Saúde

Mais de 100 casos de coronavírus na Coreia do Sul foram ligados ao rolê noturno de um cara

Agora as autoridades estão freneticamente tentando rastrear 11 mil pessoas que podem ter sido expostas, e evitar uma segunda onda de infecções.
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Pessoas usando equipamento de proteção pulverizam desinfetante como precaução contra o novo coronavírus em Seul, Coreia do Sul, na terça-feira, 12 de maio de 2020. (Im Hwa-young/Yonhap via AP)

Parecia que tudo estava sob controle na Coreia do Sul. As infecções e mortes por coronavírus estavam caindo, e a economia do país estava lentamente reabrindo.

Aí, em 1º de maio, um homem de 29 anos visitou cinco bares e clubes em Itaewon, um dos distritos de vida noturna mais populares de Seul.

Quarta-feira passada, o homem deu positivo para coronavírus, e agora as autoridades estão freneticamente tentando rastrear 11 mil pessoas que podem ter sido expostas, numa tentativa desesperada de evitar uma segunda onda de infecções de COVID-19.

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Na quinta-feira o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (CCPDC) confirmou que já tinha identificado 102 infecções ligadas aos bares e clubes onde o homem esteve, mas está pedindo que qualquer pessoa que esteve na área na noite de 1º de maio ou madrugada de 2 de maio faça o teste.

As autoridades disseram que 73 dos casos tinham visitado a área de Itaewon naquela noite, enquanto outras 29 pessoas foram contaminadas através de contato com quem esteve na área. Ainda não há relatos de infecções terciárias.

O CCPDC disse que está investigando uma janela de tempo de 24 de abril, quando os negócios em Itaewon começaram a reabrir, até 2 de maio, quando os sintomas começaram a aparecer.

Oficiais municipais inicialmente tentaram rastrear as pessoas que visitaram os bares e clubes em questão usando os logs de entrada nos locais. Mas o método se tornou ineficaz porque alguns dos nomes dados eram falsos.

Uma razão para a informação falsa nos logs é que pelo menos um dos clubes visitados pelo homem era voltado para pessoas LGBT. Enquanto a atitude com relação a homossexualidade melhorou na Coreia do Sul nos últimos anos, o país ainda é altamente conservador e sentimento homofóbico ainda é comum

Na esteira da cobertura da mídia de que o homem visitou um clube gay, as pessoas lotaram as redes sociais com gírias anti-gay, culpando o homem e as outras pessoas no clube por colocar em perigo a luta do país contra a pandemia.

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Na terça-feira, a Anistia Internacional criticou a cobertura de alguns meios de comunicação sobre o incidente, dizendo que “despertar o ódio e marcar um certo grupo é o maior obstáculo para a prevenção eficaz de uma doença”.

Agora o governo coreano está oferecendo testes anônimos numa tentativa de garantir que aqueles que visitaram os clubes se apresentem.

Em fevereiro, a Coreia do Sul se tornou um dos primeiros países fora a China a relatar um pico significativo nas infecções, e através de uma abordagem ampla de rastreamento social e testes, o país conseguiu controlar sua taxa de infecções. Mas esse último pico nos casos mostra como é difícil controlar a propagação do vírus quando medidas de lockdown são removidas.

As autoridades em Seul agora estão usando outros métodos para rastrear possíveis infecções.

Usando dados de localização de operadoras de celular, o prefeito de Seul Park Won Soon disse que a cidade conseguiu uma lista de 10.905 visitantes da área. Os identificados receberam uma mensagem de texto em inglês e coreano pedindo que eles visitem uma instalação de testes.

A cidade também juntou informações de cartão de crédito de quase 500 pessoas que estiveram na área durante o período sob investigação.

As autoridades dizem que até agora, 7 mil pessoas entraram em contato e foram testadas.

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