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Os perrengues em ser motorista de busão no Carnaval de SP

Lidar com a folia alheia nunca é fichinha.

Foliões dentro de ônibus na região central de São Paulo. 2015. Foto: Felipe Larozza/ VICE

O trânsito pesado da cidade de São Paulo já não aborrece o motorista de ônibus Pimentel, há nove anos na profissão. Mas, durante o pré-Carnaval no último sábado (18), foi preciso respirar fundo. Transportando passageiros entre o cruzamento das Avenidas Faria Lima e Rebouças, na zona oeste, ele foi um dos motoristas que teve de apelar para a paciência e esperar a multidão de foliões dar a vez para que o veículo conseguisse seguir caminho. "Ficamos dentro do ônibus fervendo naquele calorão e impedidos de trafegar na via", relembra. Imagens de ônibus e carros ilhados publicadas na imprensa denotam melhor o desespero.

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A profusão dos blocos de rua na folia paulistana deste ano deixou até mesmo o secretário dos transportes numa saia justa. "A situação saiu do controle", confessou Sergio Avelleda durante entrevista na televisão ao justificar o caos que ficou o tráfego paulistano no fim de semana de pré-Carnaval.

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Pimentel diz que, no dia em questão, os pedestres não respeitavam o farol verde para os motoristas. "Entendemos que todo mundo precisa se divertir, curtir um pouco. Mas acho que deveria haver respeito pelo direito da outra pessoa de ir e vir."

Fiscal de ônibus há dois anos, Cordeiro atua em um dos pontos finais da região central da capital paulista, onde se concentram inúmeros blocos do Carnaval. Para ele, o problema não são as pessoas, mas, sim, as instituições. "O que mais atrapalha é a desorganização da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da SPTrans. Eles mandam documento pra gente falando que tal rua será fechada às 20h. Mas quando dá 18h, eles já fecharam (a via). Aí vamos por onde?", contesta o profissional responsável por fiscalizar as condições de tráfego e as operações dos veículos.

Em tempos de Carnaval, é comum adentrar um ônibus na capital paulista e acabar se surpreendendo com o caminho feito pelo motorista. O curioso é que, muitas vezes, nem ele mesmo sabe por onde ir. "Dependendo da rua em que esse carro entrar, ele não vira. Alguns ônibus têm 23 metros de comprimento. Só vai ter um jeito dele virar: quebrando. E, dependendo de como quebrar, quem paga é o motorista, o fiscal, o inspetor", aponta Cordeiro. Para ele, outra questão relevante são os foliões que se excedem no quesito diversão e acabam derrubando bebidas, quebrando garrafas ou até mesmo vomitando dentro do ônibus.

O fiscal relembra que, no último fim de semana, quatro pessoas pularam a catraca ao chegar no Terminal Lapa e deixaram lixo espalhado no veículo. "O órgão gestor faz fiscalização. Se um carro chegar sujo no ponto, podemos ser multados."

Também atuante na região central, o motorista Nelson, com 18 anos de profissão, parece mais sossegado. "Carnaval é alegria e tristeza. O trânsito fica carregado, cheio, não podemos circular com os ônibus, temos de desviar do caminho. Por outro lado, é só alegria. Alegria do povão", fala, com as mãos no volante.

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