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Esse pássaro foi extinto depois evoluiu pra existência de novo

Belogrli petlić​. Foto: Charles J Sharp

O Dryolimnas cuvieri de Aldabra, um pássaro que não voa e vive no atol de mesmo nome no Oceano Índico, não parece muito especial à primeira vista. Mas o passarinho tem do que se gabar, porque evoluiu para a existência duas vezes depois de ser extinto uns 136 mil anos atrás.

Segundo um estudo publicado na quarta-feira no Zoological Journal of the Linnean Society, o Dryolimnas cuvieri é um exemplo de um fenômeno raramente observado chamado evolução iterativa, onde a mesma linhagem ancestral produz ramificações paralelas em pontos diferentes do tempo. Isso significa que espécies quase idênticas podem aparecer em várias épocas de diferentes eras e locais, mesmo se interações passadas foram extintas.

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Fósseis do pássaro foram encontrados antes e depois que Aldabra submergiu num “evento de inundação” que ocorreu 136 mil anos atrás, disse o autor do estudo Julian Hume, paleontologista aviário do Museu de História Natural de Londres, e David Martill, paleobiólogo da Universidade de Portsmouth.

Essa elevação do nível do mar acabou com a primeira interação do Dryolimnas cuvieri, descendente de antepassados que voavam originários das Ilhas Seychelles e Madagascar. Incrivelmente, a mesma espécie ancestral parece ter recolonizado o atol depois que ele emergiu de novo dezenas de milhares de anos depois.

Os fósseis indicam que o novo Dryolimnas cuvieri evoluiu novamente para não voar com o tempo, já que a ausência de predadores em Aldabra tornou essa habilidade obsoleta. Por volta de 100 mil anos atrás, o processo de evolução já tinha produzido o mesmo pássaro que foi extinto dezenas de milhares de anos antes.

Evolução iterativa já foi observada em outros animais, como vacas-marinhas, amonites e tartarugas marinhas. Mas as duas espécies do pássaro de Aldabra, dos dois lados do dilúvio, representam um estudo de caso sem precedentes de evolução iterativa aviária, concluíram os autores.

“Não conhecemos outro exemplo em rallidae, ou em pássaros no geral, que demonstre esse fenômeno de maneira tão evidente”, Martill disse numa declaração. “Só em Aldabra, que tem o registro paleontológico mais antigo de qualquer ilha oceânica da região do Oceano Índico, há evidência fóssil que demonstra os efeitos de eventos de mudança dos níveis do mar em extinção e recolonização.”

Agora os oceanos estão subindo de novo, graças ao aquecimento global causado pelo homem, então o pássaro moderno de Aldabra pode encarar o mesmo destino de sua espécie irmão extinta. Mesmo se esse futuro sombrio estiver aguardando essa população, talvez uma terceira incarnação do pássaro acabe reaparecendo no atol distante.

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