A história da música brasileira perdeu um sorriso negro nesta terça-feira (17). Morreu Dona Ivone Lara, a maior rainha do samba brasileiro. A grande dama foi levada por uma insuficiência cardiorrespiratória que a fez ficar internada na UTI da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, Zona Sul do Rio, desde a sexta-feira (13), data em que completou 96 anos.
O nascimento de Yvonne Lara da Costa, a primeira filha da costureira Erementina Bento da Silva e do violonista José da Silva Lara está sendo noticiada como se tivesse acontecido em 1921, mas segundo o jornalista Mauro Ferreira, a mãe aumentou oficialmente a idade da filha em um ano para permitir o seu ingresso em um colégio interno dez anos depois de seu nascimento.
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Formada em Enfermagem e Serviço Social, especializada em Terapia Ocupacional, dedicou parte de sua vida ao ofício. Dona Ivone Lara trabalhou por 30 anos em hospitais psiquiátricos e foi, ao lado de Nise da Silveira, foi uma importante voz na luta antimanicomial.
Ela se aposentou em 1977 e se jogou, de vez, nos braços de sua maior vocação: a música. Como ela mesma diz em versos. “Nasci pra sonhar e cantar”.
E um de seus sonhos ganhou proporção nacional na voz de Maria Bethânia. A veterana foi cantada ainda por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, entre outros tantos, mas não sem antes ter quebrado várias pedras e preconceitos por ser mulher no samba. Seu primeiro disco está distante 40 anos de sua primeira composição.
Implacável, o tempo já vinha cobrando da cantora e compositora, que apresentava um quadro de anemia e precisou recentemente receber doações de sangue.
Nesta terça-feira, Dona Ivone Lara será velada na quadra da Escola de Samba Império Serrano, em que compôs o samba “Nasci para sofrer”, que se tornou hino da agremiação. Escola em que desfilou na ala das baianas pela primeira vez em 1947 e escola em que se tornou a primeira mulher na ala dos compositores. Sua Escola.
Abaixo, dez sons para relembrar a longa e poética carreira musical da Dama do Samba.
“Sorriso negro”
“Lamento do negro”
“Tendência”
“Samba, minha raiz”
“Sonho meu”
“Mas quem disse que eu mereço”
“Nasci pra sonhar e cantar”
“Preá comeu”
“Se o caminho é meu”
“Tiê”
“Sambas de terreiro”
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