Música

De Volta Para o Futuro com Wehbba e Junior C. no Edit Revenge

Existem formas e formas de unir o presente e o passado na música, e nem sempre a melhor maneira é remexer os restos mortais do seu Myspace ou Last.fm, por exemplo. Para tornar essa viagem mais agradável, e porque não explosiva, o duo Edit Revenge imprime uma mistura de vanguarda e hits atuais, na edição de faixas que vão do underground ao mainstream com uma personalidade marcante. Com grandes ambições visuais e sonoras, Wehbba e Junior C., os cabeças por trás do projeto, sabem o que querem dentro dessa piscina genética e inflada de whey que é a seara dos mash-ups, remixes e edits. Eles dizem não ter nada contra isso tudo, somando selecionadas referências musicais à efeitos especiais e alta interatividade visual durante seus lives, criando uma experiência audiovisual pioneira no Brasil.

Nós clicamos a estreia dos caras no Future Sound of Brazil que rolou em março em São Paulo, e agora batemos um papo com eles onde falam um pouco mais sobre o projeto, o crescimento e a importância do elemento visual na eletrônica brasileira, tocar com o Disclosure e clipes interativos. Eles prometem soltar uma nova faixa a cada três meses, então enquanto lê isso, você pode dar o play nas duas faixas já liberadas na página dos caras no Soundcloud, ou essa minimix exclusiva que eles deram pra gente com uma prova do que eles estão guardando para os próximos meses.

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THUMP: Quando vocês se conheceram, e como foi a primeira vez em que fizeram um back to back?
Wehbba:
 Não lembro exatamente quando nos conhecemos, mas já fazem uns 10 anos. Eu tocava sempre no antigo clube Manga Rosa em São Paulo e meus amigos que promoviam a casa começaram a chamar o Junior pra algumas datas. Acho que a primeira vez que tocamos back2back oficialmente foi num aniversário do Fabiano Zorzan, aka Propulse, lá no D-Edge. Talvez por já nos conhecermos há tanto tempo e ter o gosto musical bem parecido, rolou aquele tipo de entrosamento que é bem raro, quando os dois estão na cabine tocando, mas mal se olham ou precisam se falar, mesmo durante as mixagens e o caos comendo ali na pista. Tudo rolou naturalmente. Sempre foi assim, tanto nas gigs em clubs quanto nas festas que fazíamos aos domingos, chamada “whatever…”. Quem já viu, sabe!

E como surgiu a ideia para o Edit Revenge?
Wehbba: Depois de tocarmos juntos muitas vezes, e desconfortáveis com o atual cenário da música eletrônica no Brasil, nós sentimos a necessidade de expressarmos nossa visão artística de uma forma diferente e mais abrangente. O Edit Revenge não foi nossa primeira tentativa de fazer isso acontecer, já havíamos tentado criar um outro projeto, com outro conceito e com mais pessoas envolvidas, mas acabou não dando certo. Isso não nos desanimou e acabamos chegando no que o Edit Revenge é hoje. Existem muitos projetos audiovisuais no mercado, mas queríamos proporcionar algo diferente, uma experiência realmente completa, com vídeo e música atuando no mesmo plano, não somente como um complemento. Para isso sentimos que seria essencial uma estrutura cenográfica vinculada a nossa identidade visual, além do conteúdo de vídeo. Basicamente o processo do surgimento do projeto foi uma avalanche criativa de todos os envolvidos.

Recentemente vocês participaram do afterparty do Lollapalooza com o Disclosure, que tem se dedicado bastante à parte visual de seus shows. Qual a importância de aliar música eletrônica e efeitos visuais pra vocês? 
Wehbba:
 Achamos essencial. Foi inclusive uma das principais razões do surgimento do Edit Revenge. Tudo fica muito mais interessante quando você acessa sentidos diferentes, o visual e o auditivo juntos, interagindo… Além de marcar mais para o público e cria muito mais espaço para os artistas experimentarem coisas novas. 

Quem assina a direção visual?
Wehbba:
 A direção visual é da Sala28, dos nossos amigos Junior Carvalho e Rodrigo Machado. Eles têm a nossa mesma inquietação de buscar coisas inéditas, formas diferentes de reconstruir o que já existe, além de um talento absurdo. A parte visual do Edit Revenge é tão importante quanto a música, a ponto de termos criado uma versão pocket do nosso show para podermos nos apresentar em lugares que não comportam a nossa estrutura cenográfica completa, apra que a apresentação tenha sempre esse diferencial.

