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Entretenimento

Esse Cara Vive, Literalmente, em Frente a uma Webcam

Ari, ou "Cyberman", passa 24 horas por dia na frente de uma webcam fazendo quase absolutamente nada.
Jamie Clifton
London, GB

Ari Kivikangas, mais conhecido como “Cyberman”. 

Ari Kivikangas passa a vida em frente a uma webcam. Mas, diferentemente de muitos vloggers devotados em compartilhar suas vidas com gente que não está nem aí, ele não faz muita coisa; nenhum cover do Kid Cudi no ukelele, apelos desesperados por seguidores e, em nenhum momento, ele tenta ser engraçado.

E esse é o primeiro ponto de venda dele. O segundo é que o Ari – ou “Cyberman”, como ele chama seu programa no Ustream – afirma estar on-line 24 horas por dia, 7 dias por semana, exceto quando vai buscar remédios para epilepsia ou, como ele me contou por e-mail, quando está “pegando mulher (o que não acontece muito) ou me masturbando!”.

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Isso que o Ari faz se chama “lifecasting”, que significa, basicamente, transmitir ao vivo tudo o que você faz, mais ou menos como um Show de Truman autoimposto e com uma fração dos espectadores. E isso é meio fascinante; tem que ser muito seguro de si para não dar a mínima ao bando de pervertidos que assiste você dormir.

Para saber um pouco mais sobre a vida dele, conversei com o Ari, que vive na Finlândia, pelo Skype.

VICE: Oi, Ari. Quando você começou a transmitir sua vida ao vivo?
Ari Kivikangas: Comecei uns quatro anos atrás. Fiquei preso em casa por três meses. Eu tinha muito tempo nas mãos e nada para fazer, então comecei a fazer isso. Sou epilético, então não posso mais trabalhar, por isso estou sempre em casa.

E você passou esses quatro anos on-line o tempo todo?
Sim, fico on-line 24 horas por dia, sete dias por semana.

Você sempre foi uma pessoa assim aberta? Porque deixar as pessoas entrarem na sua vida nessa extensão parece um grande passo a ser tomado.
É um grande passo, sim, porque digo exatamente o que estou pensando o tempo todo. Conto praticamente tudo sobre minha história pessoal – não tudo, mas a maioria das coisas.

Ari, mostrando suas acomodações aos espectadores.

Dê uma amostra.
Por exemplo, contei para o meu público que fiz um boquete num cara. Sou bissexual. Ele veio me ver e eu fiz um boquete nele.

Na frente da câmera?
Não, mas já me masturbei na frente da câmera.

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Regularmente?
Não, só uma vez, um ano atrás. Isso não foi legal; foi uma coisa muito idiota. As pessoas não curtiram.

Por que você acha?
Tive uma reação muito negativa, mas não ligo mais para o que eles dizem – tenho uma escolha de quando me masturbar.

Você fica off-line às vezes?
Só quando vou buscar meus remédios ou quando me masturbo, mas posso fazer isso de outros jeitos, tipo nas minhas calças.

Ari vlogando depois de ser acordado por “paga-paus” no Skype. 

OK. Você assiste ao lifecasting de outras pessoas? Ou você se concentra no seu?
Não assisto a muitas outras pessoas. Só alguns lifecasters realmente falam a verdade. A maioria só está fazendo uma piada disso o tempo todo, nada mais.

Por que você se considera mais verdadeiro do que os outros?
Sou completamente honesto com tudo o que digo. Não tenho nada a perder, não tenho uma vida para perder. As pessoas riem de mim, eu me sinto um lixo e transmito minha vida inteira.

O que você acha sobre a vigilância do governo? Você obviamente não tem problema com pessoas te assistindo, então imagino que saber que o governo pode estar te espionando não é um grande problema.
Não faço a menor ideia do que diabos você está falando.

Sabe, a NSA, aquele escândalo enorme sobre vigilância governamental.
Ah, sim, está por tudo. Alguém está sempre te assistindo e você pode nem saber – na verdade, e muito mais provável que você não saiba.

E isso provavelmente não te incomoda.
É, não tenho nada a perder.

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Você acha que transmitir sua vida mudou você de algum jeito?
Não muito, não. Sou o mesmo cara que sempre fui.

Você tem espectadores regulares? Fãs?
Sim, tenho alguns fãs; eu tenho 125 espectadores regulares e 500 fãs no Facebook. Mas antes de me masturbar, eu tinha 1.000 espectadores.

Você me disse que raramente sai de casa. Você acha difícil lidar com as pessoas off-line agora?
Não, sou muito sociável. Gosto de falar com pessoas. Sou um cara aberto e gosto de ser assim. Então, sim, posso ser bastante social.

O que você faz o dia inteiro?
Estou sempre on-line, em salas de bate-papo e coisas assim. Tenho minha própria sala de bate-papo. E passo muito tempo no YouTube, assistindo documentários. O melhor documentário que já vi foi sobre o Mark Zuckerberg. Ele é um dos meus heróis.

O que você admira nele?
Ele é programador e é muito bom nisso. O que ele fez com essa rede social. É algo muito interativo e legal. E ele é muito rico e eu sou tão pobre.

Por que você não aprende a programar? Tem muita coisa on-line por onde você pode começar.
Sei um pouco de HTML, mas sou um pouco burro e um pouco preguiçoso. Minha medicação é muito forte, então sequer consigo ler um maldito livro. Tomo pílulas para dormir, então, quando vou para a cama, durmo quase instantaneamente.

É justo. Por último, você já assistiu O Show de Truman? Você se sente como o protagonista?
Vi sim, é um filme ótimo.

Legal. Obrigado, Ari.

Leia o blog do Ari aqui e assista ao livestream dele em cybermanshow.fi

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Tradução: Marina Schnoor