FYI.

This story is over 5 years old.

Noticias

Manifestantes e Jornalistas da VICE Foram Feridos pela Polícia Grega na Segunda-Feira

Alexia Tsagkari, que filmava a manifestação para a VICE News, foi atacada por um policial da tropa de choque na frente do Hilton, no centro de Atenas, depois que a violência entre o bloco anarquista e a polícia começou.
Fotos por Kostas Avramidis e Alexandros Katsis

Matéria da VICE Grécia.

Na noite de segunda-feira, 35 mil pessoas foram às ruas de Atenas para comemorar o aniversário da Revolta da Politécnica de 1973 contra a junta militar grega. Na cidade de Tessalônica, ao norte, cerca de 10 mil pessoas também se reuniram para relembrar a data. As duas manifestações foram marcadas pela presença opressiva da tropa de choque. Segundo relatos, mais de 7 mil policiais foram mobilizados para "salvaguardar" e "monitorar" as marchas.

Publicidade

Violações de direitos humanos cometidos pela polícia durante protestos são lugar comum na Grécia, e segunda-feira não foi exceção. A polícia entrou em confronto com estudantes, transeuntes e manifestantes no distrito ateniense de Exárchia; até o final da noite, dezenas de pessoas ficaram feridas, de acordo com a mídia local. Entre elas, dois jornalistas da VICE: Antonis Diniakos e Alexia Tsagkari.

Alexia Tsagkari, que filmava a manifestação para a VICE News, foi atacada por um policial da tropa de choque na frente do Hilton, no centro de Atenas, depois que a violência entre o bloco anarquista e a polícia começou. Um policial acertou Tsagkari na cabeça com um cassetete e depois a arrastou pelos cabelos enquanto um segundo policial a chutava.

As coisas saíram do controle rapidamente, e relatos de violência policial surgiram aos montes. Diniakos disse que "gangues de policiais da tropa de choque saíram das ruas estreitas de Exárchia de bicicleta, empunhando cassetetes e aterrorizando moradores e manifestantes". Policiais teriam invadido um quiosque na Praça Exárchia, ferindo duas pessoas que trabalhavam ali.

O ataque a Diniakos aconteceu quando ele confrontou um grupo das brigadas Delta e Dias, que, segundo seu relato, ameaçava um grupo de pedestres.

"Um esquadrão da tropa de choque cercou as pessoas, e um deles levantou o cassetete para intimidar o grupo. Corri para gravar o incidente com meu celular; então, um policial acertou a minha perna com a roda da frente de sua moto. Gritei para ele parar. Três policias vieram e me jogaram no chão. Ele me seguraram pela garganta e pelas mãos. Eles só pararam de me bater quando meu colegas mostraram nossas identidades, indicando que éramos jornalistas credenciados", relatou Diniakos.

Publicidade

Além dos repórteres da VICE, um jornalista da MEGA TV também teria sido atacado por policiais na segunda. Uma investigação criminal e disciplinar sobre os ataques contra os repórteres foi iniciada.

Essa manifestação veio alguns dias depois da ocupação do colégio pan-helênico e dos ataques da tropa de choque que resultaram em dois universitários feridos. A VICE falou com os estudantes feridos na semana passada: eles disseram que o ataque foi "gratuito" e "desnecessário".

O jornalista da VICE Grécia Kostas Koukoumakas, que estava em Tessalônica, explicou que "a presença policial era tão forte que, pela primeira vez em muitos anos, os manifestantes tiveram de interromper a marcha várias vezes para pedir que a polícia saísse do protesto. Os manifestantes gritavam 'Tirem a polícia da marcha agora' sem resultado. Confrontos entre a polícia e os manifestantes começaram momentos depois. A tropa de choque jogou gás lacrimogêneo na multidão, que tentou escapar pelas ruas próximas".

Infelizmente, o uso excessivo de força já se tornou a norma no país. Depois que a marcha em Atenas chegou ao fim, surgiram relatos de que a tropa de choque usou gás lacrimogêneo extensivamente no distrito de Exárchia. A Anistia Internacional apontou que essa é uma tática comum dos policiais gregos em manifestações, uma violação clara às leis internacionais. E os jornalistas, claro, não são imunes a isso, mas a violência usada contra eles tem um propósito especial: censurar a imprensa.

Publicidade

A decisão de continuar usando a polícia como meio de repressão é política. Está na hora de as autoridades gregas reconhecerem isso e fazerem algo para impedir que a polícia aja como uma gangue, aterrorizando as ruas da Grécia. Infelizmente, isso parece pouco provável, já que, depois dos confrontos, o ministro da Ordem Pública, Vassilis Kikilias, visitou o quartel-general da polícia de Atenas para parabenizá-la pelo bom trabalho.

Tradução: Marina Schnoor