Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.
Em 2016, o escultor norte-americano Joshua “Ginger” Monroe, criou estátuas de Donald Trump em tamanho real, totalmente nu – peles flácidas e micro-pénis incluídos – e instalou-as em cinco cidades dos Estados Unidos.
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Passados poucos dias, as obras de arte foram dizimadas – desfeitas, ou pintadas a spray, por pessoas que, simplesmente, não aguentavam a visão do corpo despido, redondo, avantajado, do então futuro presidente.
Agora, o artista avança para outra figura acusada de assédio sexual, ao construir uma estátua dourada de Harvey Weinstein, sentado num sofá de castings, debaixo do sol quente de Los Angeles. A obra está instalada a poucos quarteirões do Dolby Theatre, local que no domingo, 4 de Março, acolhe a cerimónia de entrega dos Óscares. No entanto, tendo em conta o que aconteceu ao anterior trabalho de Ginger, será um autêntico milagre que este Weinstein dourado chegue inteiro a domingo.
De acordo com o Hollywood Reporter, Ginger colaborou com Plastic Jesus, um street artist de Los Angeles, conhecido pelas críticas mordazes a Hollywood. A dupla vestiu Weinstein de pijama, roupão e chinelos, indumentária que se diz que o produtor gostava de usar quando, alegadamente, atacava e assediava sexualmente as suas vítimas, ao longo de vários anos. O magnata caído em desgraça segura ainda junto às virilhas um pequeno Óscar, o que, se nos lembrarmos das estátuas de Trump, dizem muito sobre o que o artista pensa sobre o potencial de Weinstein.
Há ainda um lugar no sofá onde os transeuntes se podem sentar e sacar uma selfie com o produtor, pelo menos até que alguém transforme tudo isto num monte de entulho. E, se tivermos em conta o que as pessoas estão dispostas a fazer ao verdadeiro Harvey Weinstein, não deveremos ter de esperar muito para que um californiano mais entusiasmado lhe acerte com um taco de beisebol na testa ou, melhor ainda, as suas acusadores se juntem e passem por lá antes da cerimónia dos Óscares para dar cabo dele e espalhar as suas cinzas de plástico dourado num arbusto qualquer.
Até que isso aconteça, Ginger garantiu ao Hollywood Reporter que espera que as pessoas possam retirar algum significado da escultura, ou pelo menos que se possam rir um bocado. “Poder derrubar o monstro, fazer troça dele e ridicularizá-lo, ajuda a retirar-lhe poder”, salienta o artista. E conclui: “É assim que derrubamos esta gente poderosa”. Bem, esta é uma forma, mas também podemos pensar em mais umas poucas.
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