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Tecnologia

Os Japoneses Têm um Campo de Pesquisa Dedicado a Relaxar na Floresta

Cientificamente, dar um rolê pela floresta é melhor pra sua saúde do que você pensa.
Crédito: Wikimedia Commons

Muitos escritores, como Ralph Waldo ou Jean Craighead George (autor da fantasia infantil esquisitona Meu lado da Montanha), tentaram usar a língua inglesa para zelar pela restauração do poder da natureza. Ótimas tentativas, mas nada em comparação ao que está rolando no Japão. Em 1982, o Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca japonês cunhou a frase "fazer contato com a atmosfera da floresta e absorvê-la", que pode ser traduzido como "banho de floresta". Shinrin-yoku.

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E pra você não duvidar do poder de um nome tão conciso, shinrin-yoku é um campo legítimo de estudo científico, que está trabalhando em medicina preventiva através de algumas voltinhas pela floresta.

Como eu tentei convencer o resto da empresa a dar um rolê com o Motherboard hoje, o estudo Shinrin-yoku basicamente confirma o que eu e sempre suspeitei: ir para a floresta faz bem pra você. Na verdade, só olhar fotos de florestas já pode ser bom pra você. Mas através de estudos sérios feitos por pesquisadores de verdade, é possível articular e quantificar os benefícios do tempo que você passa fora de um lugar fechado, e eles chegaram a conclusões muito mais rápido do que se esperava.

Um estudo de 2009 conduzido em 24 florestas por pesquisadores japoneses, intitulado "Os efeitos psicológicos do Shinrin-yoku" descobriu que o ambiente florestal promove "menores concentrações de cortisol, batimentos cardíacos menos acelerados, pressão arterial mais baixa, atividade nervosa parassimpática maior e atividade nervosa simpática menor do que no ambiente urbano". Depois de apenas 20 minutos entre as árvores, a galera já estava mais calminha.

Para entender melhor tudo isso, olhar a quantidade de cortisol na sua saliva é um jeito de medir o estresse, e níveis menores de cortisol são encontrados na saliva de pessoas depois que elas dançam, ouvem música, riem ou estão de boa na floresta curtindo, cantando músicas de montanha – o seu nível de cortisol vai ser bem menor lá. Essa atividade nervosa parassimpática é responsável pelo "descanso e digestão" do seu corpo, meio que o oposto de uma luta e fuga, baixando seus batimentos e a sua pressão arterial.

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Mas as árvores não afetam todo mundo da mesma forma. O que se provou benéfico para garotas adolescentes em um estudo de 2013 na verdade não mostrou nenhum benefício para um grupo estranho: cachorros domésticos.

Aparentemente, cachorros domesticados já são muito relaxados e felizes, então ficar brincando entre árvores não fez nada pros níveis de cortisol na saliva deles, de acordo com um estudo da Universidade de Saybrook de 2014. Eles devem tentar de novo com cães usados em trabalhos diversos, como cães policiais e aqueles que vivem com os bombeiros.

Como um dono de cachorro urbano, eu achei isso bem tranquilizador. Depois de passar um fim de semana no interior, eu me senti mal pela minha cachorra, que tinha acabado de ter o melhor fim de semana da sua vida, correndo pelas montanhas, finalmente livre de gatos, skatistas e outros cachorros – tudo que ela detesta de forma irracional – e agora estava voltando para a vida no apartamento, presa. Mas na coleira e andando pela vizinhança naquela noite, ela estava mais satisfeita do que nunca, feliz por estar em casa.

Fica claro agora como eu, como tantas outras interações que temos com bichos, fiz uma projeção. No final, não é como se ela estivesse voltando para o trabalho na cidade no dia seguinte. Eu que estava. Eu era o único desapontado por voltar pra casa e poderia ter usado Shinrin-yoku para me animar.

Tradução: Letícia Naísa