Esta matéria foi originalmente publicada no Waypoint.
Atualizado em 11/06/2017, às 20h27, depois do anúncio do nome, design e data de lançamento do Xbox One X.
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Chirs Charla não gosta de chamar os jogos com que trabalha de “indie”. Na nossa conversa logo antes da E3 e do inevitável anúncio da lista de jogos do projeto ID@Xbox do qual ele é diretor, Chris constantemente usa a palavra “independente” por completo, tendo plena noção de como a abreviação do termo pode ser confuso e impreciso.
“Eu trabalhei sempre conscientemente tentando não definir o que um jogo ‘indie’ significa”, ele me contou. “Se a gente limita o indie a uma forma muito específica de fazer games, a gente perderia a diversidade que existe agora. E o nosso objetivo não é definir isso pros jogadores – no objetivo é lançar esse conteúdo incrível pro mundo.”
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Desde quando o ID@Xbox estreou em 2014, o projeto – que permitia os desenvolvedores a auto-publicar suas criações, usando as lojas do Xbox e do Windows como plataformas de distribuição – já lançou 500 jogos. “Pagamos centenas de milhões de dólares para desenvolvedores por conta das vendas de jogos que eles publicaram através do ID@Xbox e eu fico muito feliz com isso”, disse Chris. “Todos os desenvolvedores estão satisfeitos com essa experiência. Os resultados excederam todas as nossas expectativas, mesmo.”
“O controle é, para mim, o mais importante para essa cena independente.”
Fã de punk rock quando era mais jovem, Chris se sente em casa ajudando times pequenos e artistas com idéias únicas a encontrar sucesso – se ele puder guiar as equipes, melhor ainda. E por isso, ele consegue enxergar pelo menos uma similaridade interessante entre o que ele faz hoje e a música que ele curtia antigamente.
“Uma coisa que eu vejo nos jogos com que a gente trabalha, e que eu também via no punk rock, é que os criadores têm o controle criativo total. Não tem ninguém na ID falando que tipos de jogos eles devem fazer – você tem que fazer o game que você quer fazer, seja um jogo de tiro, como Sniper Elite 4, ou um jogo social de criação de criaturas como o Ooblets. E você lança esse jogo.
“O controle é, para mim, o mais importante para essa cena independente. E é isso que os jogadores procuram. Jogos independentes oferecem uma visão pura do que os criadores queriam fazer, seja lá o tamanho da equipe, e eu acho que isso é incrível.”
Perguntei sobre os jogos do ID@Xbox nessa E3 que está logo aí, mas, naturalmente, Chris foi vago na resposta. Cuphead ainda está de pé, e provavelmente vamos ver mais desse jogo com cara de desenho animado na feira de Los Angeles. (Eu joguei na E3 do ano passado e, bicho, o jogo é muito difícil). Ele não não acha que o longo período de desenvolvimento do jogo – ele foi anunciado na E3 2014 – tenha manchado a imagem da ID@Xbox, dizendo que é difícil publicar um jogo, e como o projeto “dá toda a atenção para cada desenvolvedor para que o jogo saia quando estiver completo”. Tudo o que ele pode dizer é que “tem uns jogos que as pessoas vão curtir muito”, e pediu desculpas pela resposta genérica.
A E3 2017 vai ser importante pro console da Microsoft, já que a empresa com certeza, com toda a certeza, vai anunciar uma data de lançamento e o preço do seu novo console “Project Scorpio” – um Xbox marombado que vem com um GPU quatro vezes mais poderoso que o Xbox One. Sob a tutela do projeto ID@Xbox, os desenvolvedores participantes vão receber dois kits de desenvolvimento do Xbox One, gratuitamente. Então, perguntei se os pequenos estúdios independentes também terão acesso ao Scorpio.
“Eu poderia tentar prever pra você como as equipes independentes vão usar o Scorpio, mas provavelmente não vou acertar.”
Houve uma pausa na conversa. Bem longa. Longa o bastante para me deixar em dúvida se a ligação tinha caído. “Eu quero ter cuidado com o que podemos dizer publicamente”, Chris finalmente disse. “Certamente, vários desenvolvedores do ID têm kits do Scorpio em mãos agora, e muitos mais terão no futuro. Ter certeza que os desenvolvedores terão acesso ao hardware de desenvolvimento é um ponto importante do nosso projeto. Mas vou deixar a resposta assim. Não posso entrar em mais detalhes, simplesmente porque eu não tenho certeza do que podemos falar ainda.”
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Chris está confiante, no entanto, que desenvolvedores independentes terão muitas oportunidades criativas para explorar o novo hardware. “Vimos equipes pequenas criar produtos de alta qualidade nos últimos anos”, ele disse, “e essas mesma equipes definitivamente poderão tirar vantagem do poder do Scorpio. Mas estou curioso pra ver, no caso de um jogo que não precisa de alta-fidelidade gráfica, como esse poder todo será usado de um jeito diferente”.
“Eu poderia tentar prever pra você como as equipes independentes vão usar o Scorpio,” contou, “mas provavelmente não vou acertar. Mas sim, vários desenvolvedores que fazem parte do ID@Xbox já receberam um kit do Scorpio, e acho que vamos ver uns resultados fantásticos.”
Alguns dos jogos provavelmente aparecerão, pela primeira vez, durante a conferência da Microsoft na E3 – que você poderá acompanhar aqui na VICE.