E a resposta do público nas apresentações ao vivo, tem sido positiva?
Junior C:
 A resposta do público tem sido muito positiva. É gratificante ver a reação das pessoas escutando as músicas e ao mesmo tempo ficando impressionadas com toda interação que acontece entre os vídeos e as fitas de LED da nossa estrutura de palco. Os edits despertam no público aquela sensação de você já ter ouvido aquele vocal, piano ou qualquer outro instrumento que tenhamos recortado de um clássico ou hit atual e reutilizado em nossos edits, enquanto toda programação visual do palco dá uma vida extra ao nosso live, criando assim uma interação intensa entre som, imagem e público.

Qual o maior desafio hoje em dia ao tentar juntar o underground e o mainstream? Se discute muito a presença do hip-hop na música pop. Vocês planejam experimentar com isso ou outras linguagens também?
Wehbba:
 Não acredito que seja um desafio ou até mesmo uma possibilidade, juntar o underground e o mainstream. Essencialmente eles são meios incompatíveis e atualmente extremos bem separados e de conceitos extremamente deturpados. Porém, explorar meios de se unir música de vanguarda ao pop, ao comum, isso sim representa um desafio e talvez o que mais impulsione a música em geral. A maneira de buscar essa fusão é uma das essências do nosso projeto. Quanto ao hip-hop, nós gostamos muito e já estamos usando muita coisa de R&B na nossa música, samples de gente mais oldschool como DJ Kool, House of Pain, Snoop Dogg e até coisas mais recentes como Outkast e Justin Timberlake, sempre buscando um contexto onde tudo o que usamos seja original, não simplesmente pegando carona em hits consagrados.

Como vocês escolhem esse repertório que fará parte do projeto?
Wehbba:
 Na mesa do bar (risos). Nós procuramos nos encontrar todas as quartas-feiras pra fazer um brainstorm dos samples e ideias que temos, e, quando nada bate, começamos a fazer um som de uma maneira mais descompromissada. A partir daí vem novas ideias e assim vai surgindo cada faixa a seu tempo. Nós criamos as músicas primeiro, mas montamos o nosso show totalmente aberto, pois executamos tudo realmente ao vivo, não ficamos presos nem a ordem e nem a estrutura original das músicas que criamos, e isso vale também pra equipe de vídeo. Todos ficam livres para criar ainda mais em cima do palco.

Vocês lançarão uma faixa a cada três meses. Elas farão parte de um EP, ou planejam um álbum completo?
Junior C: A cada 3 meses vamos liberar um edit para download gratuito na nossa fanpage do Facebook, mas os EPs vão ser apenas com músicas originais, não vamos fazer um EP com edits, a não ser que sejam de nossas músicas originais. Já temos um EP finalizado com duas músicas originais, mas ainda estamos esperando a resposta de alguns selos, por enquanto ainda não existe uma data de lançamento. Em agosto gravamos mais um EP com três músicas, dessa vez dentro do Red Bull Studios. Vamos convidar alguns músicos, novos e da velha guarda, para fazerem participações especiais em nossas músicas. Em breve rolam mais novidades sobre esse assunto!

Existem planos de vídeos ou clipes do Edit Revenge? 
Junior C:
 Cada música do nosso live tem um tema, vídeo e programação que interagem com toda nossa estrutura durante o show. Mas no que diz respeito a clipes, ainda não tempos planos.

Ultimamente vários artistas têm trabalhado com clipes interativos, como os do Pharell e Bob Dylan. O que vocês acham disso?
Junior C:
 Apesar de não termos conseguido ainda assistir todas as 24 horas de “Happy”, é muito legal a forma criativa como tudo foi planejado. No início parece um pouco assustador, 24 horas de clipe! Mas quando vc assiste os primeiros minutos consegue captar de primeira a mensagem e todo conceito por traz. O do Bob Dylan tambem é genial! O clipe interativo amplia mais ainda a criatividade na hora de produzir os videoclipes, além de aproximar o artista do público e sair um pouco daquela produção hollywoodiana da grande maioria.

Se o Edit Revenge fosse um filme, qual seria?
Junior C:
 De Volta para o Futuro

Para ficar ligado nos lançamentos, acompanhe os caras nas redes:
soundcloud.com/edit-revenge
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twitter.com/editrevenge
youtube.com/user/editrevenge