos professores é fundamental. Qual é o principal mito da adopção plena, q que se instalou na sociedade e que precisa de ser esbatido rapidamente? Mas não só… Também há quem diga que é contra-natura. Achas mesmo que a criança pode pensar que a norma familiar são os casais do mesmo sexo? As famílias homoparentais ainda têm muito receio em expor-se? Depois da co-adopção, achas que a adopção plena está aí ao virar da esquina? Ouvi pessoas a defender que as leis da adopção deveriam ser discutidas aquando do casamento. Por que é que achas que isso não aconteceu? E as crianças que vivem com dois pais ou duas mães, estão a ser bem integradas na sociedade? Se entrares em contacto com estas famílias verás que não revelam diferença em relação às outras. Para já, na sua dinâmica interna, são compostas pelo mesmo tipo de afecto e vivem os mesmos problemas de uma família hétero-parental. Passam pela dificuldade adicional de terem de escolher os locais onde os filhos vão estar, por exemplo, e perceber se esses espaços vão respeitar a criança e a família. Temos tido experiências positivas, pelo menos no grupo das famílias arco-íris que se concentram essencialmente na região de Lisboa, o que é significativo. Achas que há uma diferença entre o Porto e Lisboa? Sim, claro. O projecto Porto arco-íris resulta dessa necessidade de fazer uma intervenção especializada na região Norte, que apresenta muitas especificidades. Apesar de nós dizermos que vivemos numa cultura global no que diz respeito ao acesso à informação, essa informação não é recebida da mesma forma em Bragança e em Lisboa. Há o entrave dos valores locais e um homossexual que esteja em Trás-os-Montes, por exemplo, não terá tanta facilidade em encontrar pessoas LGBT como um homossexual que viva em Lisboa ou no Porto. Fotografia por Eduardo Santos
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