FYI.

This story is over 5 years old.

Tecnologia

A Incrível Safra de Games Indie do Japão

No festival de games BitSummit, em Kyoto, flatos e metajogos estão em alta.

Apesar de ser uma potência no desenvolvimento de games, a comunidade indie japonesa é pouco explorada pela mídia ocidental. Até um tempinho atrás, muitos a tinham como subdesenvolvida.

O festival de games indie BitSummit está determinado a mudar o cenário. Nos últimos três anos a feira tem ocorrido em Kyoto e, a cada edição, fica mais claro a evolução da cena nipônica de joguinhos independentes.

Em nome dos bons e criativos jogos que emergem na terra do sol nascente, o Motherboard foi à edição deste ano e separou alguns títulos que chamaram nossa atenção. As tramas que nos conquistaram vão de meta-narrativas sobre nostalgia noventista à gambás com sérios problemas de gases.

Publicidade

Back in 1995 (Throw The Warped Code Out, PC/TBD)

Com um visual estonteante pelos motivos errados, Back In 1995 fez algum barulho na internet por trazer uma espécie de paródia imperfeita dos gráficos do Silent Hill de Playstation. De baixa resolução, cheio de polígonos tortos e travados (algo que exige um esforço para ser criado com ferramentas atuais, convenhamos), o jogo captura um clima que não existia mais nos games de horror atuais desde aquele ano — aquele medão de não poder ver o que está diante de si e o desespero de não conseguir escapar das ameaças por causa dos controles desengonçados.

Flatos estavam em alta este ano no BitSummit.

Mas Back in 1995 promete ser mais do que um game retrô. De acordo com o designer Ichijo Takaaki, o game "perguntará aos jogadores por que jogar um game como este em 2015".

Estranhamente Back in 1995 começou como um título Playstation Mobile. Como o serviço não existe mais, Takaaki se voltou para o PC e segue atrás de um publisher.

Bad Smell Queue (Xionchannel Software, iOS, Android) / Gassy Mob (Flee Punk, iOS)

Flatos estavam em alta este ano no BitSummit. Cabia aos frequentadores escolherem o de sua preferência: um game de maior score da Xionchannel Software (criadora de incríveis e bizarros games para iOS como Hungrymaster e Electromaster) ou um game de "gás brutal fantástico arcade" com jeitão de Katamari. Em Bad Smell Queue, os jogadores tentam alimentar um gambá a ponto de seus flatos explosivos matarem o máximo de inimigos possível; já em Gassy Mod os jogadores simplesmente saíam correndo livres por um mundo colorido em tons pasteis peidando enquanto fugiam, da, bem, polícia dos flatos. Ambos eram divertidos e muito mais profundos do que nossas risadas infantis poderiam sugerir.

Publicidade

MUSE: Together Is The New Alone (Pygmy Studio, PS4/PSVita)

Nosso preferido de todos é MUSE: Together Is The New Alone, o primeiro game do artista multimídia Baiyon no papel de diretor criativo. Ele havia trabalhado anteriormente com a Q-Games em títulos como PixelJunk 4am e PixelJunk Eden.

MUSE: Together Is The New Alone é um "adventure de amor" inspirado fortemente por sua adoração pela série Mother/Earthbound. As aquarelas de Baiyon se misturam à pixel art clássica para contar a história de um garoto em uma jornada para acordar uma garota. No caminho ele encontra notas e pinturas feitas por ela. Por mais que pouco tenha sido mostrado, o jogo não se parece com nada. Isso é ótimo.

Brave Yamada-Kun (Onion Games, iOS)

Brave Yamada-kun é um divertido jogo mobile autorreferencial da Onion Games, cujo absurdo game para iOS Million Onion Hotel tem sido aguardado por fãs de Yoshiro Kimura, conhecido por games como a aventura beijoqueira Chulip, para PS2.

O jogo é protagonizado por Yamada-kun, um deprimido desenvolvedor de games de 36 anos de idade que trabalha para uma grande empresa. Ele vê sua realidade se distorcer quando tenta criar o RPG retrô de seus sonhos em seu pequeno apartamento.

Cheio de cutscenes incríveis e referências retrô, o game também é uma abordagem esperta para puzzles de lógica; o jogador deve escolher o caminho que Yamada tomará em labirintos criados em seus sonhos (tentando percorrer o máximo destes sem voltar) vendo seu sucesso ou fracasso com base nas decisões do jogador.

Publicidade

Há um prazer único que se assemelha ao de jogar Angry Birds, mas com muito mais profundidade e emoção. Infelizmente, com tantos textos em japonês, um lançamento internacional "não faz parte dos planos no momento", de acordo com Kimura.

Torquel (FullPowerSideAttack, PC/PS4/PSVita)

Pense num jogo de plataforma em que você não controla seu herói — mas sim a caixa onde ele está preso. Essa caixa tem uma característica única em que cada lado seu pode se tornar um "braço" que a levará para frente. Parece fácil, né? Só alternar os lados até chegar ao seu objetivo. Mas e se a caixa estiver em uma fase digna de um jogo de plataforma dificílimo, quase masoquista?

Eis a situação em que você se encontra em

Torquel

, um puzzle de física que é o game de comédia mais bizarro do ano. O jogador deve usar os braços de sua caixa para guiar o herói à saída da forma mais estranha possível. Em locais planos até que é simples. O problema é quando o game lhe apresenta plataformas móveis, esteiras e até mesmo coisas que parecem simples como cantos arredondados. Infinitamente hilário, o game desafia sua destreza e inteligência. Uma joia que esperamos não ser subestimada quando sair para PlayStation 4 e PlayStation Vita.

Drunk Room (Chogetsuku/CyGames, Oculus)

Enquanto aceleramos rumo aos lançamentos comerciais do Oculus Rift e Project Morpheus, os desenvolvedores japoneses começam a se envolver com games imersivos bizarros como Drunk Room. Nele, o jogador atua como um noivo de ressaca que tenta escapar de uma estranha prisão para chegar ao seu casamento.

Realidade virtual numa situação dessas é desorientador; a sensação de estar com a cabeça pesada e com reações mais lentas cria uma experiência de ressaca surpreendentemente imersiva. Existem dois games da série Drunk Room disponíveis no Japão para iOS e, por mais que a versão para Oculus seja apenas um conceito, Arun Mehta, da Cygames, considera o lançamento do game no ocidente como uma "possibilidade distinta".

--

É bom deixar claro que a lista acima não representa nem um décimo do que estava sendo exposto. Não temos dúvida que o desenvolvimento indie chegou para ficar no Japão. Torçamos para que publishers ocidentais e donos de plataformas possam ajudar a colocar esses games em nossas mãos no futuro.

Tradução: Thiago "Índio" Silva