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cinema

Filmes com bolinha aos quais Grey não fará sombra

Paixões incendiárias e uma orelha cortada sem dono.

Há uma Grey, que se chama Sasha, que merece todo o nosso respeito porque escreve, é actriz e também fez pornografia. Muita, com elegância e com dedicação. Mas decidiu deixá-lo enquanto era jovem. Na verdade, era a única Grey, até que apareceu um executivo todo janota com o mesmo apelido, mas que se chama Christian. Ele também se tornou famoso no mundo inteiro por causa do sexo, mas a cena dele é mais faz de conta, como num conto. Ou melhor, três contos que ele protagoniza, e que fez com que uma senhora chamada E. L. James pudesse comprar uma ilha privada.

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Basicamente, pôs uma data de leitores (mais leitoras) on fire. Como a Sasha, mas em soft, para todos os públicos. BSDM para ler no metro sem ter que esconder a capa. E depois lá veio o filme. Por isso, aqui tens outras sugestões, para desenjoar. E não te preocupes, que para além destas, há mais.

Blue Velvet

Dorothy (Isabella Rosellini) sabe que o espectáculo começou, porque este gangster psicopata e inesquecível tem gostos estranhos e adora a dominação. É um pervertido em todo o seu esplendor, e com muito orgulho. Desde o armário observa um jovem (Kyle MacLachlan), por isso também curte o vouyerismo. Lynch nunca esteve tão louco nem tão denso. Paixões incendiárias e uma orelha cortada sem dono.

Secretary

Quando o Sundance era o Sundance, podiam descobrir-se jóias como esta, dirigida por um senhor chamado Steven Shainberg, e que antes já tinha feito um filme chamado 'Hit Me', que era uma adaptação de Jim Thompson. Mas com esta pérola 'indie' tocou o céu, e mostrou-nos a maravilha que pode ser o inferno. Uma vez mais, um executivo e a sua secretária. Alta voltagem e um casal com uma química explosiva: Maggie Gyllenhall e James Spader. Ah, é verdade, também há uma personagem chamada Grey. E. L. James?

Il portiere di notte

Com um toque 'arty', que é como se faziam as coisas no glorioso cinema dos anos setenta, Liliana Cavani juntou um oficial nazi e a sua vítima na mesma cena. Passaram os anos, mas ainda há algo entre eles. Como uma chama que não se apaga. E vamos a isso, que os dois são danados para a brincadeira e têm saudades daqueles tempos repletos de momentos de tortura refinada. Estética nazi, fetichismo e sadomasoquismo são os elementos de uma história protagonizada por Dirk Bogarde, galã do cinema intelectual da época, e uma atractiva Charlotte Rampling. Um velho clássico.

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Antichrist / O império dos sentidos

Estão no mesmo nível, na categoria de mutilações sexuais e danos físicos, de diferente intensidade. No filme de Von Trier, Charlotte Gaingbourg e Willem Dafoe começam bem, com uma cena de sexo no duche, mas acabam a torturar-se e a aleijar-se muito. No clássico japonês, a protagonista corta o membro do seu parceiro e passeia-o como se fosse um troféu de caça. É o final de uma 'road movie' sexual que de certeza fez subir a temperatura nas salas de cinema, na mesma altura de 'O último tango em Paris', filme que também disparou as vendas de manteiga, e fez com que muitos se aventurassem em práticas menos católicas.

9 songs

Estes ingleses estão em plena maratona sexual. Qualquer sítio é bom, são como dois 'runners' viciosos na primeira manhã da primavera. Este filme podia chamar-se 'Desde que amanhece, apetece' mas Winterbottom chamou-lhe '9 songs', porque entre uma queca e outra há um concerto. A pena é que estes grupos - à excepção de Primal Scream e Super Furry Animals - deixaram de ser tendência. Algo que não acontece com as cenas de sexo. Um catálogo de posturas e cenários: o kamasutra indie definitivo.