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VICE Brasil 360

VICE 360 Por dentro da escola da NBA na Rocinha

Subimos o morro para acompanhar a trajetória de um dos participantes do projeto.

Pelo morro da Rocinha, no Rio de Janeiro, é possível ver, entre as muitas rodas de futebol, uma molecada empenhada em bater bola com as mãos, gingar, pular e arremessar. Eles ainda não têm altura de um Leandrinho, tampouco a corpulência de um Anderson Varejão, mas sonham com o dia em que, com sorte, brilharão em garrafões internacionais. De camisetas laranjas, com o logotipo da maior liga de basquete do mundo, meninos e meninas de 10 a 17 anos correm pela quadra, treinam fundamentos e escutam Rodrigo Kanbach Magalhães, técnico de basquete profissional e coordenador do projeto Jr. NBA na Rocinha. "É como se fosse uma escolinha de basquete patrocinada pela NBA, com professores capacitados pela NBA", explica, à beira da quadra.

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Crédito: Fábio Teixeira

Uma das maiores comunidades carentes do Rio de Janeiro, a Rocinha tem se tornado, desde 2010, um pequeno pólo esportivo para os jovens. Herança das obras do PAC, o Complexo Esportivo da Rocinha foi inaugurado em março de 2010 e atende 8 mil moradores com futebol, ginástica, artes marciais, natação, skate, surf, voleibol, pólo aquático e, desde abril, o basquete.

Segundo Magalhães, apenas 10% dos alunos do Jr. NBA da Rocinha praticam apenas o basquete. A maioria realiza outras atividades, o que torna a quadra uma mistura de alunos que amam e vivem o esporte das cestas – alguns até federados – e outros que pouco o conhecem. Morador da comunidade, Bruno, de 17 anos, é um dos que estava acostumado com o jogo. "É interessante os jovens que nunca praticaram basquete participarem aqui", afirma, ao lado de Jonathan, também de 17 anos, que só jogava basquete na educação física.

Crédito: Fábio Teixeira

O Jr. NBA do Brasil – único da América Latina – tem algumas peculiaridades. Aqui também patrocina o projeto GIBI (Grupo de Iniciação ao Basquetebol Infantil) realizado dentro das escolas da rede municipal de três estados: São Paulo, Rio e Bahia. "Então eles dão todo o material, a gente também capacita esses professores, acaba sendo uma grande escada que a NBA está fazendo para divulgar e ensinar o basquete no Brasil", afirma Magalhães.

Presente em mais de 30 países e com 6,5 milhões de alunos pelo mundo, o programa da Jr. NBA tem como objetivo, segundo seus fundadores, incentivar a prática esportiva, e não revelar atletas. Ainda assim, há muito contato dos praticantes com profissionais internacionais. O foco, afirmam, é desenvolver uma metodologia focada em educação e respeito. "De vez em quando vem técnicos americanos capacitar os professores, eles têm uma cartilha, é uma coisa bem avançada", diz Magalhães. "É bem legal trabalhar com a garotada, acho que melhoram todo dia no sentido do respeito ao próximo."

Crédito: Fábio Teixeira

E é claro quehá grande interesse econômico dos organizadores da NBA. Espalhar escolinhas que mostram os valores da liga americana mundo afora, além de reverberar a imagem de filantropia, aumenta o alcance da marca e faz com que se alimente um novo e maior mercado consumidor. "Tem algumas nuances, eles priorizam muito o trabalho em equipe, o respeito ao adversário e gostam de trabalhar a liderança e competividade entre eles", resume Magalhães a filosofia de jogo dos americanos. Para ele, o suporte é muito bem-vindo e pode, no futuro, trazer bons frutos para o esporte e para a comunidade da Rocinha. "Eles nos fazem ter o prazer de trabalhar melhor com esses garotos. Porque realmente eles nos dão muito apoio para fazer essas coisas."

Confira, abaixo, o vídeo em 360 da nossa reportagem no Jr. NBA na Rocinha: