O primeiro ato do Movimento Passe Livre (MPL) de 2019 na cidade de São Paulo aconteceu na última quinta (10) em frente ao Teatro Municipal, onde partidos e movimentos sociais como PSTU, PCB, Conlutas e Movimento Terra Livre compareceram. O motivo era o mesmo dos anos anteriores: o aumento do valor da passagem do transporte coletivo, que irá de R$ 4 para R$ 4,30 na capital. Dessa vez, foi colocada em prática uma nova estratégia da Polícia Militar, agora sob comando do governador João Doria (PSDB): policiais mediadores. Eram cinco homens da PM facilmente identificados por coletes azuis que negociavam os trajetos com a organização do MPL.
Durante todo o ato, que começou às 17h, as pautas foram expressas em placas e gritos, que em sua maioria eram dedicados ao governador de São Paulo ao prefeito Bruno Covas, também do PSDB. O clima era de tensão já que, antes mesmo da saída do protesto, um grupo de policiais cercou uma jovem que andava de bicicleta com o pretexto de suspeitas por ela estar com o rosto coberto. PMs com escudos táticos impediam a passagem e a visão de jornalistas e manifestantes que buscavam entender o que se passava na abordagem. A jovem foi liberada em frente às escadarias do Shopping Light.
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A presença dos policiais mediadores não contribuiu para que o clima fosse menos tenso, já que a decisão sobre o trajeto do dia acabou virando um imbróglio – e o histórico de repressão da PM contra os atos do MPL é imenso. Pouco após o ato deixar o teatro sentido Largo do Patriarca, fomos informados pela frente organizadora que a polícia não havia concordado com o trajeto, criando assim um clima de possível conflito a qualquer momento.
Esse mesmo clima pouco amigável entre organização e polícia foi acentuado no Largo do Café, próximo à Bolsa de Valores, quando um cerco da polícia obrigou o ato a descer sentido Vale do Anhangabaú e prosseguir sentido Paissandú. Após a travessia, a manifestação ganhou volume, com novos manifestantes e grupos adeptos da tática black bloc, que se posicionaram à frente da faixa que marcava a liderança do ato.
A manifestação seguiu do centro até a Praça Roosevelt, onde organizadores pediram que os black blocs retirassem suas máscaras para que um confronto com a polícia fosse evitado. O pedido foi negado e, apesar das animosidades entre MPL, BBs e PM, o ato seguiu como planejado durante toda a caminhada pela Rua da Consolação.
No momento, a manifestação concentrava seu tamanho máximo – estimamos uma média de 10 mil pessoas, que saíram da praça e caminharam sentido Avenida Paulista. Segundo o MPL, foram 20 mil presentes.
Na esquina do Cemitério da Consolação, o protesto foi encerrado e o MPL realizou um jogral, informando a todos que a manifestação terminaria ali. Eles também convocaram um novo protesto para a próxima quarta-feira (16). Desta vez, na Praça do Ciclista.
A dispersão se deu pelas ruas paralelas à Consolação e alguns focos de depredação pública foram noticiados. Nas esquinas da Bela Cintra com a Paulista, lixo foi incendiado, pedras foram arremessadas contra carros e vidraças de agências bancárias por um grupo não maior do que 20 black blocs, que se dispersaram na altura do Masp.
Apesar do clima tenso e do histórico de confronto, o ato foi pacífico e seguiu como o planejado por uma mediação ríspida, sem margem para diálogo por parte da PM. Todos os casos de depredação, sem exceções, foram concentrados após a declaração de término do ato pela organização e por grupos que mesmo durante a manifestação divergiam da organização central.
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