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Tecnologia

O Plano da OneWeb para Oferecer Internet do Espaço Antes da SpaceX

Wyler é o homem que pode desafiar Elon Musk na corrida para conectar o mundo a uma internet veloz, com base no espaço.
​Crédito: Jason Koebler

Uma funcionária da OneWeb sobe no palco e observa a maquete de telhado de palha que está ali, além da caixinha de metal que está sobre o telhado. Greg Wyler, o homem que quer conectar o mundo inteiro à internet, pergunta se ela pode instalar o aparelho, que gerará áreas enormes de wifi e 4G ao redor do mundo. Ela abre um painel solar, depois outro. E deixa o palco. O procedimento leva cinco segundos.

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"É isso", diz Wyler. "Está pronto."

Wyler é o homem que pode desafiar Elon Musk na corrida para conectar o mundo a uma internet veloz, com base no espaço, disponível em qualquer canto do mundo. Ele já construiu uma empresa próspera de internet espacial, e está prestes a construir outra.

Antes de Musk anunciar seu plano de colocar 4 mil satélites provedores de internet no espaço, Wyler lançou a O3b, empresa que tem 12 satélites de internet em órbita e já é o maior provedor do Pacífico. A OneWeb é seu próximo empreendimento, projeto que, diz ele, começará com 648 satélites em órbita baixa, capazes de transmitir sinais de internet a qualquer lugar do mundo.

Crédito: Jason Koebler

Mas em vez de transmitir sinais de internet a celulares, transmitirá a aparelhos que Wyler exibiu pela primeira vez na terça-feira, na convenção Satellite 2015, em Washington, DC.

"São terminais que custarão 250 dólares, e que você pode colocar no telhado do seu celeiro. Cada terminal fornecerá 16 megabits por segundo e criará uma operadora de LTE, 3G e 2G, permitindo com que o usuário estenda a própria rede", disse ele. "São pequenos e leves, fáceis de instalar, e dá para colocá-los onde você quiser."

"O sonho é: como conectar todas as escolas do mundo? Temos uma visão, um plano para permitir com que 2 milhões de escolas se conectem", acrescentou. "Você coloca o terminal no topo da escola, sem botões, sem fios, nada para apontar. Basta colocar o terminal na escola."

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O objetivo, segundo Wyler, não é virar um provedor de internet, ou transmitir o sinal diretamente a celulares ou computadores, mas assinar contratos com empresas locais de telefonia e internet para estender suas redes. Em teoria, a maioria das pessoas que usar a OneWeb jamais saberá que está usando os serviços da companhia.

Wyler na convenção Satellite 2015. Crédito: Jason Koebler

Pelo bem da simplicidade, imagine que você assina um serviço da Vivo (grande parte dos primeiros trabalhos provavelmente será aplicada em regiões rurais da África, América Latina e Ásia). Seu telefone utilizará as torres da Vivo o tempo inteiro, mas se sair do raio de alcance da operadora, no lugar, passará a usar um terminal OneWeb. A Vivo se conectaria ao terminal e pagaria a OneWeb pelo acesso. A vantagem de comprar o sistema, para a Vivo, seria o aumento de clientes em áreas mais remotas.

A OneWeb espera que o plano ofereça a zonas rurais um acesso melhor, mais rápido que a infraestrutura tradicional. Instalar fibra ótica em regiões que ainda estão em desenvolvimento é bem caro e não dá muito lucro — Wyler já tentou fazer isso com uma empresa antiga.

"Caminhei na lama, trancei fibras sob tempestades, consertei fios", contou Wyler. "Usar fibra na África é muito, muito difícil… operadoras móveis são boas com PIBs altos e densidades populacionais altas. Com números mais baixos, são ruins. As empresas não tem motivações econômicas nem meios lucrativos para estender as redes até lá."

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Wyler começou a combater o problema com a O3b, mas a latência e a velocidade ainda são problemas — a órbita dos satélites é muito alta para prover uma internet veloz. Quanto mais satélites forem lançados, e quanto mais baixo voarem, mais rápida será a internet — tanto Wyler quanto Musk já sugeriram que conexões de satélites de órbita baixa talvez um dia concorram com a velocidade da fibra ótica.

"É como morar no quarto andar, e ter um aquecedor de água no porão, você fica esperando." Isso é latência. Bom, [satélites provedores de internet em órbita geossíncrona] estão no 36º andar," disse. "Queremos trazê-lo o consumidor ao primeiro andar, para que você esteja no mesmo patamar que todo mundo."

Terminal que pode ser instalado num carro. Crédito: Jason Koebler

Uma segunda versão do terminal terrestre pode ser encaixada no teto de um carro, ou de uma ambulância, para fornecer sinal telefônico e conexão constantes.

"Basta colocar no carro, simples assim. Não exige nada da operadora, e só liga quando não há sinal da operadora por perto, disse Wyler.

No quesito "infraestrutura terrestre", o projeto parece viável e promissor.

Também soa audacioso, e é mesmo. Para a OneWeb ter chance de prosperar, precisa pensar em como lançar todos esses satélites sem gastar muito. A SpaceX provavelmente não irá ajudar Wyler. Por isso, ele se aliou à Virgin Galactic no lugar.

O lança-foguetes One, da Virgin Galactic, é um sistema de lançamento que ainda está em desenvolvimento e, assim como as missões de turismo espacial da empresa, começará com um avião normal. O avião voará atmosfera adentro e soltará um foguete que, por sua vez, se lançará à órbita, economizando assim bastante dinheiro e custos de combustível.

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"As vantagens são puramente técnicas — começando numa altitude mais elevada, evitamos o lançamento pela parte mais densa da atmosfera e pulamos a parte mais íngreme da curva [em direção à órbita]", disse George Whitesides, CEO da Virgin Galactic, na segunda-feira. "Lançar um sistema sobre o oceano, a uma altitude mais elevada, é bem mais simples, barato e rápido."

Funciona em teoria. O problema é que a Virgin Galactic ainda não realizou testes reais (a empresa diz que testará o foguete na Terra ainda este ano). Se a OneWeb quer mesmo dar certo, vai ter que arranjar uma maneira de chegar ao espaço.

Talvez seja por isso que Wyler passou pouco tempo falando sobre a infraestrutura dos satélites, e focou no funcionamento do projeto em terra.

"Não somos uma empresa de satélites", disse Wyler. "Calhou de haver satélites no sistema."

Tradução: Stephanie Fernandes