Na Mostra de Curtas “Respira e vai”, uma parceria da Halls com a VICE, apresentamos uma seleção de seis curtas-metragens feitos por diretores brasileiros. Seja uma comédia, um drama ou um romance, todas essas obras têm algo em comum: um personagem que precisa de um fôlego extra para enfrentar uma situação na vida.
Muita gente diz, em tom de brincadeira, que “se tudo der errado, viro hippie”. Mas talvez a expressão correta devesse ser “se tudo der certo, viro hippie”. Afinal, muita gente tem vontade de conhecer o mundo e viver um estilo de vida mais livre, mas nunca encontra coragem para seguir este sonho. Fernando Renny, no entanto, não é uma dessas pessoas.
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Ele largou um emprego na Caixa Econômica Federal para cair na estrada, e conheceu não só o Brasil todo como dezenas de países ao redor do mundo, sempre seguindo a filosofia “você quer, você vai”. O diretor Luccas Soares conheceu Fernando na Tailândia e, inspirado pela história, resolveu fazer um documentário. Assim nasceu De um novo Fernando para o Brasil, documentário sobre a coragem de se experimentar novos modos de vida.
Luccas falou à VICE sobre os dias que passou convivendo e gravando com Fernando, como os dois acabaram criando uma amizade e de como ele mesmo já teve seus momentos “respira e vai”.
VICE: Como você conheceu o Fernando e descobriu a história dele?
Luccas Soares: Estava viajando pelo mundão em 2011 para a realização do projeto Trilhos Independentes e encontrei o maluco do Fernando na ilha de Phi Phi na Tailândia. Comecei a conhecer um pouco mais a fundo a história de vida dele, e não demorou muito para eu propor um documentário sobre essa riqueza de experiência. Um hippie brasileiro que viajava o mundo fazia 12 anos vendendo artesanato e ninguém o conhecia? Como assim? Brasil? Alô? Casado com uma sueca, falava sete idiomas e apareceu na minha vida sem acasos e com muito sentido. São gigantes os gigantes escondidos, né? Era pra ser. Minha missão na Tailândia seria cumprida na ilha de Phi Phi. Eis que surgiu o filme De um Novo Fernando para o Brasil. Os quatro dias que passaria na ilha seriam de convivência com esse novo irmão que criei.
Por que achou que a história dele daria um filme?
A história de vida do Fernando é inspiradora. Uma verdadeira quebra de paradigmas e uma nova leitura sobre o que é o preconceito de ser hippie, ou melhor, ser livre. Muitas pessoas sonham em viajar o mundo e fazer escolhas mais ousadas, o Fernando é o elemento mais motivador para escolhas como essa. Largou tudo, colocou a mochila nas costas e pegou a estrada! Não existem limites e o documentário carrega esse sentimento de livramento de amarras. É uma história que merece destaque e ser compartilhada, é uma grande lição de vida.
Onde foi gravado o curta?
Na Ilha de Phi Phi na Tailândia e em Maya Bay, praia onde foi realizado o longa A Praia, com o Leonardo Di Caprio.
Como foi esse tempo convivendo com ele, durante a gravação do curta?
Foram quatro lindos dias de convivência e foram dias inesquecíveis. Amizades sinceras nasceram durante essa viagem para a ilha de Phi Phi. Nosso novo grupo de amigos passou a grande parte dos dias unida e estávamos em um paraíso particular. A gravação foi entre encontros e passeios, nada muito formal ou climão de entrevista, foram bate-papos muito saudáveis na beira da praia.
Acho interessante quando ele fala que a gente costuma pensar que é impossível, mas é possível. Você tirou alguma lição dessa convivência com o Fernando?
Nos conectamos e minha identificação com o Fernando é plena. O espírito do viajante habita minha alma. Sempre acreditei que todos os nossos sonhos são possíveis e os bloqueios nascem e morrem dentro de nós. Viajar e conhecer o mundo, ter pouco apego com bens materiais, optar por estilo de vida mais simples, essas questões conversam muito com as minhas ideias. Considero o Fernando um grande amigo, inclusive já veio até me visitar em Curitiba.
Você já teve uma experiência “respira e vai” na sua vida, que precisou de coragem para correr atrás do que queria?
Quando decidi sair de Curitiba e ir embora para o Rio de Janeiro aos 17 anos para tentar a vida como ator, quando fui embora para Los Angeles, quando fui convidado para dirigir uma novela nas Filipinas, quando vendi um apartamento para percorrer 27 países sozinho e realizar o projeto Trilhos Independentes, inclusive o documentário do Fernando faz parte dessa jornada, quando decidi cantar e construir minha carreira como cantor, quando abri minha empresa e criei o IHC, quando me juntei com a Rhaissa, minha mulher, quando o Brad (meu golden retriever) teve filhos e decidimos ficar com todos os filhotes, hahaha… Nossa, tem tanta coisa!